sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

RIO MAPUÁ: UM "CASE" FORA DE SÉRIE NO MARAJÓ

Imagens de foto da Resex Mapuá


 INCRÍVEL NOTÍCIA HISTÓRICA SEM INTERESSE ACADÊMICO NOTÁVEL
neste dia [27 de agosto de 1659] se acabou de conquistar o Estado do Maranhão, porque com os nheengaibas por inimigos seria o Pará de qualquer nação estrangeira que se confederasse com elles; e com os nheengaibas por vassallos e por amigos, fica o Pará seguro, e impenetravel a todo o poder estranho.” (Padre Antônio Vieira / Carta de 11/2/1660 à regente de Portugal, dona Luísa de Gusmão, viúva do rei João IV, prestando contas das Missões do Pará e, em especial, dando notícia das pazes entre portugueses, tupinambás e os povos indígenas rebeldes das ilhas do Marajó; alcançadas no "rio dos Mapuaises").

Conhecido pelos sermões e a luta que travou contra a escravidão dos índios, pouco se tem estudado a obra geopolítica do "imperador da língua portuguesa" na Amazônia. Quando a universidade brasileira se interessar pelo tema a fundo, sem dúvida Mapuá [Breves, na ilha do Marajó] terá lugar de destaque no mapa do Brasil, tanto quanto ou mais que a entrada do capitão Pedro Teixeira na famosa viagem de Belém do Pará a Quito (Equador), de 1637 a 1639, levado e trazido de volta são e salvo por 1200 índios de arco e flecha comandados por mamelucos nordestinos. Então, fará sentido aquela frase escrita às vésperas da expulsão do padre e seus confrades pelos colonos escravagistas do Pará (1661): a conquista do Maranhão em 1615 não podia estar concluída e segura sem as pazes dos portugueses com os povos "nheengaíbas" ribeirinhos das ilhas do Marajó. Entre 1615 e 1659 foram 44 anos de lutas e sobressaltos. Com certeza, Portugal e consequentemente o Brasil não teriam conseguido ultrapassar e ocupar o imenso território amazônico além da linha do tratado de Tordesilhas sem ajuda dos tupinambás na guerra e adesão dos marajoaras na paz.
  
Educação ambiental: pra quem e pra quê?

Como entender inclusão social e cidadania sem empoderamento do tempo e do espaço local. Isto é, da história e geografia do lugar?

A HISTÓRIA DO CACIQUE DOS MAPUÁ 
ENTRE ÁRVORES E ESQUECIMENTOS

Este título, colhido da obra do historiador Victor Leonardi, "Entre árvores e esquecimentos: história social nos sertões do Brasil", editora UnB, 1996; cai como luva para abordar a história de guerra e paz na conquista e colonização da região das Ilhas do estuário do grande rio das Amazonas, dentre elas a maior ilha fluviomarítima da Terra, a "ilha" do Marajó: berço da célebre Cultura Marajoara de 1500 anos de idade, primeiro cacicado da Amazônia... 

Tratei exustivamente deste assunto, sem sucesso, como se pode ver a seguir http://marajo70.blogspot.com/2009/08/o-payacu-e-o-cacique-piie.html e http://www.pick-upau.org.br/turma/verde_verbo/olvidada_historia_cacique.htm , além de outras oportunidades. Inclusive, em 2005 por ocasião dos 350 anos da "abolição" do cativeiro dos índios (lei de 1655) tive oportunidade de participar do programa "Sem Censura" da TV-Cultura do Pará e depois falar em sessão especial da Câmara Municipal de Breves sobre o tema, tendo viajado depois até o rio Mapuá até seu formador chamada Braço Esquerdo do Mapuá: zona do trópico úmido que parece talhada para sítio da Convenção Ramsar, a qual o geógrafo Eidorfe Moreira no estudo "O igapó e seu aproveitamento" chamou de "apogeu igapóreo"... 

Como foi que eu comecei a me interessar por este assunto? Sou nativo de Ponta de Pedras, município que teve origem na "aldeia das Mangabeiras" [vila de Mangabeira atual] localizada na primeira sesmaria que os jesuítas tiveram na ilha do Marajó, em 1686. Nesta aldeia e depois lugar de Ponta de Pedras nasceu minha avó Antônia, india marajoara morta durante o parto de nascimento de meu pai.  Meu avô Alfredo era estudante de direito quando meu bisavô Raymundo morreu de tuberculose, contraída supostamente em campo de batalha como "voluntário" da Pátria na guerra do Paraguai... Arrimo de família, Alfredo teve que parar o estudo para assumir cargo de professor primário em Muaná donde foi transferido para lecionar em Ponta de Pedras onde foi professor da indiazinha Antônia e suas irmãs Serafina e Joana, minhas tias-avós. Pela parte materna minhas origens são camponesas da Galícia, com os imigrantes que relançaram a pecuária na ilha do Marajó, no final do século XIX. De modo que este chão não me é estranho. Muito provavelmente as familias de ambos ramos da minha árvore genealógica se fundiram diversas vezes no Marajó e eu mesmo e minha mulher somos primos em terceiro grau, cujo patriarca foi um certo sargento-mor Domingos Pereira de Moraes, contemplado da fazenda São Francisco (desapropriada da Companhia de Jesus pelo governo do Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII) e que veio a ser berço do município de Ponta de Pedras no rio Marajó-Açu.  Meu pai dizia-me que pela parte indígena somos descendentes de combatentes cabanos... Mas por esse lado de minha história familiar não tenho mais do que a imaginação e a vontade de saber quem eram estes meus parentes indígenas. 

