quinta-feira, 31 de maio de 2012

CRIATURADA GRANDE DE DALCÍDIO JURANDIR


foto de Luiz Braga (direitos reservados do fotógrafo).

O menino e o búfalo

Por diretas contas o que mais conta na Criaturada grande de Dalcídio
é a criança largada em plena maré, ilhada no mundo dos Marajós 
Alfredo viajando à vela entre Cachoeira e outras vilas de faz de conta
atravessando a baía para a Cidade e de volta para a Ilha...
mil e uma idas e voltas entre o chalé de "Chove
e o ginásio de "Primeira Manhã"...
Andreza em fuga pelos campos na garupa de Edmundo montados no búfalo
busca da infância perdida e dos confins da ilha grande infinita:
o vasto mundo lá fora entre o Mar imenso e o grande Rio das amazonas.

O búfalo paresque é a animalidade mãe a serviço da humanidade filha
da dita cuja...
Lao-Tsé diz-que nasceu velho e atravessou a fronteira da China para a Índia
montado no lombo do paciente búfalo da nossa ancestralidade:
quando o búfalo chegou ao Marajó a sabedoria de Lao-Tsé já havia chegado a pé
pelo estreito de Behring paresque montado no conhecimento dos pajés...
Dalcídio se fez eternamente menino na pele do alter-ego Alfredo 
jogando búzios e espantos com caroço de tucumã mágico 
dono do segredo do futuro escondido no fundo do rio.

Estamos cegos de tanto ver o peso da paisagem
emendar o real e o imaginário:
a "nossa" Amazônia, a nossa varja, o nosso povo...
mas os cabocos sabem que os brancos não sabem.

Os brancos não sabem aquilo que é capital deste verde vagomundo
também é certo que os negros da terra não sabem ler e escrever
e no entanto esta gente sabe de cor e salteado
o bem e o mal da "Terra sem males",
a riqueza e a pobreza da terra,
alegria e tristeza da vida ribeirinha,
o inverno e o verão na ditadura da água,
o dia que nunca se acaba,
a primeira noite do mundo,
o começo dos tempos
todas mais oscilações de preços na feira do Ver O Peso 
as variações da maré
e tim tim por tim tim do Fim do Mundo.

José Varella

terça-feira, 29 de maio de 2012

PONTE DOS CABANOS

Ficheiro:Ponte Rio Negro.jpg ilustração [ponte do Rio Negro / Manaus-Iranduba].

Ponte dos Cabanos

Chamem os chineses!
Engenheiros da maior ponte do mundo sobre o mar
Aqui no rio-mar eles irão tirar de letra doze quilômetros
Que farão a maior ponte fluvial do mundo
Em pleno portal da Amazônia verdeazul
Sobre a baía do Marajó entre Barcarena e o Itaguari
Já dizia minha avó que antigamente
Tempo da vela de miriti
O sacrifício destas gentes das ilhas Pará-Amazonas
Era tanto que o viajante carecia rezar ladainha
Dias antes da viagem e ir de casa em casa
se despedir dos parentes e aderentes
Pois podia calhar dele nunca mais voltar.

Chamem os chineses!
O problema desta gente das ilhas filhas da pororoca
É que estamos cansados de ficar na beira a ver navios
Pra China, Noruega, Estados Unidos, Eurozonas
Morrer de inveja e doutras causas naturais e anormais
Saber de tudo hoje em dia que faz indústria lá fora
Com a matéria-prima que foi embora
E quando acaba para o povo das águas não sobra nada,
Só querem o nosso minério, como diz a canção.

Chamem os chineses!
Vencedores do atraso social que estão com todo gás e petróleo
De Áfricas e outras periferias: parceira vanguardeira do Brasil, Rússia,
Índia e África do Sul na locomotiva chamada BRICS
Basta de ser besta a comprarzinho 1,99 em cada esquina
O povo trabalhador quer trens modernos em troca de ferro,
Alumínio e, sobretudo, energia elétrica extraída dos rios
Que vai embutida aos produtos com a mais valia de nosso labor.

