sábado, 28 de março de 2015

NADAR CONTRA CORRENTEZA POR AMOR À NATUREZA E A CRIATURADA GRANDE



Cabocas netas e bisnetas de tapuias amazônicas prostituídas pela vida desigual, supostamente na labuta da profissão a mais antiga do mundo: imagem recorrente nos Estreitos de Breves, exibição social despudorada da criaturada pela perversa cultura de exploração dos ribeirinhos no espetacular apartheid herdado da escravidão dos índios na colonização das Ilhas. "Quem quiser que venha ver, cada um de cada vez... Não queremos nossos jacarés tropeçando em vocês" (sucesso musical da banda Mosaicos de Ravena).




Badalada celebridade da elite do urbanismo ecológico tupiniquim, nomeado ministro do Turismo durante governo de FHC, saiu-se com uma tirada digna de Maria Antonieta às vésperas da Queda da Bastilha e, por consequência, de lhe cortarem a cabeça na guilhotina: disse ela 'se o povo não tem pão para comer por que não come brioche?'. Em surto de delírio poético Rafael Grecca sentenciou: a pobreza é lírica... 

A pobreza é lírica talvez pra inglês ver. Mas aos pobres é tormento e tentação à revolta. Este tipo de turismo irresponsável é que mais me mete medo. Ele que abre portas e faz propaganda velada ou não do turismo sexual, move a roda da fortuna de grandes companhias transportadoras e cadeias hoteleiras. Em segundo lugar dos perigos desta vida sedutora vem o avassalador turismo de massa com seus coloridos rebanhos predadores conduzidos por guias super diplomados às vezes, mas que repetem besteiras tornadas pura história de papagaio de amassadeira de açaí de subúrbio. 

Em minha livre opinião diletante de militante do turismo, nunca fiz segredo que represento por vontade própria Quixote a remar contra maré desde quando me entendo por gente. Especialmente quando, por acaso, fui improvisado secretário municipal de meio ambiente, o primeiro na longa e esquecida história da terra natal de Dalcídio Jurandir. Cujas origens de perdem na noite do tempo dos povos originais da Amazônia. 

O que fiz eu no incrível cargo? Entre outras presepadas dignas de nosso copioso folclore, fui ver de perto pra contar de certo o ilustre senhor presidente da republica Fernando Henrique em solenidade da EMBRATUR para lançamento do programa dos municípios turísticos. Oportunidade na qual Ponta de Pedras foi aquinhoada pela primeira vez com título de "Potencial Turístico", corria o ano de 1996, se não me engano. O título junto a outros desenganos meus queimou no deliberado e mal esclarecido incêndio da prefeitura em 1999, nosso 11 de setembro... Após a aventura municipal, três anos depois fui ser chefe de gabinete e assessor institucional da companhia paraense de turismo, a PARATUR, hoje absorvida na secretaria estadual de turismo, SETUR. Somado o tempo de serviço prestado ao fomento do turismo no Pará vai perto de dez anos e eu, neste tempo, estou quase aprendendo alguma coisa noves fora outras encarregaturas do serviço público brasileiro nos três níveis da administração, inclusive no exterior. Me apresso a informar que já passei da idade funcional para que não pensei que estou me insinuando a emprego público ou privado.

Chega quase a ser unânime a opinião de que o ecoturismo poderia ser a vocação econômica natural do Marajó -- através de turismo de ilhas amazônicas -- dando ao arquipélago de mais de 2.500 ilhas no estuário do maior rio do mundo destino comparável a Costa Rica, por exemplo. Um turismo responsável, com cara e alma marajoara, enfim, poderia tirar do galho do pau o "jabuti" de 1989 (Artigo 13, VI, Parágrafo 2º da Constituição do Estado do Pará) para fazer dele passaporte à sétima reserva da biosfera brasileira.

Das 440 Reservas da Biosfera existentes no mundo, o Brasil possui apenas seis, uma em cada grande bioma brasileiro: Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Amazônia Central e o Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Abrangem 1.300.000 km2, cerca de 15% do território brasileiro, sendo mais de metade da soma de todas áreas da rede mundial de reservas da biosfera.

No caso do Brasil apresentar candidatura do Marajó à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)a população secularmente desvalida teria encontrado um grande aliado na luta pela erradicação da Pobreza conforme os Objetivos do Milênio, a partir de 2015 com novas metas quando se terminou mal e porcamente as metas anteriores dentre os piores IDH's dos municípios brasileiros

Diário flagra exploração sexual de meninas em Breves

>> Foto: Tarso Sarraf
Quando a comitiva de deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes desembarcar no município de Breves, na Ilha do Marajó, esta semana, irá encontrar muitas denúncias de crimes envolvendo a exploração sexual de crianças e adolescentes e pedofilia.

E não é só. Na cidade, é comum encontrar, na madrugada, crianças de 12 a 16 anos circulando pela cidade em situação de risco. O DIÁRIO esteve no município e flagrou dezenas de meninas e meninos menores de idade frequentando a orla da cidade, próximos a embarcações, bares e casas de shows, sempre após a meia-noite. O curioso é que eles circulavam livremente, sob os olhares de policiais e guardas municipais. Na orla de Breves, na rua Presidente Getúlio Vargas, local onde ficam atracados barcos, o movimento é frequente.

Várias jovens estão ali para fazer programas - é comum o entra-e-sai de embarcações. Muitas andam em grupo, ou acompanhadas de homens, geralmente maiores de idade, com roupas ousadas e sem se preocupar com as autoridades policiais, escassas na cidade.

Ressabiadas, elas evitam aproximação e pouco falam. “Elas sabem quando tem reportagem ou movimentação de autoridade na cidade”, afirma um morador ali próximo. “Não faço programa não. Tô só andando com elas”, diz uma delas, a passo acelerado. Elas também não dizem a idade. Na cidade pouco se fala sobre o assunto, mas moradores confirmam que nas áreas mais afastadas a incidência de exploração sexual e abuso de menores por parentes é grande, mas velada.

De acordo com o mesmo morador, crianças cobram de pescadores e donos de embarcações entre R$ 10,00 e R$ 15,00 por programa. Outras são agenciadas por mulheres ou homossexuais, que acompanham tudo à distância. Nos bares e casas de shows de Breves é comum encontrar adolescentes de 12 a 14 anos circulando livremente.

Às 2h, na avenida Rio Branco,um dos principais corredores da cidade, elas estão por toda parte. Namorando, conversando ou de moto, indiferentes a qualquer presença do poder público. Mas as maiores denúncias do bispo do Marajó, Dom Azcona, confirmadas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa, citam o trecho entre Portel e Breves, onde a exploração sexual e o tráfico humano são realidades.

Segundo as denúncias de Azcona, há rotas internacionais de tráfico humano e de drogas do Marajó até a Guiana Francesa e Suriname. Ele contou que as orlas de Breves e Portel estão tomadas por bares, boates e quartos de madeira, onde a exploração sexual infantil é praticada à luz do dia, inclusive sob os olhos de policiais. Adolescentes são aliciados em embarcações que seguem rumo ao Amapá.

Em Bagre, inclusive, ele denunciou que crianças de 10 anos fazem programas por R$ 3,00 nos barcos. Partes das denúncias do bispo foram confirmadas por um pescador, que não diz o nome Em Breves, a maioria dos casos de violência contra crianças e adolescentes é de estupro e abuso dos próprios pais, confirma a administração municipal.

“É mais difícil conscientizar, principalmente no interior do Estado”, diz Mônica Lima, assistente social da Secretaria Municipal de Assistência Social. “Existe ainda a mentalidade de que o pai ou parente não está fazendo mal às crianças e tudo é acobertado”.

Ela cita casos que chocaram até quem está acostumada ao problema. “Em 2006, uma menina ficou grávida aos dez anos e um menino de cinco anos ficou sem andar após ser abusado pelo padrasto”. As autoridades do município reconhecem o problema, mas dizem que pouco podem fazer por falta de estrutura. Segundo a assistente social, o problema só pode ser mudado a longo prazo.

“Infelizmente, é uma realidade não só de Breves, mas do Pará e do Marajó”, confirma ela, que diz receber muitas denúncias, mas não contabiliza quantas seriam. Mônica diz que a nova administração municipal já tomou iniciativas para ajudar a combater o problema. Segundo ela, foi implantado em Breves o Programa de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, co-financiado por governos estadual, federal e municipal. O serviço é oferecido através do Centro de Referência Especializado- Creas.

Além do Creas municipal, há dois meses foi implantado o Creas estadual, confirma a assistente social. “Breves foi escolhida por ter estrutura para receber esse trabalho. Nós temos equipes de psicólogos, assistentes sociais, educadores e temos ações de conscientização”.

O Creas é responsável por acolher e acompanhar essas crianças. “A maioria das denúncias vem dos conselhos tutelares e de demanda espontânea”, diz Mônica, lembrando que a prefeitura está capacitando professores municipais para identificar e denunciar abusos sexuais e crianças em risco. “Queremos que os professores identifiquem e discutam o problema”. por medo. Segundo ele, em vilas de ribeirinhos no rio Tajapuru, entre Breves e Melgaço, meninas entre 11 e 14 anos sobem em balsas que atravessam por ali, geralmente indo de Manaus para Macapá, sendo puxadas por cordas. Elas abordam as embarcações em canoas.

Dentro dos navios, elas fazem programas, ou seguem até Macapá, para retornar em seguida. Dentro das balsas o preço do programa varia e é fechado até por escambo: quando não por dinheiro, as meninas fazem o programa em troca de mercadorias, como comida e combustível. “Mas, tudo é escondido. É difícil pegar isso pelo rio”, alerta o pescador. (Diário do Pará).


IMAGENS QUE FALAM POR SI




 

quarta-feira, 25 de março de 2015

ECOPARQUE-MUSEU SACACAS DO MARAJÓ.