Tudo que consegui foram duas frágeis pistas, com o nome da "tribo" Guaianases [cf. Padre Antônio Vieira na carta supracitada, apud Serafim Leite in "História da Companhia de Jesus no Brasil"] figurando como uma das setes etnias "nheengaíbas" [Nuaruaques ou Marajoaras] do acordo paz de Mapuá (1659) e referida pelo mesmo autor na obra "História do Futuro"... A segunda vez que aparece este nome étnico, na linha do tempo; ele foi grafado pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, em 1783, como Guaianazes [cf. "Notícia Histórica da Ilha Grande de Joanes, ou Marajó"]. Deve-se grafar modernamente Guaianá, e por isto dei este nome ao projeto de execução descentralizada "PED-Guaianá", financiado pelo PPG7 do Banco Mundial via Ministério do Meio Ambiente e a extinta SECTAM-PA para realização pela prefeitura de Ponta de Pedras: este é um dos mais tristes "cases" de insucesso acontecidos no Marajó numa longa série de lamentáveis fracassos que tiraram a fé do povo às políticas públicas, negócios particulares e iniciativas não-governamentais em geral...

Este topônimo "Guaianases" está localizado na historiografia antiga, porém totalmente esquecido no território do município de Ponta de Pedras, mais precisamente no lugar da extinta aldeia deste povo "elevada" a Lugar de Vilar, à margem do Igarapé do Vilar (extinto completamente pela erosão) na virada anti-jesuítica de 1757 com a implantação do Diretório dos Índios (promulgado em 1755), ironicamente, cem anos após a lei de "liberdade" dos índios assinada por Dom João IV a pedido de seu amigo Padre Antônio Vieira... e desta vez ainda, para "liberdade" dos ditos índios que terminarão, na virada para o século XIX, sendo considerados "extintos" por decreto e equiparados aos súditos da coroa de Portugal embora chamados ainda de tapuios ou caboclos (saídos do mato). 

Então, uma das sete "nações" indígenas da celebração de paz de Mapuá de 1659 poderia ser localizada com aldeia junto ao igarapé do Vilar (meia légua abaixo da outrora aldeia das Mangabeiras e hoje vila de Mangabeira). Com o tempo, os derradeiros moradores do Vilar ou Vilarinho (como era mais conhecido localmente), por dificuldade de porto para suas canoas de pesca na baía do Marajó, se estabeleceram na vizinha Mangabeira. Como foi caso de Bibiano Rodrigues, patriarca de uma família das mais tradicionais do município. 

Desabitado, o lugar de tapera da extinta aldeia dos Guaianá, sem que se soubesse mais do seu passado remoto recebeu migrantes nordestinos tangidos pelas grandes secas do Ceará e Rio Grande do Norte nos começos do século XX: já sem memória também o antigo Vilar passou a ser chamado povoado de Pau Grande (motivo de uma alta samaumeira que ao longe da baía se avistava e servia de rumo à navegação). Depois da criação da Prelazia de Ponta de Pedras (1967), hoje Diocese; apagou-se o povoado Pau Grande que era Vilar e foi aldeia dos "Guaianases" citados pelo Padre grande dos índio e que também teriam esses índios perambulado pelos lados de Portel (aldeia de Arucaru, fundada pelo mesmo missionário com índios "nheengaíbas" levados de Mapuá naquele ano de 1659), que acabou sendo agrovila, vejam só, Antônio Vieira!

No dia do Produtor Rural, 25 de Julho, de 1995 fui convidado pelo bispo Dom Angelo Rivato S.J., a assistir missa campal em Antônio Vieira. Nada eu sabia sobre tudo isto que acabo de escrever agora... Foi então que na homilia o celebrante disse que ali no dito lugar o Padre Antônio Vieira havia se encontrado com sete caciques do Marajó para fazerem as pazes entres estes índios e os portugueses. Com meu velho ofício de repórter, ao término da missa indaguei donde o bispo tirou tal informação e fiquei sabendo que teria sido "no livro do padre Serafim Leite"... Fui conferir (quatro tomos maçudos, para não desanimar é preciso tarimba e alma de garimpeiro) a fonte estava correta. Mas, o lugar do histórico encontro que mudou o destino do Marajó não foi no município de Ponta de Pedras e sim no município de Breves na aldeia improvisada de índios "Mapuaises" descida dos centros (Anajás) para o referido encontro de paz, num barracão consagrado como "igreja do Santo Cristo" [hoje na Reserva Extrativista Mapuá, certamente]. 