Chamem os chineses!
Japoneses, coreanos, os russos e mais europeus,
Todos os gringos com seus cabedais...
‘Mas porém’ não se esqueçam por favor
Que a “ponte dos cabanos” sumanos existe invisível deste quando
O índio conquistador do rio das amazonas seguia o rastro do Sol
A buscar um país encantado
Onde não há fome, trabalho escravo, doença, velhice e morte
Norte constante duma história amazônica oculta à margem da História
Utopia tropical à meia maré de distância entre o paraíso selvagem
E o inferno verde colonial; a um passo da revolução
Como prova o “Bon Sauvage” de Montaigne e Rousseau
Com as lembranças da embaixada da Nação Tupinambá em França.

Na outra margem da saga dos Tupinambás
Vejam só, o bravo povo do Marajó
Há 1000 anos fazia planos de conquista do país do Arapari:
América do Cruzeiro do Sul...
Aqui os extremos Oriente e Ocidente se encontram na curvatura da Terra
As grandes águas do Rio e do Mar se misturam e dispartem ao Norte e Sul.
Por esta sagrada razão das antigas navegações
Os ancentrais de provectas migrações
Tempos do cacique Anakajury atravessaram do Caribe às Guianas
Ponte lendária entre a ilha de Trinidad e as bocas do Orinoco
Fundação da Parikuria na baía do Oyapoc ao Cabo do Norte
De lá pra cá numa universidade pés descalços
Arquitetaram aldeias suspensas e pontes sobre o espaço vazio
Até chegar ao Caripi (caminho do guerreiro)
E ao canal do Caraipijó (Carnapijó) junto à ilha Trambioca
A caminho do rio de Guayamã (Guamá).
Caminhos de rios e mares, travessias e pontes...

Tá ligado, sumano?

José Varella

segunda-feira, 28 de maio de 2012

MUANÁ, 28 DE MAIO DE 1823: DATA MAGNA BRASILEIRA SEM BILHETE E SEM FOGUETE



Cidade de Muaná (Marajó, Pará) - Praça 28 de Maio
Data magna paraense entre árvores e esquecimento.


O artigo abaixo de autoria de José Varella foi escrito e publicado em 2008, em um contexto de esperanças para a região do Marajó, assinalado um ano antes pelo lançamento do "Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó" (PLANO MARAJÓ), com a presença do Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, em Breves para entrega solene do primeiro Título de Autorização de Uso (TAU) de terra da União a uma família ribeirinha representada por mulher marajoara do Alto Anajás; fato nunca dantes neste país. Ato histórico que viria a ser logo, naquele mesmo ano de 2008, complementado pelo programa federativo Território da Cidadania - Marajó a fim de acelerar o processo de inclusão socioambiental da brava gente marajoara ao desenvolvimento nacional. 

De lá pra cá, a mesma praça e o mesmo jardim... Chegamos hoje com pouca coisa a comemorar nos 189 anos da heróica proclamação de Muaná em ADESÃO DO PARÁ À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL sem reabilitação da memória dos heróis paraenses. Pelo contrário, dentro de mais alguns dias a histórica cidade paraense do Brasil independente estará vibrando sob somzão de mais um Festival do Camarão . E, muito provavelmente, como em anos anteriores o glorioso 28 de Maio terá passado no mais absoluto silêncio como se os antepassados da Adesão tivessem merecido a pena de morte a que foram condenados após a derrota militar na batalha, comutada em prisão perpétua por súplica do Bispo do Pará e misericórdia do rei de Portugal, devido a suposto crime de lesa majestade.