Igarapé Água Boa - Salvaterra, Marajó: sugestão para lugar de memória e área protegida.


Vamos ao ponto: alguém duvida que o turismo configura salvação da "lavoura" para a pobre ilha do Marajó? Desde os anos 70, com a criação da PARATUR, ouvem-se falar das grandes vantagens da "indústria sem chaminés". E, pouco a pouco, apesar de hesitações e desencontros o turismo vem despontando na pauta de "exportação" do Pará.  Curiosa atividade econômica onde o que se exporta é a imagem do produto de consumo local para geração de emprego e renda interna.

No entanto, devemos estar atentos a turismos e turismos... No singular, vendendo gato por lebre pode ser cavalo de Troia escondendo perigos que, cedo ou tarde, acabam por se mostrar matando a "galinha dos ovos de ouro"...  Nesta semana, matéria do jornal francês Le Figaro informa que há seis milhões de franceses que saem de férias todos os anos ao exterior. Quando eu falo deste jornal não posso esquecer da reportagem especial, com apoio da AMAM e PARATUR, que o jornalista Sebastien Lapaque fez em visita a Camará, lago Arari e Museu do Marajó que, por certo, abriu caminho à curiosidade de seus colegas na imprensa turística da França. Assim como turistas franceses, muitos alemães, escandinavos, canadenses, estadunidenses, japoneses e outros mais procuram o Brasil, mas em poucos dias depois de visitar pontos turísticos mais badalados e saciada a curiosidade vão estes turistas vendo tais sítios invadidos pelo turismo de massa. Então, reclamam eles produtos oferecendo calma e silêncio de paraíso que tanta falta faz a quem trabalha o ano inteiro em grandes metrópoles agitadas pela modernidade. 

Aí o Figaro recomenda poucos destinos com características de lugares "atrasados", porém com ares plenos de felicidade, dentre os quais nossa querida e sofrida Ilha do Marajó. O que, em princípio, me dá medo. Pois revela fratura exposta da contradição entre o progresso equivocado aspirado pela maior parte da elite no poder e de outro lado, não em menor erro certa "economia verde" com sua tentação de muros e cercas de loteamento do paraíso ecológico exclusivo para ricos, cada vez mais complicados e reprovados pelo próprio mercado. O que aumenta a tensão global e, não raro, em vez do sonhado case de sucesso acaba sendo caso de polícia. 

Que alternativas a gente poderia aventar para um turismo inteligente no "paraíso ecológico" chamado Ilha do Marajó? Eu não sei responder e duvido de quem diz saber... Acredito que ainda precisa ser inventado in loco com boa dose de racionalidade com pitadas de loucura. Neste invento necessário será preciso menos normas de gestão e mais modos de gestação. Resolvi escrever estas linhas depois que o navio alemão Bremen aportou, neste início de semana, com 380 visitantes no rio Paracauari, despertando a cobra grande que dormia no fundo do Caldeirão e provocou um toró de ideias e discussões. Umas felizes e outras não...

Aparentemente, o turismo marítimo e fluvial tem a vantagem do hóspede vir dentro de seu próprio hotel poupando a paisagem de aleijões chamados resort onde a população local só entra uniformizada como criadagem de casa-grande pela porta de serviço. Além do navio ser "ponte" esperta que aproxima terras e cidades distantes quanto a nau se integra ao avião, então, é casamento certo. O diabo é na partilha do apurado saber quanto fica com os "anfitriões", quantos e quem eles são; depois de tirada a parte do leão da indústria e comércio do turismo. Eu sempre disse, depois de ir a Martinica e Guadalupe em delegação do Pará assistida pelo Itamaraty e depois continuada a Barbados; "olhem o exemplo do turismo marítimo nas ilhas do Caribe"... Claro, com seus pros e contras. Há muito tempo cruzeiros marítimos acontecem em Belém e Manaus principalmente; mas uma solução doméstica poderia fomentar turismo típico de ilhas amazônicas. Como se fala de turismo na ilhas gregas.  Só que falar estas coisas pelas ilhas do Marajó é como falar grego em quinhentas e tantas comunidades locais, verdadeiras aldeias ribeirinhas; carece cuidado. Em duas mil e quinhentas ilhas, cada uma com sua gente e natureza, o turismo de ilhas amazônicas jamais poderá sofrer o pisão que até as ilhas Galápagos estão a sofrer. Soure tem assento na ABITUR como destino da Ilha do Marajó inteira: e já sabemos que a "ilha" são muitos Marajós que se estendem até o continente, em aldeias-comunidades, inclusive unidades de conservação como a floresta nacional Caxiuanã e a estação científica Ferreira Penna, que realmente é uma pena tenham sido fechadas ao ecoturismo.

Ou esta ingênua comparação é heresia aos cânones da civilização? Fui cúmplice ou parceiro na vinda de certas personalidades ao Marajó, como o ministro da cultura francês Jack Lang e o famoso autor do best seller "Ócio criativo" Domenico de Masi. Fui menos feliz, entretanto, ao tentar levar o catedrático da universidade de Roma La Sapienza Silvano Peluso a Breves a fim de falar do acordo de paz de Mapuá 1659, entre o Padre Antônio Vieira e os sete caciques Nheengaíbas. Domenico correu feito criança na praia do Pesqueiro dizendo ele que tudo que ali via poderia ser comparável à Grécia antiga. Conversei longamente com monsieur Lang na Pousada dos Guarás, primeiro em caminhada matinal na Praia Grande e depois retidos pela torrencial chuva que impediu a visita ao Museu do Marajó em Cachoeira do Arari. Uma assessora do casal Lang recorreu a pajé em foz do Camará para livrar-se de dor muscular crônica, segundo ela, para a qual não havia achado médico e remédio eficaz em França que a livrasse da enfermidade. Ela retornou radiante da humilde casa do pajé que não lhe cobrou para o passe de mágica que lhe "salvou a vida", dizia-me a senhora maravilhada. Imagino o que diria depois em Paris caso o estresse da civilização voltasse a lhe atormentar a vida... 

Sei que sou, assumidamente, Quixote e Lang depois de conseguir ligação telefônica, quase impossível, do hotel-fazenda Carmo-Camará ao rio de Janeiro numa articulação via satélite com Paris ao Rio de Janeiro para pedir a seu amigo então ministro Gilberto Gil carinho para a obra literária do romancista do Marajó; disse ele em reunião na UNAMA que sou eu um apaixonado por "minha" ilha natal, como se ela fosse para mim o centro do mundo. O que é verdadeiro. Digo estas coisas a poucos amigos, quase a me desculpar de tanta loucura na luta contra moinhos de vento. Tal qual, por exemplo, a Reserva da Biosfera do Marajó e o turismo literário em qualidade de formador do tipo de turismo que acredito ser bom à inclusão socioambiental da Criaturada grande de Dalcídio Jurandir.

Memória do índio sacaca Severino dos Santos: semente de ecomuseu em área cultural da futura reserva da biosfera onde a Viagem Philosophica começou e o "índio sutil" iniciou o ciclo literário Extremo Norte.


A exemplo do Museu do Marajó, inventado de "cacos de índio" em 1972 em Santa Cruz do Arari e transferido em 1981 para Cachoeira do Arari; toda história do povo marajoara é refeita de fragmentos descosidos, desde fins de janeiro de 1500, com a histórica passagem do navegador espanhol Vicente Pinzón pela ilha "Marinatambalo", da qual ele capturou e levou os 36 primeiros "negros da terra" (escravos indígenas) da América do Sul. Escassas e contraditórias fontes dão lugar a infinitas suposições que se, na verdade, são tormento dos historiadores de outra parte confabulam com os mitos da formidável paisagem cultural do maior arquipélago fluviomarinho do planeta. 

A primeira e mais importante reconstrução do passado do Homem marajoara é um feito tardio da arqueologia cultural com base em diversas pesquisas desde o achado do teso Pacoval, em 20 de novembro de 1756, por Florentino da Silveira Frade (cf. "Notícia Histórica" (1783), de Alexandre Rodrigues Ferreira). Com os "cacos" do tempo arqueológico à vista descobrimos vários nomes de uma "ilha" que, na verdade, são mais de 2.500 ilhas: Analau Yohynkaku dos bravos Aruãs (apud Ferreira Penna), Marinatambalo (Pinzón), Ilha dos Aruans, Ilha dos Nheengaíbas, Ilha Grande de Joanes, finalmente Marajó.

 O padre João Daniel, missionário jesuíta vítima da política iluminista de Pombal com seus confrades, autor do "Tesouro Descoberto no Máximo Amazonas", é considerado a primeira fonte biogeográfica da Amazônia tendo em suas memórias no cárcere de São Julião da Barra do Tejo (Portugal) deixado muitas notícias de interesse para história da gente marajoara. Como a primeira fonte biogeográfica da ilha do Marajó pode ter sido trabalho do fundador da freguesia de N.S. da Conceição da Cachoeira do rio Arari (1747), Florentino da Silveira Frade, contemporâneo de João Daniel, mas ao contrário deste último favorecido pela política colonial; como autor do relato anônimo "Notícia da Ilha Grande de Joannes dos rios e igarapés que tem na sua circumferencia", que transcrevi e comentei em meu ensaio, inédito,"Breve História da Amazônia Marajoara".