Cresci ouvindo a história oral da ilha e tão logo fui alfabetizado me interessei em comparar estas fontes com a historiografia escrita: e tive sorte de trabalhar no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, onde "devorei" tudo que pude concorrendo com as traças de obras raras sobre a Amazônia. Acrescendo nestas leituras o tempo em que estudei no curso de economia da Universidade de Brasília, quando acampava por horas a fio na biblioteca do campus. Entre 1974 e 1980 fui removido de Brasília para a Primeira Comissão Demarcadora de Limites, em Belém. Aí encontrei um tesouro bibliográfico amazônico magnífico: este meu curso livre de autodidata foi completado com trabalhos de campo na fronteira, mais a bagagem que eu já carregava da ilha grande do Marajó desde a infância e mocidade.



ARTE & CIÊNCIA PRA BOTAR MAPUÁ NO MUNDO E PRESERVAR O MARAJÓ COMO A LENDA DA PRIMEIRA NOITE DO MUNDO DENTRO DUM CAROÇO DE TUCUMÃ.

 Haverá outro lugar tão isolado e interessante como este rio Mapuá na boca do gigantesco Amazonas para aplicar tudo que se tem direito em matéria de educação à distância? Em abril de 2005, quando fui convidado pelo presidente da Câmara Municipal de Breves, Camilo Gonçalves, a fazer palestra sobre estes assuntos tendo por lembrança a lei de abolição do cativeiro indígena e que foi a base de delegação de competência real para a pacificação dos índios rebeldes, acusados de piratas e que a Câmara de Belém requereu a "guerra justa" [extermínio e cativeiro por rebeldia à Religião e soberania do Estado], conheci o empresário e investidor chinês Lap Chan, diretor do "Projeto Ecomapuá"; que tinha intenção de realizar captação de carbono na área. Ver  http://www.usp.br/fau/depprojeto/labim/antigo/mapua.htm .

No mês seguinte à minha viagem a Mapuá, o Presidente Lula assinou decreto criando a Resex Mapuá. Em Belém, Lap Chan conversou comigo na PARATUR onde eu estava como assessor institucional, e ele não sabia ainda da criação da unidade de conservação. Disse-me que achava que as terras que havia comprado de um japonês em São Paulo, madereiro em retirada depois que não havia mais madeira para extrair; aparentemente não fariam parte da Resex... Em Breves, praticamente ninguém sabia claramente quais eram os planos da ECOMAPUÁ, o investidor era visto com desconfiança e conhecido apenas como "o chinês do Mapuá"... Não sei exatamente como terminou ou se não terminou a história do chinês do Mapuá. Mas o blog a seguir, entrevistando o coordenador do Instituto Chico Mendes em Breves, Giovanni Salera Júnior, diz que não existe mais aquele projeto:http://www.recantodasletras.com.br/entrevistas/2220715  ...  "É verdade que a empresa Ecomapuá já esteve lá na área, e até poucos dias atrás ela ainda tinha um site falando sobre sua presença na Resex Mapuá, mas felizmente esse problema não existe mais. Hoje, a área onde havia um viveiro de mudas da empresa está abandonada e só restam lembranças da presença dessa empresa lá na região.

     A área da Reserva pertence ao Governo Federal e que tem a responsabilidade pela área é o Instituto Chico Mendes e a AMOREMA (Associação dos Moradores da Reserva Mapuá). "

AMOREMA – Associação de Moradores da Reserva Extrativista Mapuá

     A Reserva Extrativista Mapuá foi criada pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do Decreto Presidencial s/nº, de 20 de maio de 2005, com uma área aproximada de 94.463,03 hectares, no município de Breves, Ilha de Marajó, Estado do Pará.
    A criação da Reserva Extrativista Mapuá ocorreu simultaneamente com outras Reservas Extrativistas (RESEX) no Estado do Pará. Esse processo de criação dessas Unidades de Conservação contou com forte atuação do Conselho Nacional das Populações Tradicionais, o famoso CNS.
     Em agosto de 2005, representantes do IBAMA, do CNS e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Breves estiveram presentes na “Comunidade Bom Jesus”, situada às margens do rio Mapuá, para informar acerca da necessidade de criação da AMOREMA, para contribuir com a co-gestão da RESEX Mapuá.
    Assim, em 05 de novembro de 2005, ocorreu a Assembléia de criação da Associação de Moradores da Reserva Extrativista Mapuá (AMOREMA), com sede administrativa na “Comunidade Bom Jesus”, município de Breves, Ilha de Marajó, Estado do Pará. Essa Assembléia foi presidida pelo Analista Ambiental do IBAMA, Francisco de Assis Grillo Renó “Chico”, e pelo Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Breves, Sr. Luiz Carlos Albuquerque Monte “Índio”.
     De acordo com seu Estatuto Social, “A AMOREMA é uma sociedade de natureza civil, sem fins econômicos, destinada a proporcionar aos seus associados uma forma de participação comunitária ativa”.
     O Sr. Antônio Ferreira Gonçalves, mais conhecido como “Galo”, está no segundo mandato como Presidente da Associação de Moradores da Reserva Extrativista Mapuá (AMOREMA). O Sr. Antônio “Galo” é membro do STR de Breves há mais de 20 anos e militante do Partido dos Trabalhadores (PT). Entre os anos de 1998-2004, desempenhou um relevante trabalho como Agente Comunitário de Saúde, percorrendo todas as comunidades da região da RESEX Mapuá e suas vizinhanças. Telefone para contato: (091) 9176-2098.
     Desde sua criação, a AMOREMA é a Associação-Mãe da Reserva Extrativista Mapuá, o que permitiu que, em abril de 2010, o Sr. Antônio Ferreira Gonçalves “Galo” estivesse em Brasília (DF) para representar os moradores de Mapuá na assinatura do “Contrato de Cessão de Direito Real de Uso”.
     O Governo Federal, ao entregar esse título de "Cessão de Direito Real de Uso" para a AMOREMA, está garantindo às famílias que tradicionalmente vivem da agricultura de subsistência, do extrativismo vegetal, da caça e pesca artesanal na RESEX Mapuá o direito de acesso a seus territórios tradicionais e uso sustentável da biodiversidade da Amazônia. Esse instrumento jurídico permite aliar a regularização fundiária e o apoio ao desenvolvimento local, à preservação do patrimônio cultural e ambiental brasileiro.
    A AMOREMA foi criada há pouco tempo, mas graças a atuação exemplar do Sr. Antônio "Galo" e demais representantes essa Associação tem-se destacado muito de modo que a RESEX Mapuá tornou-se referência para a região da Ilha do Marajó e para todo o Estado do Pará.

 REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA: PRIMEIRO PASSO AO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL SUSTENTÁVEL

 Depois de séculos de violência, expropriação e marginalização das populações tradicionais amrajoaras, pela primeira vez o governo da República Federativa do Brasil atendeu aos apelos da comunidade por intermédio da Igreja Católica Romana. A presença da igreja na região, como vimos acima, é um fato histórico negar isto ou as suas contradições como pretenteu o Diretório Pombalino e seus imitadores é uma tolice. Quem fala não é de nenhuma igreja. Muito mais é negar o dever do Estado-Nação, justamente demandado pela comunidade.

O Marajó já tem um rumo e não está mais à matroca como um barco à deriva: porém é preciso dar mais velocidade ao processo de desenvolvimento e integração com a participação da "Criaturada grande de Dalcídio" [populações tradicionais] e controle social sem preconceitos.

(em baixo foto da visita de Lula em Breves)
 em 06/12/2007


Fotos
Fonte:

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

NEUTON MIRANDA: UM REVOLUCIONÁRIO QUE NÃO PERDEU A TERNURA


Neuton Miranda: um revolucionário!

Hoje faz 02 anos do desaparecimento físico de um dos mais ilustres revolucionários da esquerda paraense, Neuton Miranda. Tive a honra de acompanhar seus últimos 04 anos de vida e ação.
Sua chegada à Superintendência do Patrimônio da União no Pará – SPU/PA foi marcada de expectativa e esperança, pois lidar com um órgão tão conservador e estruturalmente formatado que atendeu, por mais 150 anos, às elites que sempre dominaram os sistemas de consumo e produção do pais não era tarefa simples.
Teve a coragem e ousadia dos “grandes” em romper com a lógica perversa e arcaica, ao passo que se concentrou em colocar o dedo em feridas profundas da sociedade como dar garantia da segurança da posse às famílias que realmente necessitam, reconhecer o uso e ocupação das comunidades tradicionais extrativistas das florestas, propor outro formato para o uso e ocupação das orlas fluviais da Amazônia, assim,fazer cumprir a função social da propriedade pública.
O camarada inconformado com a situação das populações ribeirinhas nos colocou a pensar na implantação do Projeto Nossa Várzea – Cidadania e Sustentabilidade na Amazônia Brasileira, que nasceu de longo debate com as lideranças regionais. O Nossa Várzea já beneficiou/libertou mais de 33.000 famílias ocupantes das margens de nossos cursos d”águas. Ao longo de mais de 04 anos constatamos histórias dignas de filmes e documentários ao depararmos com famílias que viviam em situações análogas ao trabalho escravo, e a partir do NV foi quebrada os laços nocivos com algumas famílias “tradicionais” e hoje vivem livremente.
Lembro-me perfeitamente que foi no carnaval de 2009 que foi concebido o Projeto de Regularização Fundiária Urbana de Belém, a partir de conversas com o Neuton em sua casa em mosqueiro. Naquele dia nosso camarada tivera uma noite difícil vinha de uma crise alérgica e estava medicado.
O resultado desse projeto foi beneficiar mais de 12.000 famílias ocupantes das áreas urbanas da União em nossa capital, por meio das Concessões de Uso Especial para fins de Moradia – CUEM individual e coletiva, ação ainda em curso atualmente
Em breve, lançaremos o 6º Manual do Projeto Orla: Readequação metodológica para o uso e ocupação das orlas fluviais e estuarinas da Amazônia, que foi gestado por esse visionário. Esse projeto impactará a maioria dos municípios em nossa região.
Interessante registrar que mesmo em um corpo franzino, ao mesmo tempo postura delicada, e um olhar convicto deixava claro que era preciso aprofundar mais essa revolução silenciosa.
Para com o meio ambiente deixou sua marca, foi o braço direito para que a Regularização Fundiária das Unidades de Conservação, principalmente das Reservas Extrativistas Marinhas se tornasse realidade, e hoje estamos a consolidar essa política, assentados no georeferenciamento em base geodésica dos perímetros dessas UC’s que beneficiará mais de 30.000 famílias.
Nosso camarada abriu o caminho ao auxiliar na destinação de muitas áreas públicas para provisão habitacional de interesse social, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, em municípios como, Santarém, Marabá e Belém.
Nos últimos meses que antecederam sua morte, conversávamos muito sobre o problema das glebas patrimoniais urbanas dos municípios do Pará que estavam em áreas da União, como era o caso do Arquipélago do Marajó e Belterra/PA. Atualmente estamos em processo de demarcação, em base geodésica via o Programa Terra Legal, dos perímetros urbanos no Marajó.
E naquele dia 20.02.2010, Neuton estava em Belterra/PA para formalizar a entrega para a Prefeitura a légua patrimonial urbana, a cerimônia foi belíssima, Ele estava consciente do que fora fazer e estava muito feliz! Ouvi atentamente seus derradeiros conselhos e suas últimas palavras, vê-lo e senti-lo partir foi algo que ficará para sempre em nossa memória e militância.
Não tenho dúvidas que convivi com uma das pessoas mais generosas, meiga e gentil que conheci, me senti adotado, cercado por carinho paternal. Sinto-me privilegiado por ter viajado tantas vezes e ouvi-lo muito durante horas e que tem feito muita diferença. O seu legado é singular para todos nós!
Neuton Miranda viverá para sempre na história de marabá, Pará e do Brasil! Viva esse revolucionário que nunca morrerá em nossos corações!