Mandados para cumprir a pena no famigerado cárcere de São Julião da Barra, à beira do Tejo (Portugal), os prisioneiros paraenses da Adesão à Independência cruzaram com o agente inglês enviado do Maranhão para "libertar" o Pará. Em vez do orgulho do Estado do Pará, a data de 28 de Maio se amofina no Calendário de eventos oficiais para dar lugar ao duvidoso feriado da "data magna" de 15 de agosto: que, de desgosto em desgosto, levou à farsa neocolonial anglo-portuguesa. Notável pela tragédia do brigue "Palhaço" e a guerra-civil de 1835, dita a Cabanagem com seus 40 mil mortos e sobreviventes, malmente anistiádos, em 1840, para continuação do regime de trabalho escravo. Pois é disto que se trata no cerne do movimento cabano: a abolição final e total do sistema escravocrata para abrir caminho à plena Cidadania.

Viva 28 de Maio!


"A memória dos 185 anos de autodeterminação do povo paraense integrando a província ao Império do Brasil. Fato que demonstra, de uma parte constância do milenar movimento endógeno para confederar cacicados das ilhas e terra-firme (continente); e, doutra, a conquista estrangeira. Dialética entre colonização e emancipação, dominação e democracia até nossos dias. Cerne da "valorização" versus "desenvolvimento sustentável". É dizer, ao longo do tempo mudam-se as figuras, todavia no espaço o fundo do embate permanence. A história esconde, mas a geografia mostra as consequências.



Para a independência e integração nacional, 28 de Maio de 1823 é a data maior da Amazônia brasileira. E a cidade de Muaná, ilha do Marajó é o lugar-estuário desta memória capital. Fato histórico, entretanto, sonegado pela historiografia colonizadora, deixado ao relento entre chuvas e esquecimento no interior da maior ilha flúvio-marítima da Terra. Berço da cultura Marajoara e da primeira sociedade organizada da Amazônia (ano 500). Qual seria a nação que tendo herança ancestral como esta no estuário do maior rio do mundo, não a exibiria cheia de orgulho como prova maior da sua antiguidade e defesa de direitos territoriais diante de quaisquer tentativas de intervenção externa?


Por acaso, numa coincidência extraordinária, dá-se agora o lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS), em Belém do Pará no mês daquele acontecimento federativo, que deve ser contextualizado a fim de que se alcance o significado pleno do Hino do Estado do Pará em consonância do Grito do Ipiranga.



Muaná 1823 chancela Mapuá 1659. Mas, o gigante adormecido não sabe. Se soubesse ficaria mais seguro e confiante da fidelidade de sua cara metade Amazônia. Pena que não se comemore Mapuá por falta de interesse acadêmico e se esqueça Muaná para encobrir uma farsa colonial que levou a região à convulsão. Cujo trauma ainda hoje se ressente e que precisaria de um Mandela tupiniquim para reconciliar e dar fim. Sabendo-se, todavia, que a Cabanagem de 7 de janeiro de 1835 houve raizes remotas no levante tupinambá de 7 de janeiro de 1619. Portanto, a pífia anistia de 1840 não podia ser simples amnésia, mas só estará concluida, de direito e de fato, com a inclusão social e cidadania, justa e perfeita, desta brava gente.



Com os primeiros passos à democracia participativa amazônida, a velha Cabanagem manifesta no movimento paraense 14 de Abril (M14), com a lembrança dos seus 40 mil mortos, está concretizanco, pouco a pouco, seus objetivos históricos por via pacífica.