Florentino Frade, na qualidade de inspetor da ilha do Marajó, foi quem acompanhou o naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, célebre autor da "Viagem Philosophica" (1783-1792), em viagem ao Marajó começando pela vila de Monforte (elevada da aldeia de Joanes, em 1758; atual distrito de Joanes, no município de Salvaterra, criado em 1961, e de Soure antes desta última data). O sábio de Coimbra, na "Notícia Histórica da Ilha Grande de Joanes ou Marajó" (1783), recolheu longo relato do sargento-mor de Ordenança da vila de Monforte chamado Severino dos Santos, índio sacaca em torno de 70 anos de idade, sabendo ler e escrever em português; explicando que a vila fora anteriormente aldeia dos índios sacacas, chamada Joanes em português por corruptela da língua indígena dos Iona (na grafia de Alexandre Ferreira), que prefiro escrever Yona.

Severino dos Santos informa que de longa data os Aruãs obrigaram os povos mais antigos da ilha, como os Yona, a se deslocar dos centros da ilha grande para a Costa-Fronteira do Pará. Cita os nomes de Laranjeiras, Três Irmãos, Curuxis como antigas aldeias Yona abandonadas diante do inimigo Aruã. Em Joanes, dizia ele, em certas épocas do ano os inimigos desciam pelo igarapé Jubim para atacar os sacacas junto as praias.

Então, os parentes Caripuna amigos das duas partes em conflito, porém condoídos da triste situação dos Yona aconselharam a estes ir buscar ajuda com os portugueses no outro lado, margem direita do Pará. Assim foi feito. Já pelo rio Arari no ano de 1680 o português Francisco Rodrigues Pereira, no igarapé Mauá, havia levantado o primeiro curral de gado sob risco de ataque dos índios bravios, desertores e escravos fugidos. Ou seja, Aruãs e quilombolas... Desde 1665 a capitania hereditária da Ilha Grande de Joanes existia no papel e o capitão-mor preposto do donatário da ilha; a torto e direito dava sesmarias a homens bons. Porém estes não tomavam posse imediata de suas intituladas terras por medo da fereza dos ocupantes de fato, no caso Aruãs ali chegados através da costa norte desde 1300 ou 1400. Já no caso dos Yona a antiguidade de ocupação primitiva do território insular era maior, levando em conta o que dizia Severino dos Santos e pesquisas arqueológicas posteriores da fase Marajoara e, inclusive, no próprio sítio da velha aldeia de Joanes.

As praias de Joanes, na ilha do Marajó, em 1645 foram palco sangrento do massacre do padre Luiz Figueira e seus companheiros, náufragos da Baía do Sol arrastados numa jangada improvisada pela força da correnteza e do vento, onde índios insulanos os mataram, certamente por ódio aos cariuás (ibéricos em geral) acamaradados ao temido inimigo hereditário caraíba (antropófago) tupinambá. 

Depois deste desastre, do qual foram acusados os façanhudos Aruãs de sempre levando fama ademais de antropófagos, de que na verdade eles eram vítimas preferenciais por inveja da valentia que ostentavam, mas nunca foram assim como nenhuma outra etnia de grupo Aruak em todo circum-Caribe. Na crônica do Grão-Pará, mais odiados e temidos ficaram sendo os chamados "nheengaíbas" com fama de ferocidade inigualável, em especial os ditos Aruãs e seus parentes próximos Anajás, que habitavam tradicionalmente o rio que hoje lhes guarda o nome étnico nos centros da ilha grande.

Com sorte, um grupo Yona de contato atravessou a baia do Marajó e topou logo um parente apelidado João Sapatu, que fora capturado ainda jovem pelos Tupinambás, estes verdadeiros antropófagos conquistadores do rio das Amazonas, sem registro competente ainda hoje em nossa história oficial. Eram os guerreiros Tupinambás aliados aos portugueses por consequência da mítica Terra sem males e o costume da guerra como religião se tornaram na colonização meros caçadores de escravos comparecendo na crônica colonial como "índios cristãos", indispensáveis às Tropas de Resgate como guias, pilotos, remadores e arqueiros. 

O providencial João Sapatu, que nem José do Egito na história dos Hebreus; foi intérprete e embaixador do povo Yona junto ao forte do Presépio negociando acordo militar de urgência a fim de enfrentar a secular agressão dos Aruãs contra as mais velhas nações marajoaras em disputa de território. Para os portugueses, a demanda dos Yona abria uma brecha na resistência dos nheengaíbas na Costa-Fronteira, visto que nas Ilhas de dentro embora o forte de Gurupá (1623) e a pax de Mapuá (27/08/1659) tendo levado à fundação das estratégicas aldeias jesuíticas de Aricará (Melgaço) e Arucaru (Portel), enquanto os Furos de Breves constituíram simples corredor de passagem para canoas de Drogas do Sertão e Tropas de Resgate provindas do Rio Pará ao Baixo Amazonas acima, ida e volta, sem porto digno de nota.

Ali a necessidade fez o acaso. Assim os velhos Yona, segundo a história oral dessa gente na conspícua memória do sargento-mor Severino dos Santos; se já não fossem talvez seus antepassados os artistas afamados da cerâmica marajoara a mais reputada agora através de mais de dez grandes museus nacionais e estrangeiros; ficaram dali em diante súditos da coroa de Portugal, primeiramente, na mais ínfima condição humana que o sábio de Coimbra deplora na escravidão dos índios no Pesqueiro Real. Mas, em compensação, entraram também na "Notícia Histórica", vestibular da "Viagem Philosophica", graças a qual seus descendentes sacacas agora poderão pleitear ingresso na história natural e cultural brasileira.

Estes acontecimentos relatados por Severino Sacaca se passaram em torno de 1686, que foi o ano de construção da fortaleza da Barra em frente a Val de Cães e também da primeira sesmaria dos Jesuítas na ilha do Marajó, localizada às margens do rio Marajó-Açu, que deu nome a toda ilha (cf. fontes jesuíticas do século XVII, citadas por Serafim Leite in "História da Companhia de Jesus no Brasil", tomo IV). Foram três as sesmarias dos Jesuítas no rio Marajó-Açu, respectivamente, com as fazendas São Francisco, São Braz e Rosário. A primeira teve sede na fazenda São Francisco (depois Malato) em face da aldeia Murtigura (Vila do Conde), hoje fazenda-hotel São Francisco do Marajó. 

Esta sesmaria confinava pela costa-fronteira abaixo com a também sesmaria dos Mercedários, na ilha de Sant'Ana, separadas pelo Igarapé Puca (Rio da Fábrica). Nas terras da primeira sesmaria dos padres da Companhia de Jesus achava-se originalmente a aldeia dos "Guaianases" [Guaianá] -- índios citados pelo padre Antônio Vieira no encontro dos sete caciques Nheengaíbas no rio dos "Mapuaises" [Mapuá]; pelo autor anônimo da "Notícia da Ilha Grande de Joannes" e por Alexandre Ferreira na "Notícia Histórica" -- (elevada em Lugar de Vilar, com São Francisco por padroeiro, depois localidade de Pau Grande e finalmente agrovila Antônio Vieira). A meia légua desta aldeia costa acima os padres fundaram com índios trazidos de Murtigura a "Aldeia das Mangabeiras" (freguesia de N.S. da Conceição de Ponta de Pedras (1737), depois Lugar de Ponta de Pedras (1758), transferida em data não precisa para a margem esquerda do rio Marajó-Açu, onde esta a sede do município de Ponta de Pedras, emancipado em 30/04/1878). O nome Marajó tem origem tupi (marã, mau; e yu, povo), não se justificando, me parece, a tradução vulgarizada de "Mbarayo" (barreira do mar). De fato, o Mar está no lado oposto à foz do rio Marajó a mais de cem quilômetros de distância... O rio tomou nome do habitante da ilha: o Marajó ("homem malvado"), guerrilheiro de emboscada com zarabatana e mortais dardos envenenados de curare: começou, realmente, no Itaguari ("ponta de pedras", na língua geral amazônica) a fama da antiga rota de guerreiros Aruã vindos da Contracosta através do Arari e Marajó grande ao Caripi ("caminho do guerreiro), já em Barcarena para penetrar o rio de Guamá, nome emblemático que remete o Pará velho de guerra ao mar do Caribe. Por aí também o caminho do bandoleiro cacique Guamã dos Aruãs e Mexianas, que cerca de 1723, ainda em guerra contra o inimigo Tupinambá e os portugueses do Pará, assaltava as ilhargas de Belém para sequestrar índios escravos para tráfico com franceses nas Guianas e Antilhas. Daí em sua perseguição ao bandido (para os lusos) e herói (para os rebeldes indígenas) começou a história do café no Brasil furtado de Caiena...

Severino contou ao naturalista que os portugueses concederam escolta com armas de fogo até então desconhecidas na ilha do Marajó a fim de dar escarmento aos belicosos Aruãs que infernizavam a vida dos até então Yonas e dali em diante Sacacas, como já iremos ver... Todavia, antes de regressarem a Joanes exigiram os lusos contrapartida na qual os Yonas trabalhassem como mão de obra na construção da fortaleza da Barra (esta, no século XX, viria a ser transformada em paiol de munição e, em 1947, explodiu atingida por raio que a arrasou totalmente, sendo hoje uma coroa que aparece na baixamar em frente à pista do aeroporto de Val de Cães).

Ansiosos para levar socorro aos parentes na aldeia, trabalhavam animosos os Yona aos gritos de sakakun, sakakun... Que significa em português "depressa". Deste modo, chamaram atenção aos demais índios trabalhando na construção que sem lhes conhecer a língua passaram a lhes chamar de Sacacas. E por Sacacas ficaram conhecidos os antigos Yona até hoje no orgulho de seus descendentes e também pelo fato da palavra sacaca ter valor de pajé verdadeiro na crença do povo remetendo ao mundo encantado de lendas e mitos relativos ao lago Guajará onde os antigos pajés de "sete fôlegos" costumavam se iniciar.

Com as armas e os barões de Joanes assinalados em Água Boa os sacacas venceram a batalha final contra os aruãs.