Belém, 20 de fevereiro de 2012.


Lélio Costa da Silva
 
21/02/2010 - 10h20

 
Neuton Miranda morre vítima de infarto fulminante
Atualizada às 11h13
O superintendente regional da GRPU/PA (Gerência de Patrimônio da União no Pará), Neuton Miranda Sobrinho, de 61 anos, morreu, na noite deste sábado (21), vítima de um enfarto fulminante. Neuton estava em Belterra, no oeste paraense, a trabalho. Ele também era presidente estadual do PC do B no Pará e integrante da diretoria nacional do partido.
De acordo com a assessoria da GRPU, Neuton morreu no hotel onde estava hospedado. Ele estava acompanhado de um assessor, quando começou a se sentir mal, por volta de 23h. Uma ambulância foi chamada, mas Neuton não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital. A causa da morte foi um infarto fulminante. No município, ele participou de uma solenidade de entrega de títulos de concessão de uso das chamadas terras da Marinha.
O corpo do superintendente chega em Belém no início da tarde deste domingo (21), em um avião do Governo do Estado, e segue direto para a Alepa (Assembleia Legislativa do Pará), onde será velado. O enterro deve acontecer somente na terça-feira (22), porque a família aguarda a chegada da filha dele, Janaína Miranda, que mora em Londres.
Amigos lamentam a morte - O Secretário de Esporte e Lazer Jorge Panzera, diretor do PC do B no Pará, diz que a morte de Neuton é uma grande perda para a política paraense. 'Ele dedicou a vida à luta pelo povo. Desde a juventude, atuando no movimento estudantil, lutou pela conquista de um mundo melhor, um Brasil mais democrático e pela igualdade social', conta.
Segundo Panzera, Neuton deixa uma lição. 'Recebemos essa notícia com consternação e sofrimento, mas vamos continuar seguindo o que ele nos ensinou, lutando por essa missão', disse. Panzera também falou sobre a personalidade do superintendente. 'Ele era uma pessoa íntegra, honesta e dedicada a essas causas. Tinha uma relação política ampla e com certeza a família receberá a solidariedade de vários seguimentos da sociedade', completou.
Histórico - Neuton Miranda Sobrinho nasceu em Marabá, era casado com a professora Leila Mourão e tinha uma filha, Janaína. Iniciou sua vida política em Belo Horizonte e, por determinação do partido, retornou ao Pará nos anos 80, onde foi responsável pela reorganização do PC do B no Estado. Foi militante político desde 1968, atuou no movimento estudantil, era filiado ao PC do B (Partido Comunista do Brasil) há 38 anos e presidente do partido no Pará.
Foi diretor da UNE (União Nacional dos Estudantes), foi jubilado da Universidade pela Ditadura Militar através do Decreto 477, que expulsava o aluno das universidades brasileiras e os proibia de estudar por três anos em quaisquer uma delas. Estava a frente da Superintendência do Patrimônio da União do Pará há cerca de cinco anos.
Foi deputado estadual, Presidente da Cohab, Secretário Municipal de Habitação e candidato a senador, quando recebeu mais de 300 mil votos.

