segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CONSÓRCIO UNIVERSITÁRIO MULTICAMPI ABRE NOVAS PERSPECTIVAS NO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ.


campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Soure, onde teve início interiorização do ensino universitário na ilha do Marajó, em 1986.




Comissão vai elaborar projeto de criação de novos cursos no Marajó

Uma comissão formada por representantes da Universidade Federal do Pará, Movimento Marajó Forte, Câmara Federal e Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (AMAM) estará responsável pela elaboração de um plano emergencial de oferta de cursos de nível superior para atender os 16 municípios que compõem a região do Marajó (PA). A proposta é resultado da reunião realizada nesta segunda-feira, 9, no gabinete do reitor da UFPA.
“Essa comissão estará trabalhando em duas frentes. Uma no projeto de criação da Universidade Federal do Marajó, seguindo a mesma linha das universidades criadas recentemente. Outro projeto seria de interiorização da universidade, semelhante ao programa Parfor, numa espécie de consórcio entre as instituições, de modo que se possa ofertar o maior número possível de cursos”, afirmou o reitor Carlos Maneschy.
Pior IDH do Brasil - Para o deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), membro da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra), o plano emergencial é uma tentativa de superar os entraves que colocam os municípios marajoaras com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os piores do Brasil.
“A constituição da Universidade Federal do Marajó, que é um pleito antigo, mas como a gente sabe que isso não sai a curto e, talvez a médio ou a longo prazo, o reitor da UFPA junto com o Movimento do Marajó Forte, Câmara Federal e AMAM estão discutindo um plano emergencial que consiste na oferta, em nível superior, de vários cursos que possam atender à demanda do Marajó, de acordo com o perfil e com as vocações de cada um dos municípios”, ressaltou o deputado.
De acordo com o coordenador geral do Movimento Marajó Forte, Ricardo Fialho, o censo escolar de 2012 apontou 16 mil alunos matriculadas nas escolas de ensino médio da região, enquanto a oferta atual de vagas no campus da UEPA em Salvaterra e nos campi da UFPA em Soure e Breves soma apenas 360. “Esta é a terceira reunião que nós temos com o reitor e estamos otimistas, pois a UFPA vem somar nessa campanha e, principalmente, contribuir para a oferta do ensino superior na região.”
A reunião contou, ainda, com a presença dos representantes do Movimento Marajó forte, Marlute Fialho e Sidney Gouveia; do vereador de Portel, João Denis (Preto); do professor da UFPA, Alberto Teixeira, e de representantes da AMAM.
Na próxima semana, a comissão juntamente com o reitor Carlos Maneschy, reunirá com o Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, para apresentar o plano emergencial de oferta de cursos no Marajó.
Texto: Ericka Pinto – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre Moraes


A HORA E A VEZ DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARAJÓ


Na tarde desta segunda-feira, 09 de setembro, repercutiu positivamente nas redes sociais ligadas aos municípios do Marajó a notícia de que o Reitor Carlos Maneschy, ouvindo apelos da comunidade, abriu seu gabinete ao Movimento Marajó Forte para somar forças no sentido de preparar o melhor caminho possível à criação da Universidade Federal do Marajó (UnM) no processo que culmina o programa de interiorização da UFPA. 

No entanto, demonstrando grande senso de responsabilidade e sensibilizado pelo drama do baixo IDHM dos dezesseis municípios marajoaras, notadamente o caso de Melgaço; colocado em último lugar na lista brasileira de IDH municipal; que fez proposta à UFPA para abrir cursos na sede municipal; a Reitoria tomou iniciativa criar comissão "ad hoc" para levar ao Ministro da Educação, Aloízio Mercadante, as soluções encontradas. 

Significa dizer que UFPA não pensa, simplesmente, afastar-se do Marajó deixando para trás sem mais nem menos quase duas décadas de trabalho de graduação e mais de trinta anos de extensão começada com o CRUTAC. Nós acreditamos e desejamos que a UFPA ajudará a formar a sua nova cria, a UnM (ou seja lá o nome e a sigla que vir a ser adotada oficialmente); e durante muito tempo estará cooperando com a nova universidade, sobretudo na área de pós-graduação e pesquisa, seguindo uma tendência mundial.

Por isto, como ex-aluno e ex-vice presidente da Associação de Amigos da UFPA, mas, principalmente, como militante da causa de criação da futura UnM; sinto-me satisfeito do encaminhamento do assunto. Ao mesmo tempo que me vejo no dever de prosseguir com ideias e comentários, em qualidade de co-fundador com Camilo Viana entre outros, do GRUPO EM DEFESA DO MARAJÓ (GDM), ocorrido na Pro-Reitoria de Extensão da UFPA no dia 20/12/1994, a completar 20 anos no vindouro 2014; na formação de uma opinião pública nacional e internacional favorável ao desenvolvimento da Criaturada grande de Dalcídio (populações tradicionais).

Desta maneira, gostaria ainda de chamar atenção dos membros da Comissão em apreço sobre crescente importância de metodologias de ensino à distância, como parte significativa do consórcio a ser estabelecido sob orientação do MEC. Embora o programa Universidade Aberta exista há algum tempo, acredito que nas ilhas do Marajó ele ainda não se faz notar e poderia vir a dar grande contribuição na execução integrada da grade curricular a ser implantada nos dezesseis municípios. Com isto quero dizer que a EaD, específica para as condições do Arquipélago; poderia não apenas contribuir à educação continuada de professores, mas também constituir um mix de matérias, destinadas a alunos a ser complementadas por aulas presenciais mais frequentes do que na EaD clássica.

Outra área de interesse que me motiva a insistir diz respeito ao programa nacional Universidade Aberta à Terceira Idade. Aqui, novamente, Marajó poderá surpreender no que tange à capacidade de conhecimento das pessoas idosas em comunidades de forte tradição oral. É claro que as linhas mestras de assistência sócio-educativa do programa deverão ser observadas, mas além disto é necessário o sistema aprender com a comunidade.

Por último, chamarei atenção para as peculiares condições geográficas das ilhas do Marajó e da sua parte continental. Um fato que Belém conhece escassamente e Brasília muito menos. Um consórcio desta natureza, acredito, será meio caminho andado para a infra-estrutura da futura universidade multicampi. Então, é preciso considerar a diversidade dos municípios e compreender a influência do Xingu sobre Gurupá, por exemplo, e do Amapá sobre a costa norte da ilha do Marajó com Afuá, Chaves e, parcialmente, Anajás e Breves. Estas realidades precisam ser melhor estudadas e certamente requerem a colaboração da Universidade Federal do Amapá.

Por conseguinte, no momento em que estiver maduro o momento para inauguração da UnM, intercâmbio com a Universidade Antilhas-Guiana, em Caiena, terá importância para os setores de pesquisa e pós-graduação, notadamente, em vista de ser Marajó parte da faixa de fronteiras norte donde o Amapá constitui passagem a muitos marajoaras vivendo ou em contato permanente com o outro lado do Oiapoque.

Boa sorte, Marajó!








2 comentários:

  1. Varela,
    Acho que a luta em prol da criação da UnM começa a frutificar. Toda sorte à criaturada marajoara, que passos maiores sejam dados e em breve tenhamos soluções para o grave problema da educação.
    Abraço

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  2. Bel,

    Da parte que nos cabe neste latifúndio, estamos todos e todas implicados na luta por melhores dias da Criaturada... E tudo começou há bastante tempo, quando aquele "índio sutil" começou a rabiscar o "Chove", lá pelas alturas de Gurupá.

    A vitória é certa, a luta continua (como diria o angolano Agostinho dos Santos).

    saudações Marajoaras!

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