 E lá estavam na aldeia de Joanes os recentemente chamados Sacacas com seus novos amigos lusitanos armados de aracabuxá (arcabuz) e munição bastante para dar uma histórica lição aos valentes Aruãs. Felizmente, a pressa e gritos de urgência sakakun, sakakun!... na faxina deram tempo para cortar o mal pela raiz.

A prodigiosa memória do velho sacaca, por força da história oral de sua gente contada e recontada por gerações desde o acontecimento no decorrer do ano de 1686, pouco mais ou menos, alcançava as últimas décadas do século XVIII. Por necessidade e acaso, o longevo povo Joanes [Yona] havia resistido há quatrocentos anos de invasão de seu território e destruição de sua cultura nativa -- seriam eles no glorioso passado os artistas afamados da fase arqueológica Marajoara? Os decadentes descendentes do homem do Pacoval? Então os pajés sacacas seriam herdeiros de segredos da antiga religião que brindou a arte mais antiga da cerâmica marajoara? --: dali em diante, todavia, teria que se preparar à nova fase de resistência e luta. Não mais contra a barbaridade dos usos e costumes do inimigo Aruã, mas contra a incompatível civilidade e suserania dos novos aliados portugueses que junto às armas dos barões da capitania traziam também para a Ilha Grande de Joanes o sarampo, o andaço da bexiga, a pata de bois e cavalos e acima de tudo o regime escravocrata que o sábio de Coimbra ainda viu na opressão dos índios de Joanes no cativeiro do Pesqueiro Real, em Soure. Sim, porque depois da batalha do Igarapé de Água Boa os confiantes portugueses não iriam se contentar apenas de fazer filhos com as índias e ouvir estórias ao pé da fogueira na velha aldeia de Joanes.

Foi assim que daquele vez em diante os belicosos aruãs perderam a parada. Como de costume eles desceram pelo Igarapé do Jubim abaixo deixando na canoa dois índios de espera. E logo estavam eles, mais uma vez, a levar pânicos aos joanes... Mas, espera! A surpresa foi enorme, agora longe de sair fugindo para se esconder com mulheres, velhos e crianças os já chamados orgulhosamente Sacacas partiram pra cima dos atacantes que até ali confiados de seus desatinos nem sonhavam com o que lhes aguardava na sofrida e humilhada Joanes de outrora.

Saíram pela retaguarda dos aruãs arcabuzeiros portugueses e mamelucos em viva fuzilaria que foi deveras um inesperado espanto aos agressores, de maneira a não lhes dar passo para retirada. Já sem ordem nem comando cuidaram os bravos aruãs de correr com quantas pernas tinham. E foi assim que se refugiaram no Igarapé Água Boa onde os sacacas desde ali animosos no combate ajudas pelas armas portuguesas se vingaram mortalmente de todas ofensas e agravos sofridas ao longo de gerações. 

Passada a refrega de Água Boa cuidaram de cair fora aqueles dois aruãs de espera no Igarapé Jubim para levar longe, de boca em boca, até a Contracosta e às ilhas de fora a história do fim da guerra com os Yona. Na aldeia de Joanes, com a nova paz estabelecida, começava também a nova "raça" dos cabocos e com a retirada dos índios bravios as fazendas cresciam. Então, a resistência marajoara dali em diante ficaria por conta e risco dos pajés primeiramente e depois dos contadores de estória em cuja lembrança do sacaca Severino dos Santos presto homenagem neste modesto relato.


Por um turismo com cara e alma marajoara

 Como dizem os chineses, crise é sinônimo de oportunidade. A crise que ora se apresenta em todo mundo, como não podia deixar de ser bate forte no Brasil emergente. A democracia voltou para ficar, e vai continuar a reduzir as desigualdades queiram ou não queiram os políticos. Nosso país como poucos outros na Terra tem tantas possibilidades e desafios proporcionais. 

O Marajó velho de guerra ainda tem muitas barreiras a superar, mas já encontrou rumo. O fato de figurar na mídia com ilha turística é, sem dúvidas, oportunidade para atrair investimentos nacionais e internacionais integrados com todo o delta-estuário do maior rio do mundo onde estão localizadas duas capitais de estados brasileiros amazônicos. Notícias recentes na imprensa são indicativos de tempos novos que se avizinham da promessa de novo paradigma de desenvolvimento regional no qual já não se admite mais o povo à margem da história a ver navios.


Escrito por Mauro Bonna   
Seg, 01 de Novembro de 2010 21:12
IPHONE 3G - COLUNA MAURO BONNA DE 22 MARÇO DE 2015.

Estácio-FAP no MercedáriosA SPU (Secretaria do Patrimônio da União) doou para o Estado o complexo dos Mercedários, o qual, por sua vez, conclui o trâmite para repassar por comodato o imóvel à Universidade Estácio. Esta, por meio da Estácio–FAP, ficará responsável pelo restauro do prédio em um investimento de 10 milhões de reais e pela manutenção. Em contrapartida instalará no local um campus, com salas de aula e laboratórios, para seu mix de cursos superiores e o Museu da Gastronomia Amazônica. A iniciativa de restauro e novo uso do complexo também tem a participação do Sesc e da Fundação Roberto Marinho, parceria que já mexeu no Pelourinho, em Salvador.

Alta gastronomia no Ver-o-Peso
A Estácio-FAP, em parceria com a Prefeitura, instalará os seus cursos de Gastronomia e Nutrição no Mercado Francisco Bolonha, popularmente conhecido como Mercado de Carne do Ver-o-Peso. A universidade assumiu a responsabilidade de revocacionar o imóvel para um centro de alta gastronomia.

Sesc decide adotar o Marajó. Amém!
O Sesc nacional, por iniciativa do presidente da Fecomércio-PA, Sebastião Campos, decidiu adotar o Marajó, e alocou verba para instalar em Salvaterra um parque temático de turismo e lazer anexo a um hotel- escola, onde também funcionará, em convênio com o Senac, um curso de gastronomia e formação de mão de obra especializada para o setor. As negociações estão em fase de conclusão, e o Sesc para tal fim deve adquirir a Pousada dos Guarás.

Apoio ao Parque de Belém
A decisão está sendo aguardada para breve. Por iniciativa de Nelson Chaves, membros da bancada federal paraense protocolaram junto ao Ministério da Defesa, em Brasília, o pedido de doação para o município da área da pista do Aeroclube onde será construído o Parque de Belém. Tudo indica que as atuais operações do Aeroclube e dos táxis aéreos sejam transferidas para Val-de-Cans.

Alemães invadem amanhã o Marajó
O cruzeiro “Bremen” jogará âncora amanhã, às 11h, ao largo de Soure, desembarcando 200 alemães na cidade ávidos para conhecer fazenda de búfalos, a praia do Pesqueiro, grupos folclóricos e feira de artesanato marajoara. Na terça, o navio aportará em Belém, para troca de passageiros que chegam e seguem de avião.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ILHAS TURÍSTICAS DO BRASIL - ABITUR

Reafirmando a sua vocação turística e de vanguarda na divulgação, promoção e valorização do turismo sustentável na Ilha do Mel, um paraíso no Litoral do Paraná, Paranaguá e a Ilha do Mel serão as anfitriãs da primeira Assembleia da Associação Brasileira das Ilhas Turísticas do Brasil (ABITUR). A entidade, liderada por Rafael Guttierres, presidente da FUMTUR (Fundação de Turismo de Paranaguá),  sediará o evento de 12 a 15 de março próximos. No dia 13, na Nova Brasília, Ilha do Mel, a reunião será no espaço de eventos da Pousada Grajagan Surf Resort, às 10:30, com primeira chamada e segunda chamada às 10:45.  Oportunidade em que os representantes das principais ilhas (marítimas e fluviais) estarão reunidos para confeccionar um documento com pauta de reivindicações que será encaminhado ao Ministério do Turismo.

APOIO DA PARANÁ TURISMO
No Governo estadual, o trabalho de Guttierres tanto na FUMTUR como na ABITUR é apoiado e bastante reconhecido pelo Presidente da Paraná Turismo, Jacó Gimennes, que segue a orientação do secretário de Esporte e do Turismo do Paraná, Douglas Fabrício, no sentido de priorizar as necessidades e apelos do Litoral do Paraná. “A Ilha do Mel é um dos nossos maiores ícones do Turismo. Todo a iniciativa que visa o seu fortalecimento  como destino e produto turístico de qualidade, tem e terá o incentivo e a parceria da Paraná Turismo”, afirmou Jacó Gimennes. Para Rafael Guttierres Junior, “o trabalho unido e organizado trará resultados nos projetos e reivindicações que levaremos, após a nossa primeira assembleia,  ao Ministro Vinicius Lages”, observou.


Fundação
A Associação Brasileira de Ilhas Turísticas (Abitur) foi oficialmente criada na abertura da World Travel Marketing Latin America (WTM) 2014, no evento internacional da indústria do turismo que foi realizado em São Paulo. A solenidade de fundação da associação contou com a presença do ministro Vinicius Lages e do prefeito de Paranaguá, Edison Kersten e deu a chancela oficial para criação da entidade. “A aceitação e a adesão a esta proposta encabeçada por Paranaguá e pela Ilha do Mel tem sido ótima. Temos certeza que ela irá ajudar a promover e fortalecer ainda mais o turismo nas regiões contempladas”, salientou o prefeito.

As primeiras ilhas a integrarem a nova associação são a Ilha do Mel, em Paranaguá, no Paraná; a Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco; Ilhabela, em São Paulo; Ilha Grande, no Rio de Janeiro e a Ilha do Marajó, no Pará. A entidade busca também um assento no Conselho Nacional de Turismo.