*Fotos: Agência Pará
 
 DEPOIMENTO / por José Varella Pereira
 Dois anos sem Neunton e parece que foi ontem... Quando ele me convidou a ser voluntário na preparação da equipe de regularização fundiária do Projeto NOSSA VÁRZEA que ia atuar no Marajó, o convite foi bem objetivo:reconhecia ele que as comunidades ribeirinhas das ilhas do delta-estuário que chamamos Amazônia Marajoara têm cultura peculiar e que a tecnoburocracia não a conhece como devia. Por outra parte, se ele fosse chamar acadêmicos universitários para isto, provavelmente, teria que esperar uma eternidade...
Ora, quem mais conhece a cabocada se não um caboco com a rara diferença de ter sido politicamente alfabetizado por ninguém menos que o índio sutil comunista Dalcídio Jurandir? Em se tratando da Amazônia Pará, Neuton era um peixe dentro d'água... Conciliava teoria e prática com conhecimento do terreno onde atuava. Rimos muito com a estória do peixinho tralhoto e seus quatro-olhos, mestre em sobrevivência nestas paragens difícies: dizia-me ele que era preciso reconhecer a etnicidade do caboco ribeirinho a par de outras etnias tradicionais como os indígenas e quilombolas que, mal ou bem, já tem consciência da própria identidade e de seus territórios. Estávamos perfeitamente de acordo sobre tudo isto e nosso trabalho profissional e a militância política embora limitadas pela dinâmica de conjuntura histórica e geográfica não se separavam nem se contradiziam.
Neuton era daqueles comunistas da estirpe de João Amazonas e Dalcídio Jurandir, que sem amolecer os fundamentos da emancipação do povo trabalhador do campo e da cidade, não perdem nunca o traço maior da humanidade e solidariedade para com todos os mais. Quis o acaso que nossa despedida fosse em viagem a Cachoeira do Arari onde ele foi entregar títulos de autorização de uso de terras da União e se encerrou com visita ao Museu do Marajó, onde o ex-presidente de diretoria Antônio Smith nos presenteou com dois exemplares da obra sumamente importante de Denise Schaam, "Cultura Marajoara". Meu exemplar mandei por portador fiel à direção do Museu do Quai Branly, em Paris, onde se acha coleção de cerâmica marajoara levado de teso na ilha do Marajó para o Museu do Homem..
Na volta a Belém, Neuton deu-me carona até a porta de minha casa e dissemos um ao outro até mais, camarada. A marcha do povo brasileiro começada com a Coluna Prestes nos idos do Tenentismo continua na Amazônia brasileira com a pertinácia das águas de pequeninas fontes e da humildade dos igarapés até se transformar em grandes rios a caminho do mar profundo.
Neuton vive no coração e na mente da brava gente marajoara!
 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CONVITE - VIVA MARAJÓ




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


Dia do Marajó debate plantio de arroz em larga escala

O Intituto Peabiru tem a satisfação em Convidá- lo (la), para o Dia do Marajó deste mês, com o tema:
De Roraima ao Marajó: a cultura do arroz em larga escala e as populações tradicionais.

Este Dia do Marajó tratará dos plantios de arroz em larga escala no município de Cachoeira do Arari e seus possíveis impactos ambientais e sociais naquela região do Marajó.
Data: 28 de Fevereiro de 2012, às 18:30h, no SESC Boulevard. Entrada franca.

 DIVULGAÇÃO
Academia do Peixe Frito
Grupo em Defesa do Marajó (GDM)

 CONTRA FORÇA HÁ RESISTÊNCIA

A gente sabe que é ingenuidade da nossa parte esperar que, de fato, os arrozeiros de Roraima liderados pelo Deputado Federal Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) tenham vindo ao Marajó pensando em se emendar e praticar o bem a favor do povo marajoara necessitado de empregos e renda decentes.

A gente sabe, pelos jornais, do rastro de problemas da mecanização de plantio de arroz de larga escala desde o Rio Grande do Sul, no extremo sul, até Roraima, no extremo norte.

Mesmo assim, a gente gostaria de dar crédito de confiança a essa gente cabeça dura e arrogante com dificuldade de entender os outros. No Marajó, santo desconfia de esmola grande... Queira Deus com rogos do Glorioso São Sebastião que aqueles que convidaram ou aceitaram sem cuidados preventivos os arrozeiros de Roraima não se arrependam mais tarde depois que Inez esteja morta e nosso sofrido Marajó ter que arcar com mais uma...

Quem não é destas paragens marginalizadas entre chuvas e esquecimento, talvez não saiba que, de forma nenhuma a produção de arroz é novidade em Marajó. 

Temos até arroz selvagem na região de campos naturais, que é o chamado "arroz de marreca"... De Ponta de Pedras já sairam muitas canoas de arroz de sequeiro em casca produzido na colônia de Mangabeira em agricultura familiar para beneficiamento em usina em Belém: ao tempo do prefeito Fango Fontes (avô do atual reitor Edson Ary Fontes do IFPA) havia beneficiamento local na "usina de luz" da cidade movida a vapor com queima de lenha extraída da mata pública que existiu no município e hoje é baixada de palafitas. Ou seja, a usina local usava biomassa que hoje até poderia aproveitar a palha do arroz para gerar eletricidade, caso não tivesse sido abandonada para consumo de petróleo exclusivmente para iluminação. Breves produziu arroz de várzea...

Portanto, não venham nos dizer que geração de emprego e renda local pelo cultivo de arroz é uma grande novidade no Marajó. A novidade é a mecanização com plantio comercial de larga escala... E aí é que a porca torce o rabo! Pois a larga experiência mostra que o controle de pragas pedirá em breve agrotóxicos que hão de contaminar as águas superficiais e o lençol freáticos e a produtividade comercial e industrial exigida reclama fertilizantes artificais, que roubarão oportunidade de ostentar propaganda de produto "verde". Então, adeus paraíso ecológico e ecoturismo que a gente sonhava!!!...