Historiadores do futuro poderão achar, dentre diversos acontecimentos estudados, peças de uma única Demanda popular que se encaixam num mosaico federativo a começar dos sítios arqueológicos passando pelo romanceiro de Dalcídio Jurandir e os "cacos de índio" juntados por Giovanni Gallo: a carta do Marajó-Açu manifestada pelo Grupo em Defesa do Marajó (GDM), em 30 de abril de 1995; a demanda social promovida pelos bispos da Igreja Católica do Marajó, com o documento eclesial de 1999; a carta do Lago Arari encaminhada ao presidente da República, em 7 de setembro de 2003; a moção de Muaná de 8 de outubro de 2003, encaminhada às Conferências estadual e nacional de Meio Ambiente, pedindo criação da reserva da biosfera do Marajó... A determinação da Constituinte paraense de 1989, para criação da Área de Proteção Ambiental do Arquipélago do Marajó; o ato executivo federal criando a primeira Reserva extrativista marinha da Amazônia, demanda da comunidade remanescente do velho Pesqueiro Real (concentração de índios escravos), em Soure; Reserva florestal de Mapuá – rio onde o padre Vieira e os caciques do Marajó, há 350 anos (2009) celebraram a paz de 1650; a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Gurupá-Baquiá; Reserva Extrativista de Pacuúba, em Muaná, São Sebastião da Boa Vista e Curralinho... O projeto da União "Nossa Várzea" de regularização fundiária de comunidades ribeirinhas, que já ultrapassa a mais de 20 mil famílias agroextrativistas ou 100 mil pessoas diretamente beneficiadas. Peças do mesmo processo emancipatório e de organização sócio-econômica da população tradicional com fundamento na recuperação da Cultura Marajoara, de 1500 anos de idade. Enfim, trata-se de um Brasil amazônico profundo que o Brasil urbano não conhece, e muito menos o mundo industrial esquizofrênico, adorador do Bezerro de Ouro, em sua louca corrida para o suicídio planetário.



Aqui está se falando de uma politica regional orgânica e participativa integrada de Direitos Humanos, Natureza e Cultura exercida e desenvolvida pelo próprio povo e negada há três séculos e meio, sistematicamente, por forças coloniais dentro e fora do País. Em suma, da urgente necessidade de levar a tardia descolonização a termo.



Para isto, há que se despertar as autoridades brasileiras para recuperar e considerar o documento-base de Mapuá (1659), no qual se assenta a autodeterminação de Muaná (1823). Perdido na copiosa correspondência do autor da "História do Futuro", registro do momento fundamental da amazonidade. Quando, depois de 36 anos de hostilidades recíprocas entre as duas margens da foz do Amazonas, a missão pacificadora do payaçu Antônio Vieira alcançou êxito sem precedentes junto aos caciques nheengaíbas da ilha do Marajó, fato a completar 350 anos em 2009, junto com a famosa carta "As Esperanças de Portugal", escrita a caminho de Cametá e que levaria o precursor da teologia da libertação ao banco dos réus do tribunal do Santo Ofício.



Sem aquela inacreditável paz, apesar da formidável incursão de Pedro Teixeira (1637-1639) a Quito, é improvável que o argumento do uti possidetis que Alexandre de Gusmão defendeu face aos delegados espanhóis tivesse êxito nas difícies negociações do tratado de Madrí de 1750, para revogar o tratado de Tordesilhas de 1494. Pelo motivo de que os estreitos de Breves tinham se tornado as "colunas de Hércules" da conquista portuguesa: antes pelas fortificações holandesas e inglesas e após a expulsão destes, a guerrilha naval dos aguerridos Nheengaíbas, amigos dos "hereges" (holandeses e britânicos) há mais de meio século, até então.



Jamais vencidos pelas armas coloniais, os pragmáticos nativos do Marajó, senhores dos rios e do labirinto das Ilhas; depressa consentiram nas ditas pazes apenas oferecidas pelos Padres (aliás, legalmente investidos de autoridade real nos negócios indígenas pela lei de 1655), sempre com alta ambição de reconquistar o espaço de seus antigos povoamentos dentro do rio dos Tocantins e na costa do Pará, no país do Cruzeiro do Sul (Arapari, Brasil).