Ilha do Mel  entre as dez praias mais requisitadas no carnaval, segundo Guia Viagens Brasil
As praias da Ilha do Mel (PR) e de Jericoacoara (CE) foram os destinos litorâneos mais procurados pelos brasileiros  no último Carnaval. Os dados são do Guia Viagens Brasil, um dos maiores portais de turismo do País, que listou os dez litorais mais buscados no período.   
O ranking do Guia Viagens Brasil, que apurou o volume de procura de seus usuários e seguidores em praias brasileiras para o Carnaval, apontou que os destinos nordestinos comandam o top 10 com quase 60% das buscas. Além de Jericoacoara, que sozinha representa quase 30% da procura, integram a lista o Gales de Maragogi (AL), Praia do Francês (AL), Ilha do Mel  (PR), Ilha Bela (SP) e outras do Paraná e Espírito Santo.

As notícias acima são amostra de oportunidades que a comunidade de municípios turísticos do Marajó pode desfrutar, saindo de um período de pessimismo e competição negativa para um plano de ação integrado à política estadual de desenvolvimento socioambiental sustentável. A gente marajoara, então, deixará de ser coitadinha da rica região para fazer valer sua verdadeira cultura de 1800 anos, base da ecocilivilização do futuro que todo mundo sonha.

Já falei demais do Museu do Marajó como portal da Cultura Marajoara. Agora é preciso também que os mais municípios façam o levantamento de suas potencialidades seguindo o exemplo do museu do padre Giovanne Gallo inventando espaços de memória e desenvolvimento humano local de maneira cooperativa e integrada ao ponto de -- havendo a reserva da biosfera que todos desejamos -- se possa dizer também que esta há ver vista também como enorme ecomuseu do Homem marajoara e da Biosfera.

Com o concurso da UNESCO e o IPHAN reconhecendo a Arte Marajoara como patrimônio cultural imaterial nacional, não será mais absurda a ideia de repatriamento de cerâmica marajoara arqueológica concorrendo para melhoria do IDH da gente marajoara. A suposta ponte sobre o rio Paracauari será viável como as mais necessárias para promover a Costa do Sol onde outrora se chamava a Costa-Fronteira (Ponta de Pedras, Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure) e sua interligação com a Alça Viária atraves da, por mim chamada, Ponte dos Cabanos. Sim, tudo isto ainda é sonho, mas o sonho de muitos já se chama movimento.


Salvaterra é um município brasileiro, localizado na Ilha do Marajó, no estado do Pará. É considerado o principal ponto de entrada para a Ilha do Marajó, através do porto de Camará, localizado no extremo sul do município, na foz do rio Camará.
Localiza-se a uma latitude 00º45'12" sul e a uma longitude 48º31'00" oeste, estando a uma altitude de 5 metros. Sua população estimada em 2010 era de 20 183 habitantes. Possui uma área de 1.039 km²2 .
Salvaterra era, desde 1901, distrito de Soure. Foi apenas em 1961 que foi elevada à categoria de município, conhecida desde então como a Princesa do Marajó, apresentando hoje 20.183 habitantes. Situada a oeste do estado do Pará, esse belo recanto amazônico proporciona aos moradores e visitantes da região um espetáculo natural de suas praias de água doce, dos seus igarapés e de suas fazendas.
Pelos campos encharcados durante as pesadas águas do inverno, passeiam búfalos mansos e seus vaqueiros morenos.
Água Boa é uma praia escondida dentro de Salvaterra e Joanes fica a 17 km do município.
A Reserva Ecológica da Mata do Bacurizal e do Lago Caraparu é uma Unidade de Conservação administrada pela Prefeitura Municipal de Salvaterra, com objetivo de proteger os recursos naturais e desenvolver o ecoturismo.
O abacaxi cultivado na região é um dos mais doces do país, tirando daí o sustento dos moradores e a economia da região, fazendo com que o município seja um dos grandes produtores da fruta. A produção de abacaxi de Salvaterra já está ganhando o mundo.

História

Por volta do século XVIII, o município de Salvaterra foi colonizado pelos jesuitas, que construíram uma igreja na Vila de Joanes para a catequização dos indígenas . Até hoje ainda existem as ruínas desta igreja na vila. Com a fundação de uma casa jesuíta em 1626 , em Belém, foi possível a expansão missionária por diversas aldeias na região Amazônica.
Conta-se hoje que o nome da cidade foi criado quando ao explorar a ilha e ver seus encantos, os jesuitas gritaram: "Salve Terra".

Economia

O município de Salvaterra já teve como base da economia a pesca, o gado e o coco-da-baía. Atualmente, o principal produto produzido é o abacaxi , que inclusive já é beneficiado; a mandioca também possui boa participação na economia.

Pontos Turísticos

Praias

  • Praia Grande
  • Praia de Água Boa
  • Praia do Pescador
  • Praia Grande de Joanes
  • Praia de Jubim

Outros lugares

  • Praça Magalhães Barata
  • Praça das Comunicações
  • Praça Nossa Senhora da Conceição
  • Ruínas Históricas de Joanes
  • Beira-mar Georgete Couto
  • Museu Municipal

Verão

No verão, durante o mês de julho, Salvaterra fica lotada por famílias em busca de paz e tranquilidade e por jovens em busca de férias e diversão.
Durante todas as noites do mês, a Praça Magalhães Barata recebe shows de diversas bandas.
Um dos mais importantes eventos da cidade é o Bloco Ilha. É um bloco de "carnaval fora de época" que arrasta multidões com atrações regionais e nacionais.

Igarapés

Durante o inverno, que vai do fim de Dezembro ao fim de junho, os igarapés enchem. Estes, com águas tranquilas são durante a época muito visitados por turistas e moradores da cidade.
Os mais conhecidos são: Igarapé do Limão (localizado em Joanes), Igarapé da Ponta (próximo a vila de Boa-vista) e os Igarapés da vila de Passagem Grande.



ideia para Ecomuseo Parque Sacacas do Marajó 

Importância

Os parques temáticos se popularizaram no, tanto em países industrializados como em vias de desenvolvimento. São espaços que atraem a população, infantil e juvenil, com oportunidade de revitalizar espaços devastados ou em risco de devastação. Assim que  para criar consciência sobre temas desconhecidos ou esquecidos pela sociedade. 

No caso das cidades irmãs-siamesas de Soure e Salvaterra ligadas pelo rio Paracauari, em vez de brigar como Rômulo e Remo da lenda romana, muito tem a compartilhar no desenvolvimento de um turismo de partilha. Onde o turismo literário, a exemplo da festa literária de Paraty. poderia se concentrar entre as duas cidades e se estender até Cachoeira do Arari e Ponta de Pedras relembrando a experiência de 2002, do Colóquio Dalcídio Jurandir - 6o anos de Chove nos campos de Cachoeira.

Como se sabe, Dalcídio Jurandir começou sua obra literária em Salvaterra, 1939, onde ele escreveu o romance seminal "Chove nos campos de Cachoeira" e "Marinatambalo" (Marajó). Este é visto pela crítica como primeiro romance sociológico brasileiro e fonte para antropologia do Marajo. Contribuição à ecologia e à linguística amazônica estão presentes na obra, de maneira que um parque temático e hotel-escola em Salvaterra servindo ao turismo de ilhas amazônicas teria enorme importância importância para educação patrimonial e o desenvolvimento sustentável da já chamada Amazônia Marajoara como um todo.

P. S. = Depois da partida do navio de turismo "Bremen" veio a baila na rede a sempre lembrada integração turística da Ilha do Marajó com a cidade de Belém (donde nossa provocação de Ponte dos Cabanos entre Alça Viária / Barcarena e Ponta de Pedras, rodovia Costa do Sol interligando Ponta de Pedras, Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure; finalizada com a Ponte do Paracauari). Não se pode dizer que isto é sonhar demais, se a gente quer de verdade ver o Turismo rebocar o IDH da criaturada para alto curso. Mas, então, a velha estória do aningal que virou mangal por passe de mágica de gabinete...

E aí e aí, que se podia desempatar a peleja dando nome de PARQUE JOSÉ MÁRCIO AYRES ao aningal. E do falso mangal do antigo Bagé não se falaria mais, para dar lugar a Soure-Salvaterra com seu verdadeiro mangal garças, guarás e outras aves aquáticas desde a Ponta do Maguari até o velho farol Itaguari, na boca do Marajó-Açu. Pode ser?


ECOPARQUE MANGAL DOS GUARÁS
 

vista aérea de Salvaterra de Magos (Portugal), cidade homônima de Salvaterra (Pará, Brasil).

terça-feira, 17 de março de 2015

José Varella fala sobre utopias de José Varella


Em 2007, pátio do Conjunto Mercedários em Belém do Pará, a jornalista francesa Ombline de La Grandière entrevista-me a respeito da "Criaturada grande de Dalcídio" (populações tradicionais ribeirinhas) no contexto do desenvolvimento da Amazônia. No momento, estava eu voluntário pelo GRUPO EM DEFESA DO MARAJÓ (GDM) e MUSEU DO MARAJÓ para organização de força-tarefa de abordagem, identificação e registro de famílias ribeirinhas do Marajó a ser atendidas pelo Projeto Nossa Várzea de Regularização Fundiária, coordenado na Superintendência Regional do Patrimônio da União pelo saudoso Neuton Miranda, fiel amigo da Criaturada. Por feliz coincidência, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Governadora Ana Júlia Carepa vinham de lançar, em Breves, o Plano Marajó onde o Nossa Várzea se insere: nunca dantes neste país acontecera, no velho Marajó de 1800 anos de cultura amazônica complexa, um ato histórico como aquele de 2007 na terra nheengaída do cacique Piié Mapuá. Todavia, falta ainda tomar consciência dos fatos e celebrar pequenos passos de avanço na longa estrada da História do bravo povo marajoara.


ILHAS, CONTINENTES E PONTES DE SONHO.