Por que tonta afobação neste caso movido a máquinas poderosas se o PLANO MARAJÓ se arrasta a trote de búfalo? Cadê o parecer dos universitários? Cadê o EIA/RIMA da coisa? Começou mal o grupo do Deputado Quartiero aparecendo na foto de costume como reis dos atropeladores do desenvolvimento sustentável por via dos fatos consumados... É isto cheira a problema e confusão como a fama de Roraima...

Tomara, meu Deus tomara, com as benções do Glorioso São Sebastião os arrozais dos campos de Cachoeira terminem sendo um "case" de sucesso fazendo o bem tanto a gregos quanto aos troianos.  

FAZENDO A COISA CERTA:
TRANSVERSALIDADE DA INTELIGÊNCIA PARA O "PLANO MARAJÓ" NA PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA E CARIBE.

Nenhum homem é uma ilha... Tampouco a chamada "ilha" do Marajó que, de fato, é a região Amazônia Marajoara fazendo parte da área cultural das Guianas a par do Amapá e Baixo-Amazonas. Para que se não nos acusem de "encrenqueiros" radicais, digamos logo que os arrozeiros de Roraima ainda poderão ser bem-vindos ao Marajó se eles e seus aliados fizerem a coisa certa... Começa, todavia, que um termo de ajuste com o governo do Pará faria bem a todas as partes.

Principalmente para que o linhão de energia elétrica do PLANO MARAJÓ - responsabilidade da estatal ELETRONORTE em parceria com a privatizada Rede-CELPA - cumpram imediatamente seu compromisso assumido de levar conexão elétrica para Cachoeira do Arari (ou Salvaterra) a fim da empresa arrozeira instalar a sua usina de beneficiamento de arroz no Marajó e não em Icoaraci onde instalou devido a pressa com o Deputado Quartiero começou sua aventura marajoara.

Um termo de ajuste desta natureza deveria ter visão de conjunto e não apenas "quebrar galho" pontualmente... Chamando a Rede-CELPA a cumprir seu compromisso com o PLANO MARAJÓ, por consequencia outros produtos que estão esperando pela boa vontade da concessionária teriam ajuda que está faltando, como o queijo por exemplo, Então, dum ácido limão galego a gente faria uma limonada: outros segmentos socioambientais começariam a ter vantagem com a presença dos arrozeiros migrantes de Roraima. Depois toda a cadeia produtiva do arroz marajoara se tornaria viável.

Resolvida a questão ambiental quase 100%, conviria convidar a EMBRAPA e o SENAR a entrarem na roda a fim de estudar a equação do ARROZ ORGÂNICO como mais valia dos campos do Marajó casando agricultura familiar e empresa-âncora (no caso o grupo Quartiero + fazendas de arrendamento do projeto) para distribuição da produção e venda através da rede de supermercados credenciadas pelo programa Brasil sem Miséria, fazendo jus ao selo oficial da agricultura familiar.

Assim, fazendas com terras improdutivas poderiam aderir ao projeto ARROZ ORGÂNICO nos termos acima sugeridos; arrendando parcialmente terreno com aval de fundo público específico já com vistas à futura reserva da biosfera Marajó-Amazônia chancelada pela UNESCO. Além do arroz, a piscicultura notadamente de tamuatá deveria ser incluída sob parceria da FAO, criação de aves (patos principalmente), carne "verde" de búfalo, fazendas de jacaré, etc. Permitica captura sob manejo de muçuã, pirararucu, marreca para uso exclusivo e controlado em turismo com base em comunidade tradicional integrada a fazendas tradicionais e arqueologia marajoara (leia-se Museu do Marajó).

Feita a lição de casa, esta Amazônia Marajoara -- nacionalmente reconhecida e amparada -- estaria pronta como plataforma produtiva integrada anexa à ZPE Macapá-Santana visando, pelo menos, o mercado das Guianas (Guiana francesa, Suriname, Guiana e Venezuela) e Caribe. Falando disto, pensamos da "carne verde" e do queijo de búfala em primeiro lugar, mas também do açaí e do pescado... Utilizando a ponte do Oiapoque além de outros meios de transporte.

Mas, então, isto é utopia? É sim, muito utópico no sentido que não existe ainda... porém pode existir se houver vontade política e boa vontade de todas as partes envolvidadas. A realidade está na cara e dispensa comentários.... vejam a seguir, como exemplo a ser adaptado às condições da região, como o SENAR e a empresa Perdigão contemplaram a produção de leite no Rio Grande do Sul. Vale para o leite como para qualquer outro produto em parceria empresa-comunidade-extensão rural. Marajó não valerá uma missa? Tal qual Paris...

