quarta-feira, 10 de julho de 2013

S.O.S CULTURA MARAJOARA: se após mil anos o Gigante acordou #OcupeMarajó



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A arte está no olho de quem vê

Picasso, num piquenique à beira mar, viu restos de peixe no fundo de um prato e transformou o que iria para o lixo num desenho artístico. Giovanni Gallo (cf. "Motivos Ornamentais da Cerâmica Marajoara", edições do Museu do Marajó www.museudomarajo.com.br), em Santa Cruz do Arari, provocado pelo caboco Vadiquinho com um pacote de "cacos de índio" (fragmentos de cerâmica marajoara) viu ali a semente para um museu inteiro enquanto a senhora da faxina da casa paroquial achava que aquilo seria ótimo para aterro do quintal...

Para muitos, não apenas a "Criaturada grande de Dalcídio" padecendo toda sorte de carências, o "museu do Gallo" é comparável aos cacos que lhe deram origem. Todavia, uma leitura historicamente contextualizada e politicamente mais atenta acaba descobrindo o escândalo nacional que, desde a década de 1930, separa o patrimônio colonial da herança pré-colonial; que envolveu a célebre polêmica entre o Museu Nacional e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

A cerâmica marajoara não seria, por acaso, a mais conhecida e elaborada arte primeva do Brasil? Se não for, por que se deram ao trabalho de arrombar sítios arqueológicos e fazer contrabando para o exterior? E se a resposta é positiva, por que se estão a perder os sítios arqueológicos da ilha do Marajó, entre chuvas e esquecimento, entregues às patas dos búfalos? 

PROVOCAÇÕES À CONSCIÊNCIA NACIONAL

Agora que o gigante adormecido está despertando do longo sono colonial; seria bom que a juventude nas ruas cobrasse mais respeito à Cultura Marajoara.

Mas, como a mocidade independente poderia falar de algo que lhe não ensinaram. Será mesmo que as autoridades da educação e cultura brasileira, pelo menos leram a obra de divulgação elaborada pela arqueóloga brasileira Denise Shaan "Cultura Marajoara", editora Senac, São Paulo, 2010 (especialmente o capítulo sobre o Museu do Marajó?

Por acaso a ministra do Planejamento Miriam Belchior, em viagem de serviço para entrega de títulos de autorização de uso de terras do patrimônio da União, na ilha do Marajó, visitou o dito museu: lá terá visto na entrada a mais velha peça da coleção geológica reportando a milhões de anos passados em contraste com a mais nova riqueza acabada de chegar...

Trata-se de uma viagem iniciática às riquezas do Brasil. Será que havia um guia ali naquele momento, capaz de fazer o papel do inventor daquela exposição? Será que alguém disse à minista que existe uma sutil conexão entre aquele lugar de memória e a regularização fundiária das populações remanescentes das velhas nações indígenas da Amazônia? Assim como a terríver lembrança da escravidão está ali como uma brasa indormida?


Logo, quando se pede criação de uma universidade multicampi com a cara marajoara e, ao mesmo tempo, perde-se a paciência com a estranha burocracia que empaca na candidatura do arquipélago como reserva da biosfera; faz todo sentido buscar meios para realizar o sonho de Giovanni Gallo em ver a modesta associação comunitária transformada em fundação capaz de atender a todos os municípios.

Então, os primeiros a se interessar pela demanda devem ser estudantes de História com especialização em Arqueologia e Etnologia. Pois, a partir do Marajó, estaria aptos a discutir a antiguidade pré-colonial do Brasil retomando a defesa nacionalista da revolução de 30, com o Museu Nacional (UFRJ) (cf. artigo de Heloisa Alberto Torres na revista do SPHAN[IPHAN] de 1937 sobre os sítios arqueológicos da ilha do Marajó.

Tanto Museu Nacional quanto Museu de Etnologia da USP, segundo Shaan na obra citada, possuem coleções de cerâmica marajoara, que foram tirada no Marajó de maneira não totalmente correta.

Pensamos que a Presidenta Dilma poderia determinar ao Ministério da Cultura o reconhecimento oficial da Cultura Marajoara como patrimônio cultural brasileiro. Para isto o Congresso Nacional e a União Nacional de Estudantes poderia ser decisivos.

E, deste modo, o Brasil prepararia junto à UNESCO programa de repatriamento de peças e coleções de cerâmica marajoara numa ação soberana de defesa das raízes pré-colombianas do Brasil... O valor simbólico que ajudará a qualquer governo de cunho popular a se voltar para as populações tradicionais, indígenas sobretudo, realçando a originalidade tropical ainda mais quanto anda nas ruas o processo emancipatório democrático em curso.

Estudantes e professores da USP e UFRJ, além de outros nas mais universidades do país, poderão se aliar ao movimento marajoara para criação da Universidade Federal do Marajó, a ser desmembrada a UFPA trazendo o Museu do Marajó (sempre passando necessidade de manutenção e amadorismo) a vir ser, por exemplo, o que o Museu Nacional - ressalvadas diferenças - é para a UFRJ.

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