Quem conhece a modéstia de meus recursos e minha falta de ambição pessoal, deve achar absurdo -- sabendo ademais das históricas carências e o mísero IDH da gente marajoara --, me ouvir falar sobre ideias quixotescas e mirabolantes projetos. Como, por exemplo, construção de ponte faraônica sobre a baía do Marajó entre Barcarena e Ponta de Pedras para viabilizar mercado turístico comparável a Costa Rica. E sobre o rio Paracauari, integrada à primeira numa via a ser batizada de Costa do Sol relembrando a antiga Costa-Fronteira do Pará, unificando as cidades gêmeas de Salvaterra e Soure num único espaço urbano mediante fusão dos dois municípios. 

Redivisão territorial de municípios, onde se poderia ter razoavelmente até 30 cidades turísticas somadas a mais de 500 comunidades em 2500 ilhas e vasta porção continental em três microrregiões. Superfície comparável ao tamanho de Portugal com uma população equivalente a do vizinho país amazônico Suriname. Sem falar do potencial para perenização do lago Arari e revitalização do curso Anajás-Arari numa extensa ecovia integradas a Belém-Macapá-Caiena que a ponte do Oiapoque favorece numa nova geografia de sonho ecoturístico no delta-estuário do maior rio da Terra, antigo paraíso cobiçado da mítica Terra sem males (Araquiçaua, "o lugar onde o sol ata rede para dormir"). 

Ora, a supracitada entrevista com Ombline de La Grandière versou, sobretudo, sobre paisagens visionárias tais como "l'avenir de la capitale du Pará", vaticinado por Henri Coudreau e a expressão geográfica de Belém por Eidorfe Moreira, configurando o mapa imaginário de um turismo fluvial e marítimo que faz a felicidade de viajantes do mundo: exemplo das travessias oceânicas do "Rally Îles du Soleil", que todos anos vem da Europa com escalas na costa da África ocidental, ilhas do Atlântico, Nordeste brasileiro para subir o Amazonas e Tapajós, com entrada em Soure e Salvaterra, passagem em Belém, São Sebastião da Boa Vista, Breves e partida em Afuá rumo a Guiana e Antilhas... Que se poderia fazer em parceria, por exemplo, com a "Fondation Belem" (mantenedora do veleiro-escola "Belem") e a associação de veleiros sediada em Nantes, que até hoje não foi pensada a fim de beneficiar, realmente, comunidades ribeirinhas vistas pelas beiras do rio no espetáculo "lírico" da pobreza, no lamentável dizer de um ex-ministro brasileiro de turismo?

Claro que, em princípio, nossas "pontes" imaginárias são tão-somente provocações virtuais a fim de mostrar a pobreza de espírito a respeito de um tesouro natural e cultural extraordinário: o maior arquipélago fluviomarinho do planeta, à foz do maior rio do mundo. Quando, há poucos dias apenas, o governo paraense ameaçava construir presídio estadual na terra quilombola do Caldeirão, à margem direita do dito rio cheio de lendas, mistérios e curiosidades que fazem dele atrativo turístico ímpar do polo turístico Marajó. Os promotores da infeliz ideia do presídio do Caldeirão deslembraram-se ou não sabiam mesmo da Constituinte estadual de 1989, quando o deputado Agostinho Linhares introduziu célebre "jabuti" (§ 2º, VI, Art. 13 da Carta Magna) para repelir construção de presídio de segurança máxima na ilha do Marajó.

A reação política do Governo do Estado do Pará, no início da redemocratização do país, frente ao neocolonialismo interno que sempre imperou na Amazônia traída no episódio de 15 de agosto de 1823 e dilacerada na tragédia do brigue Palhaço até a guerra-civil chamada a Cabanagem (1835-1840); felizmente fez abortar o monstrengo federal tramado entre políticos cariocas para se livrar da bandidagem de alta periculosidade; sem perceber que iria transformar um paraíso ecológico na foz do maior rio do mundo, numa versão tupiniquim, talvez, de "Ilha do Diabo" à brasileira.

A emenda Linhares, todavia, atirou no que viu e acertou no que não viu: graças à grave problemática carcerária do Rio de Janeiro, nascia nas ilhas do Marajó esboço da primeira APA amazônica e, desta maneira, à guisa de justificativa, vislumbrava-se o turismo (sem lhe dizer o nome) como vocação econômica e oportunidade de melhoria de vida da gente marajoara. 

E já se foram 26 anos de uma APA que não ata nem desata. Dizem, entretanto, que agora a coisa vai melhorar num melhor diálogo federativo na área socioambiental no delta-estuário amazônico e bioma do Golfão marajoara... Logo após passagem de território federal a estado do Amapá, como mágico que tira coelho da cartola, o deputado federal Antônio Feijão, do novo estado, queria criar "reserva da biosfera" no Marajó, a ver se estancava migração de cabocos marajoaras ao novo estado atraídos pela "zona franca" Macapá-Santana. Assim a seco, sem falar com os supostos interessados; de saída a iniciativa do deputado foi a pique diante de reação negativa das principais cabeças do meio ambiente parauara. 

Já o sonho da ZPE do Amapá também fazia água e a massa de desempregados ia atravessar a fronteira do Oiapoque para tentar a vida na Guiana francesa e Suriname. Em Caiena passei cinco anos (1985-1990). Quando retornei estava decidido a colaborar para atenuar ao máximo possível aquela migração de "refugiados econômicos" até hoje. O sonho compartilhado com vários, lá e cá; era de uma cooperação de vizinhança regional onde a ponte do Oiapoque andava bem distante e agora que ela está lá como monumento histórico da indiferença do antigo Contestado do Amapá; talvez queira nos dizer alguma coisa que nem Brasília ou Paris queriam saber sobre impactos da construção da base espacial de Kuru e repatriamento massivo de brasileiros de Caiena na década de 1970, anos do milagre econômico. 

Então a gente fica, assim, no mato sem cachorro e não é por falta de oportunidades. Então, em consequência dessas quixotadas o amigo Adenauer Góes me convocou a ser seu chefe da gabinete na PARATUR e eu fui ficando, até inventar assessoria de relações institucionais nunca dantes naquela companhia, recentemente extinta. Eu me aposentei do serviço exterior no dia de aniversário da queda da Bastilha de 1998. Havia começado, por acaso, a missão consular em Caiena em 13 de maio de 1985... Em setembro de 1990 voltei ao serviço de fronteiras. Na nova experiência do turismo, a partir de 1999, eu estava meio assim como peixe fora d'água e certas horas estranho no ninho entre profissionais e servidores da companhia. Mas, de qualquer modo, sempre focado no Marajó em minha qualidade de ex-futuro economista, sabendo da importância deste importante ramo da nova economia para levantar regiões periféricas e decadentes. Pena quando a gente é uma andorinha só querendo fazer verão... E não vou falar mais da enorme frustração da "Fundação Dalcídio Jurandir (FunDAL)" junto à experiência mal fadada de secretário municipal de meio ambiente, Projeto de Execução Descentralizada PED-Guaianá, no meu querido município natal de Ponta de Pedras, cedido sem ônus pelo Ministério das Relações Exteriores... Cada tópico destes daria um capítulo de folhetim, tipo assim, memórias de um sargento de milícias; valendo para servidor público na era dos blogues...

E a gente não queria deixar acontecer um desastre ecológico chamado "hidrovia do Marajó", pior que o desastre turístico anunciado com o projeto de presidio em Salvaterra. Foi assim que a APA-Marajó foi desenterrada do arquivo das traças da ALEPA (apelido sem graça da Assembleia Legislativa), então a APA teve seu dia de mingau na pauta de discussão a fim de contemplar projeto de criação de uma reserva da biosfera... 

O consultor Francisco Lacerda, entre outras tarefas, ficou incumbido de prestar informações sobre a Reserva da Biosfera do Pantanal a grupo de fazendeiros na Associação de Municípios do Marajó (AMAM). De modo que, quando houve a reunião regional preparatória, em Muaná, 08/10/2003, à I Conferência Estadual/Nacional de Meio Ambiente já a sociedade civil local havia chegado a consenso sobre assinatura de moção pedindo criação da Reserva da Biosfera do Marajó: assinaram entre outros presentes, representantes das AMAM, Diocese de Ponta de Pedras, GDM (grupo em defesa do Marajó), CEMEM (cooperativa ecológica de mulheres extrativistas do Marajó), FDLIS (fórum de desenvolvimento local integrado sustentável), Ong CAMPA, GEDEBAM (grupo de estudo de desenvolvimento do Baixo Amazonas)... Mas, entre Muaná e Belém a carta sumiu durante, paresque, a travessia da baia... Sabem como é árdua a eterna batalha entre forças ocultas da maldade e caruanas guerreiros... Edna Marajoara, representante da CEMEM, liderou rápida reação de adesão coletando mil e tantas assinaturas de presentes à I Conferência Estadual de Meio Ambiente, em Belém, reescrevendo-se a moção para criar a reserva da biosfera do Marajó. 

Em novembro, em Brasília, foi outra barreira a ser vencida na Conferência Nacional novamente os propositores da reserva precisaram reagir a tentativas de nos tirar da pista e má vontade da mesa para desestimular a proposta. E, no entanto, autoridades do MaB/UNESCO receberam com interesse o pedido de Muaná. Mas, já se vão 12 anos e o dever de casa, pelo Governo estadual, para formalizar a candidatura à Comissão Brasileira (COBRAMAB) resta por terminar. Por que será que não se tira do galho do pau o jabuti da APA, nem se acelera o passo de cágado da Reserva da Biosfera? O prêmio de "desenvolvimento regional sustentável" dr. Kandir a quem acertar a resposta.