Senar-RS firma parceria com Perdigão para garantir qualidade do leite

Programa de treinamento pretende repassar conhecimento técnico e aprimorar a profissionalização dos produtores de leite

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Senar-RS, firma, nesta sexta-feira (05/09), às 17 horas, parceria com a empresa Perdigão para a realização de Programa de Formação Profissional de Fornecedores de Leite. O termo de cooperação será assinado na Casa da Perdigão (quadra 26), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

O programa a ser desenvolvido pelo Senar-RS é composto de treinamentos voltados à profissionalização e capacitação de produtores parceiros, transferindo conhecimentos técnicos que, incorporados ao sistema produtivo, agregam valor ao produto final e, conseqüentemente, aumentam a competitividade. Serão beneficiados 21 municípios gaúchos. O público-alvo são os fornecedores de leite da Perdigão, que participam do programa de fidelização da empresa.

O principal objetivo deste programa é garantir a produção de leite com qualidade, de forma sustentável e competitiva. Para a Perdigão a capacitação de produtores é fundamental para o aperfeiçoamento da atividade leiteira. Dentro deste foco, a empresa buscou parceria com o Senar-RS, que é referência em aprendizado rural e informação para trabalhadores e produtores em geral.

Dividido em três módulos, sendo o primeiro “Encontro técnico para nivelamento de conceitos”, o programa alinhará as diretrizes estratégicas de cada parceiro, fazendo com que os participantes conheçam o sistema de trabalho do Senar-RS e da Perdigão. Nesta etapa, também serão nivelados os conceitos técnicos do plano de trabalho permitindo maior coesão e fundamentação para as ações.

Já o segundo módulo, “Treinamentos de Capacitação Técnica Para a Produção Leiteira”, transmitirá aos produtores conhecimentos técnicos necessários à área, como: nutrição do gado leiteiro, reprodução e melhoramento genético de bovinos e manejo de ordenha e qualidade do leite. Esses três pontos vão ao encontro da demanda feita pela Perdigão, que solicitou a abordagem de outros temas como: contagem bacteriana, células somáticas, incremento na porcentagem de gorduras e proteínas.

O terceiro módulo, “Reunião Técnica para Avaliações de Resultados”, consistirá na apresentação e avaliação dos resultados observados ao longo de todo o desenvolvimento dos trabalhos. Para se inscrever no programa é preciso ter, no mínimo 16 anos, e ser alfabetizado.

Expointer - O Sistema Farsul (Farsul, Senar-RS e Casa Rural) estará promovendo uma série de atividades, nesta sexta-feira, 5/9, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio:
9 horas – Reunião de coordenadores do Programa Alfa
Local: Auditório do Senar-RS
14 horas – Inauguração Oficial da Expointer 2008
17 horas - Senar-RS e a empresa alimentícia Perdigão assinam termo de cooperação para a realização de programa de formação profissional voltado a produtores rurais que desenvolvem a atividade leiteira.
Local: Casa da Perdigão (quadra 26)
20 horas – Entrega de Prêmios Farsul - Banrisul
Local: Auditório da Farsul

Mais informações: Assessoria de Comunicação do SENAR-RS – (51) 9914.9221
    Assessoria de Comunicação da FARSUL – (51) 9987.3818


DALCIDIO JURANDIR: UMA CRITICA ABERTA ÀS UNIVERSIDADES

Nós somos gratos ao Instituto Peabiru com o Programa VIVA MARAJÓ, que vem preenchendo uma lacuna deixada pelo conjunto de estabelecimentos superiores de educação e pesquisa com atuação em Marajó, no que concerne ao debate das questões mais importantes da atualidade para as populações dos 16 municípios da mesorregião. Oxalá que, de modo formal, a UFPA, UEPA, UFRA,  IFPA, Museu Goeldi e EMBRAPA venham se somar ao VIVA MARAJÓ levando a extensão as populações locais de maneira efetiva, inclusive com os modernos recursos eletrônicos hoje disponíveis. Vejam o que o grande escritor marajoara declarou sobre o assunto, em seu tempo:

"A responsabilidade que têm os professores do Pará, sobretudo os universitários, eu considero como dramática. Já imaginou um professor dando aula na Faculdade de Filosofia sobre Platão ou os Pré-Socráticos, quando essa mesma Faculdade se encontra cercada de milhares de pessoas que não sabem nem ao menos as primeiras letras; isso faz lembrar as Universidades Medievais. Mas naquela época tinha explicação.
(...) Aproveito a sua pergunta para observar que a nossa Universidade devia ser uma Universidade especificamente amazônica. Ela não deveria produzir diplomados que exibissem os títulos como simples prendas. A Universidade devia produzir, aqui, geógrafos, etnógrafos e economistas, seguindo a tradição dos sábios que estiveram na Amazônia.
Sabemos grande coisa da Amazônia pela obra dos estrangeiros. Estes tinham a cultura que adquiriram nas suas Universidades, para poder observar a Amazônia não apenas do ponto de vista científico, mas com o ponto de vista de sua sensibilidade. Tenho medo de que a Universidade faça pequenos monstros livrescos e não homens da Amazônia, equipados para interpretar a gente e a terra".
(Dalcídio Jurandir, Entrevista concedida a Agildo Monteiro, para um jornal do Pará, não identificado e sem data. In: Nunes, B., Pereira, R. e Pereira, S. R. (Orgs.), Dalcídio Jurandir. Romancista da Amazônia. Belém: SECULT, 2006, p. 159).