Sem o acordo prévio de Mapuá, é lógico, não poderia ter existido a Adesão do Pará – Amazônia lusitana (1616-1823) – à Independência do Brasil (1823). A "linha" de Tordesilhas teria permanecido – por necessidade e acaso – à força de flechadas e dardos envenenados: as Ilhas do Pará, Amapá e o grande vale do Amazonas poderia ser inglês, holandês, francês ou castelhano como rezava o acordo luso-hispânico de 1494. Porém, a História é outra coisa além de tratados de cúpula e a efêmera historiografia das épocas. No Ceará, por exemplo, o casamento da índia Paraguassu (Iracema, de José de Alencar) com o aventureiro Martim Soares Moreno fez as "impossíveis" pazes entre o Bom Selvagem tupinambá e odiados portugueses. No Marajó, um padre e geopolitico com a utopia sebastianista no coração e o Quinto Império do mundo na cabeça e uns temíveis caciques ávidos de colocar o pé na terra-firme, passam o apagador sobre o mapa de Tordesilhas: eis a verdadeira história da Amazônia brasileira confirmada com o sangue dos heróis de Muaná, em 28 de Maio!".



Meu avô Alfredo Nascimento Pereira, sendo arrimo de família após a morte de meu bisavô Raymundo Pereira ("voluntário da Pátria" que voltou da guerra do Paraguai para morrer em casa), abandounou o curso de direito para trabalhar e sustentar a mãe viúva e irmãos menores. Foi nomeado pelo governador Pinto Guedes como professor primário na Vila de Muaná donde foi transferido a Ponta de Pedras onde se casou com sua aluna, índia da Mangabeira, Antônia Silva. Neste dia, em lembrança desta história familiar, fica a sugestão da construção de uma ponte sobre a baía do Marajó, por sua parte menos larga, entre a ponta do Malato (Ponta de Pedras) e a antiga aldeia Murtigura (Vila do Conde / Barcarena).



Ficheiro:Ponte Rio Negro.jpg 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

O MARAJOARA QUE VEIO DE LONGE



Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis 

       Bertold Brecht

Ser Marajoara é, antes de tudo, um estado de espírito. A Cultura Marajoara uma prova de resistência. O melhor exemplo disto é a vida e a obra de Giovanni Gallo, o marajoara que veio de longe. 

Ao contrário dele há muita gente que enterrou o umbigo no barro molhado da varja da beira de rios, furos, lagos e igarapés das ilhas do Marajó e não têm nadica de nada a ver com a brava gente marajoara. Conhecemos um dos nossos bravos pelo seu engajamento na luta em defesa da Criaturada grande de Dalcídio Jurandir.

Outros filhos das Ilhas forçados pelas circunstâncias fazem sua odisseia e um belo dia depois de muitas lutas para descobrir o mundo retornam à ilha-mãe onde eles deram os primeiros passos na vida. Ou mesmo sem nunca voltarem ao lugar natal, não deixam eles passar oportunidade para falar e lembrar com saudade daquilo que lhes parecia o paraíso e motivo principal de luta para conquistar, na boca do maior rio do mundo; a sonhada e cobiçada Terra sem males.


O que há de exemplar na vida deste "homem que implodiu" é sua extraordinária capacidade de compreender os outros menos válidos. E não hesitar em abandonar suas certeza por dúvidas criadoras e intuições perturbadoras, capazes de desagradar a gregos e troianos; mas restar fiel a si mesmo e à Humanidade latente nas populações marginalizadas entre chuvas e esquecimento. Com elas ao lado tentar, teimosamente, ressuscitar os mortos do passado estranho suscitando a resiliência de uma ecocivilização perdida e adormecida em desprezados "cacos de índio".


Vivendo em condições nunca dantes imaginadas Giovanni Gallo desenterrou do buraco do olvido um povo dos mais abandonados dos fastos da República. Morrendo por esta mesma gente sem eira nem beira, esse jesuíta excluído da missão - para ser mais fiel a ela talvez - terminou por enterrar os próprios ossos à ilharga do museu que ele inventou com uns poucos companheiros e amigos. Onde, cada vez mais, o marajoara que veio de longe fica mais perto do coração da gente e vai vivendo mais e mais até se tornar invencível.