Já com apoio do Consulado do Brasil em Caiena (atual consulado-Geral), as respectivas associações municipais do Marajó e da Guiana francesa trocaram visitas de delegações de prefeitos e vereadores exploratórias de potencial de cooperação regional. Coube a Guiana a iniciativa visitando Belém, Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari. Nessa ocasião, em Soure o falecido coordenador do campus da Universidade Federal do Pará, professor Ricardo Barros, apresentou à delegação guianense projeto de construção de barco-escola e discorreu longamente sobre a pobreza das populações ribeirinhas. Em resposta, o prefeito de Sinnamary e governador departamental Elie Castor, surpreendeu os presentes ao dizer ver muitas riquezas onde só se falava em pobreza. Ele havia razão. Mas, o diabo, depois que esta cooperação também foi para o espaço, continua sendo como sair do rico potencial para efetivo desenvolvimento humano e socioambiental de verdade.

Em reciprocidade, organizamos delegação de prefeitos, vereadores e intelectuais entre estes o diretor e criador do Museu do Marajó, padre Giovanni Gallo, acompanhados do grupos de expressão folclórica Nuaruaques. Um convite ao padre Gallo para ser consultor de projeto de criação do museu de Sinnamary foi manifestado. Então, a imagem ruim dos imigrantes brasileiros na Guiana francesa começava a ser mudada no prosseguimento de iniciativa da municipalidade de Caiena, através do diretor cultural Robert Marigard, com o Festival de Caiena. 

Eis em rápidas pinceladas antecedentes de meus sonhos visionários para ajudar a valorizar a Criaturada grande de Dalcídio. Dentre sonhos impossíveis de Quixote assumido a ideia, irritante a tanta gente, de federalizar o Museu do Marajó integrado à futura Universidade Federal do Marajó para firmar parceria estratégica com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 

Já a Área de Proteção Ambiental de que trata a Constituição do Estado do Pará em seu Artigo 13, VI, § 2º; reconhecida internacionalmente como Reserva da Biosfera Marajó-Amazônia; fazendo parte do Programa "O Homem e a Biosfera" (MaB, na sigla em inglês); a fim de intercâmbio com museus estrangeiros detendo posse de coleções de cerâmica marajoara pré-colombiana e, enfim, repatriação das mesmas. Mas, se nem o primeiro passo dessa estrada da mil léguas a gente consegue dar!


É público e notório que, para mim, o centro do mundo é a ilha do Marajó. Mas eu não sabia, assim como a esmagadora maioria de meus sumanos não sabe. Descobri esse Marajó-centro do mundo, por acaso, na procura em saber quem inventou o mundo. É claro que o principal "culpado" dessa procura foi um tal de Dalcídio Jurandir... Para contar a história precisei inventar um certo José Varella, seu criado; por minha própria conta e risco. 

Eu queria ser romancista, mas devia, então, escrever autobiografia. Porém ainda não é agora e nem sei se mais tarde terei a merecendência. Assim, tal qual o Sargento de Milícias do romancista Manuel Antônio de Almeida; vou eu fazendo "folhetim" para contar a memória dos outros que, certamente, fazem parte de minha vida. Desde antigos parentes "nheengaíbas" predecessores, por certo, da Criaturada grande de Dalcídio. Já escrevi três ensaios, dois publicados e um por publicar ("Novissima viagem filosófica" (1999), "Amazônia latina e a terra sem mal" (2002) e "Breve história da Amazônia Marajoara", ainda inédito), por ora estou elaborando texto para e-book e já publiquei um sem número de artigos para jornal impresso, internet e alguns blogues. Nada mal para caboquinho sem eira nem beira, nascido na Santa Casa de Misericórdia do Pará, Belém (30/10/1937) e que deu primeiros passos no Fim do Mundo (bairrozinho da vila de Itaguari, Ponta de Pedras-Pará), à margem esquerda do rio Marajó-Açu.

Vão me desculpando qualquer coisa. Agora, como diz o sumano marreteiro, só pago encomenda depois do apurado. Ou, na filosofia do índio condenado no tribunal da Inquisição na Bahia citado por Ronaldo Vainfas, no imperdível "A heresia dos índios"; estou acreditando que "Deus criou o homem para dormir e sonhar".

ponte estaiada sobre o rio Guamá - Alça Viária Belém-Barcarena:
por que não a "Ponte dos Cabanos" interligando a ilha do Marajó?


Ponte dos Cabanos

Chamem os chineses!
Engenheiros da maior ponte do mundo sobre o mar
Aqui no rio-mar eles irão tirar de letra doze quilômetros
Que farão a maior ponte fluvial do mundo
Em pleno portal da Amazônia verdeazul
Sobre a baía do Marajó entre Barcarena e o Itaguari
Já dizia minha avó que antigamente
Tempo da vela de miriti
O sacrifício destas gentes das ilhas Pará-Amazonas
Era tanto que o viajante carecia rezar ladainha
Dias antes da viagem e ir de casa em casa
se despedir dos parentes e aderentes
Pois podia calhar dele nunca mais voltar.

Chamem os chineses!
O problema desta gente das ilhas filhas da pororoca
É que estamos cansados de ficar na beira a ver navios
Pra China, Noruega, Estados Unidos, Eurozonas
Morrer de inveja e doutras causas naturais e anormais
Saber de tudo hoje em dia que faz indústria lá fora
Com a matéria-prima que foi embora
E quando acaba para o povo das águas não sobra nada,
Só querem o nosso minério, como diz a canção.

Chamem os chineses!
Vencedores do atraso social que estão com todo gás e petróleo
De Áfricas e outras periferias: parceira vanguardeira do Brasil, Rússia,
Índia e África do Sul na locomotiva chamada BRICS
Basta de ser besta a comprarzinho 1,99 em cada esquina
O povo trabalhador quer trens modernos em troca de ferro,
Alumínio e, sobretudo, energia elétrica extraída dos rios
Que vai embutida aos produtos com a mais valia de nosso labor.

Chamem os chineses!
Japoneses, coreanos, os russos e mais europeus,
Todos os gringos com seus cabedais...
‘Mas porém’ não se esqueçam por favor
Que a “ponte dos cabanos” sumanos existe invisível deste quando
O índio conquistador do rio das amazonas seguia o rastro do Sol
A buscar um país encantado
Onde não há fome, trabalho escravo, doença, velhice e morte
Norte constante duma história amazônica oculta à margem da História
Utopia tropical à meia maré de distância entre o paraíso selvagem
E o inferno verde colonial; a um passo da revolução
Como prova o “Bon Sauvage” de Montaigne e Rousseau
Com as lembranças da embaixada da Nação Tupinambá em França.

Na outra margem da saga dos Tupinambás
Vejam só, o bravo povo do Marajó
Há 1000 anos fazia planos de conquista do país do Arapari:
América do Cruzeiro do Sul...
Aqui os extremos Oriente e Ocidente se encontram na curvatura da Terra
As grandes águas do Rio e do Mar se misturam e dispartem ao Norte e Sul.
Por esta sagrada razão das antigas navegações
Os ancentrais de provectas migrações
Tempos do cacique Anakajury atravessaram do Caribe às Guianas
Ponte lendária entre a ilha de Trinidad e as bocas do Orinoco
Fundação da Parikuria na baía do Oyapoc ao Cabo do Norte
De lá pra cá numa universidade pés descalços
Arquitetaram aldeias suspensas e pontes sobre o espaço vazio
Até chegar ao Caripi (caminho do guerreiro)
E ao canal do Caraipijó (Carnapijó) junto à ilha Trambioca
A caminho do rio de Guayamã (Guamá).
Caminhos de rios e mares, travessias e pontes...
Tá ligado, sumano?

   José Varella, Belém-PA (1937)


A LÁBIA DO PADRE GRANDE E O ERRO DOS PAJÉS

Eu me acomodo mal a rótulos e clichês. Todavia, como na sociedade de classes a gente carece se situar e saber com quem está falando; considero-me em geral ignorante sem preconceitos no time pequeno dos chamados agnósticos e no campo das artes e ofícios acredito ser humilde repórter com fronteiras. Aliás, repórter de fronteiras, notadamente fronteiras socioculturais. Dessas tais tipo mundos paralelos coabitando o mesmo espaço e tempo. Muitos amigos meus ficam desnorteados com minha estúrdia conversa fora de escantilhão, começando no Ver O Peso e já estamos em Montevidéu, mais rápido que o Diabo pisca um olho me lembro da lenda de Cucuí, no Rio Negro, e quando acaba já estou de volta ao país natal: o Fim do Mundo, antigamente, Itaguari. O que dá pra rir, dá pra chorar... Porém aprendi por acaso com o filósofo Espinoza para não rir nem chorar, mas compreender.

Em 2002, em Belém do Pará, lancei a bordo do navio-veleiro francês "Belém" meu livrinho utópico como o próprio mito tupi que me animou a escrevê-lo, "Amazônia latina e a terra sem mal" a reboque dessa história transcontinental. Com ele em mão, fiz escambo no Teatro Margarida Schiwazappa de autógrafos com o extraordinário Edgar Morin, que professa crença no deus de Espinoza e compartilha com ele o complexo estigma marrano (judeu renegado), como muitos cristão-novos em Portugal e Brasil. 

Como se sabe, Baruch de Espinoza foi filósofo holandês de ascendência portuguesa excomungado pela comunidade judaica de Amsterdã: o que me lembra Menassé ben Israel, rabino da comunidade judaico-portuguesa de Amesterdã, nascido Manuel Soeiro na Ilha da Madeira; amigo e confidente de Vieira, causador involuntário da condenação do payaçu dos índios por "heresia judaizante", implícita na utopia evangelizadora do Quinto Império do Mundo exposta, preliminarmente, na "História do Futuro" e finalmente na obra póstuma do Padre Antônio Vieira "O Reino de Jesus Cristo consumado na terra"... Para alguns, teologia da libertação avant la lettre e os conselheiros do papa Francisco, talvez, precisem ler ou reler agora.

Agora, em vésperas dos 400 anos de Belém no ano que vem, vão chegar novamente os veleiros oceânicos da corrida marítima das Ilhas do Sol. De diversas partes do mundo, vão se reunir na ilha da Madeira e talvez saibam muito bem que naquela ilha está muito segredo ainda dos descobrimentos marítimos. Mas não sabem de um certo Duarte Pacheco Pereira,a fundear a caravela na Ilha do Sol ou dos Tupinambás, que recebeu nome de Colares, durante o diretório do Marquês de Pombal...

Tal qual caixeiro viajante do turismo paraense, acompanhando o amigo Adenauer Góes, padrinho da impressão gráfica e lançamento dos meus dois ensaios publicados, embarquei em 2004 rumo a Holanda e França com o tal livrinho na bagagem. Era dia de aniversário de nascimento de Dalcídio Jurandir, pensava num turismo literário capaz de configurar atrativo turistico amazônico para estratégia de marquetingue da Feira Internacional de Turismo da Amazônia (FITA). No aeroporto lembrava-me das primeiras páginas de "Chove nos campos de Cachoeira", Alfredo cansado de vagar pelos campos queimados em busca do caroço de tucumã mágico... Cair em si sobre a realidade étnica e social da ilha e imaginar os verdes prados da Holanda...

Quando desembarcamos em Amsterdã e se ofereceu a chance, a primeira coisa que fizemos foi correr a ver um velho moinho de vento aberto à visitação. Mas os verdes campos dormiam o sono da terra à espera da primavera ainda longe... Eu acho que construtores de diques e canais nos Países Baixos gostariam de ver como os antigos marajoaras, pelo século V, sem máquinas nem curso de engenharia fizeram, também eles, grandes aterros a que chamamos tesos para edificar aldeia e horto suspensos, barragens e reservatórios de água para manter peixes em cativeiro.

Se os caciques nheengaíbas enxergassem o futuro, quando escutaram as boas promessas do padre Antônio Vieira pela boca de seus parentes cativos no convento de Santo Alexandre; teriam eles preferido continuar o escambo com holandeses, ingleses e franceses das Guianas e Caribe ou, caindo na lábia do payaçu; concordar em fazer as pazes com o inimigo hereditário Tupinambá e os rudes e pobres portugueses do Pará? Certo que as pazes de Mapuá, pelo menos, facilitaram muitíssimo abrir passagem segura para dentro do Amazonas. Assim, a viagem de Pedro Teixeira e seus 1200 arqueiros e remadores tupinambás plantou o marco número um da fronteira Norte. Mas, nem o Cabo Norte, nem o Rio Negro, nem o Alto Amazonas poderiam reivindicar o fim de Tordesilhas, sem que a linha imaginária da Costa-Fronteira do Pará tivesse sido revogada de fato no chão da ilha grande dos Aruãs ou Nheengaíbas...

Já falei demais. É hora de deixar o leitor "sentar" juízo e procurar ver aonde a gente quer chegar.







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Veleiro "Belém" zarpou da França rumo ao Brasil 100 anos depois da 1ª viagem
12h24 - 10/02/2002


Arthur Silva, da Agência Lusa

Paris, 10 Fev (Lusa) - O veleiro francês "Belém" zarpou no início da tarde de hoje do porto de Nantes, na costa atlântica francesa, com destino à cidade brasileira de Belém, onde chegou pela primeira vez em 1897.

Oitenta e oito anos depois de sua última campanha de "comércio", o atual navio-escola, que foi construído em 1896, nos estaleiros de Nantes, voltou a zarpar rumo ao Brasil, Guiana e Antilhas, rotas que fizeram a história deste barco.

Esta operação, que conta com o apoio da Embaixada do Brasil na França e da representação diplomática francesa no Brasil, tem o patrocínio da Secretaria de Estado francesa dos Departamentos e Territórios do Ultramar.

A chegada a Belém está prevista para os meados do mês de março, num périplo que levará o veleiro francês aos portos de Vigo (Espanha), Ilha da Madeira (Portugal), Las Palmas (Espanha), Dacar (Senegal), Belém e Macapá (Brasil), Saint- Pierre de la Martinique e Bermudas.

Na viagem de volta, o "Belém" fará uma escala na ilha atlântica dos Açores (Portugal), e a chegada a Nantes está prevista para o dia 14 de julho, dia da Festa Nacional francesa.

"Além da aventura marítima única, a odisséia atlântica do ŽBelémŽ terá um grande significado para todos aqueles que, de perto ou de longe, vão seguir esta viagem", afirmo Alain Le Ray, presidente da Fundação Belém, proprietária do veleiro.

Mas, sobretudo, "as escalas em Belém e Macapá serão ocasiões privilegiadas para reafirmar os elos que unem os dois lados do Atlântico", frisou Alain Le Ray.

Por outro lado, a história deste navio está intimamente ligada às trocas comerciais entre o Brasil e a França.

Entre 1897 e 1907, o porto brasileiro de Belém foi o principal destino do veleiro que, na época era um navio de comércio, que fez 33 campanhas, e trazia para a Europa cacau, rum e açúcar, enquanto levava para o Brasil produtos manufaturados.

A partir de 1907 e até 1914, o "Belém" foi utilizado no transporte de mantimentos para Guiana Francesa, para os colonos e para o campo de refugiados de Caiene, para onde foram deportados milhares de prisioneiros políticos e criminosos franceses.

No dia 08 de maio, o "Belém" escapou milagrosamente à irrupção vulcânica registrada na Montanha Pelada, que fez cerca de 30.000 vítimas na Ilha da Martinica.

A concorrência dos navios a vapor afastou o "Belém" das rotas do comércio, e a partir de 1914 passou pelas mãos de diversos proprietários, principalmente o Duque de Westminster, o "barão" da cerveja, A.E.Guinness, tendo percorrido uma volta ao mundo entre 1923 e 1924.

A II Grande Guerra Mundial obriga o "Belém" a molhar na Ilha de Wight, Reino Unido, até que em 1952 é comprado pela Fundação Cini, e transformado em um navio-escola do Instituto Scilla, em Veneza, Itália, para a formação profissional dos jovens órfãos de marinheiros.

Finalmente, em 1978, uma parceria entre o grupo bancário Union Nationale des Caisses dŽEpargne de France e a Marinha National francesa, permite comprar o navio e salvá-lo de uma destruição a curto prazo.

Cinco anos após as obras de restauração, em 1986, "Belém", que, entretanto, foi classificado Monumento Histórico pelo Governo francês, chega a Nova York para participar nas celebrações do centenário da Estátua da Liberdade.

A viagem que o "Belém" iniciou hoje, a "Odisséia Atlântica", pode ser acompanhada pela Internet.

Graças ao site www.belem-odyssée.com, os internautas podem viver o dia-a-dia da tripulação e participar nas observações e descobertas das escalas terrestres, relatadas por testemunhas e peritos em vários aspectos.



RENDEZ-VOUS EN 2016 POUR LE RIDS !
07-08-2014



Décalé à septembre 2016 pour des raisons d’organisation et afin de permettre aux skippers et équipages de se préparer et d’anticiper leur participation, l’organisation du Rallye des Iles du Soleil s’est étoffée et s’est entourée également de professionnels du secteur touristique et nautique, afin d’optimiser et de sécuriser l’offre. Le Rallye des Iles du Soleil sera bien présent au prochain Grand Pavois et il sera possible d’obtenir tous les renseignements et se préinscrire sur le stand Rallye des Iles du Soleil.

Un départ de Madère et des parcours différents…

Afin d’en optimiser l’intérêt pour le plus grand nombre de skippers désirant vivre une aventure unique et extraordinaire, plusieurs possibilités sont aujourd’hui proposées. Si la traversée de l’Atlantique reste au programme, elle se fera au départ de Madère (Portugal), point de ralliement des flottes Atlantique et de Méditerranée. Il est ainsi laisser libre à chacun de rallier l’archipel portugais à sa manière, avant de prendre le départ du Rallye vers Les Canaries, le Cap-Vert et le Brésil en flotte. Une fois à Belem (Brésil) après avoir rallié Salvador, Fernando do Noronha, Fortaleza, Belem… les participants auront la possibilités de prendre part à la remontée de l’Amazone ou pas, comme il sera possible aux équipages présents outre-Atlantique de rejoindre et de prendre part au Rallye seulement pour la remontée de l’Amazone. Rappelons qu’un dispositif spécifique est mis en place (avec bateau organisation) pour cette remontée, afin que celle-ci se déroule dans les meilleures conditions de sécurité et d’aide aux équipages présents. Une aventure incroyable qui reste le point fort de ce rallye unique au monde !


Ilhas do Sol

rally du soleil 2014 - veleiros oceânicos no rio Paracauari (Soure-Salvaterra).





veleiro oceânico: sempre uma possibilidade econômica da ilha do Marajó que, apesar de tímidas passagens a cada ano do "Rally du Soleil", está longe de ser levada a sério como deveria pelos teóricos e autoridades do "desenvolvimento sustentável" da Amazônia. Porém, antes de nos queixar dos outros, cumpre criticar a nós mesmos marajoaras com maior ou menor responsabilidade social que o IDH acusa. Nos falta, principalmente, fé em nossos próprios recursos humanos: o que o projeto de universidade marajoara proposto pelo Movimento Marajó Forte (MMF) e o reconhecimento da reserva da biosfera Marajó-Amazônia demandado pelo Grupo em Defesa do Marajó (GDM), com certeza, deve ser encarado como paradigma do futuro. Cujo passaporte para a Criaturada grande de Dalcídio ir ao encontro de seu melhor destino é o Turismo Inteligente de base na comunidade.