terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CARTA À PRESIDENTA

pintura moderna sobre arquétipo da grande mãe:
teoria Gaia, a mãe Terra, Pachamama.



BREVE INICIAÇÃO AO CONHECIMENTO DO ETERNO FEMININO:
O ESSENCIAL DA CULTURA MARAJOARA.


"Mulheres curadoras" por Mani Alvarez. " Erveiras, raizeiras, benzedeiras, mulheres sábias que por muito tempo andaram sumidas, ou até mesmo escondidas. Hoje retornam com um diploma de pós-graduação nas mãos e um sorriso maroto nos lábios. Seu saber mudou de nome. Chamam de terapia alternativa, medicina vibracional, fitoterapia, práticas complementares…são reconhecidas e respeitadas, tem seus consultórios e fazem palestras. As mulheres curadoras fazem parte de um antigo arquétipo da humanidade. Em todas as lendas e mitos, quando há alguém doente ou com dores, sempre aparece uma mulher idosa para oferecer um chazinho, fazer uma compressa, dar um conselho sábio. Na verdade, a mulher idosa é um arquétipo da ‘curadora’, também chamada nos mitos de Grande Mãe. Não tem nada a ver com a idade cronológica, porque esse é um arquétipo comum a todas as mulheres que sentem o chamado para a criatividade, que se interessam por novos conhecimentos e estão sempre a procura de mais crescimento interno. Sua sabedoria é saber que somos “obras em andamento’, apesar do cansaço, dos tombos, das perdas que sofremos… a alma dessas mulheres é mais velha que o tempo, e seu espírito é eternamente jovem. Talvez seja por isso que, como disse Clarissa Pinkola, toda mulher parece com uma árvore. Nas camadas mais profundas de sua alma ela abriga raízes vitais que puxam a energia das profundezas para cima, para nutrir suas folhas, flores e frutos. Ninguém compreende de onde uma mulher retira tanta força, tanta esperança, tanta vida. Mesmo quando são cortadas, tolhidas, retalhadas, de suas raízes ainda nascem brotos que vão trazer tudo de volta à vida outra vez. Por isso entendem as mulheres de plantas que curam, dos ciclos da lua, das estações que vão e vem ao longo da roda do sol pelo céu. Elas tem um pacto com essa fonte sábia e misteriosa que é a natureza,. Prova disso é que sempre se encontra mulheres nos bancos das salas de aula, prontas para aprender, para recomeçar, para ampliar sua visão interior. Elas não param de voltar a crescer… Nunca escrevem tratados sobre o que sabem, mas como sabem coisas! Hoje os cientistas descobrem o que nossas avós já diziam: as plantas têm consciência! Elas são capazes de entender e corresponder ao ambiente à sua volta. Converse com o “dente-de-leão” para ver… comunique-se com as plantas de seu jardim, com seus vasos, com suas ervas e raízes, o segredo é sempre o amor. Minha mãe dizia que as árvores são passagens para os mundos místicos, e que suas raízes são como antenas que dão acesso aos mundos subterrâneos. Por isso ela mantinha em nossa casa algumas árvores que tinham tratamento especial. Uma delas era chamada de “árvore protetora da família”, e era vista como fonte de cura, de força e energia. Qualquer problema, corríamos para abraçá-la e pedir proteção. O arquétipo de ‘curadora’ faz parte da essência do feminino, mesmo que seja vivenciado por um homem. Isso está aquém dos rótulos e definições de gênero. Faz parte de conhecimentos ancestrais que foram conservados em nosso inconsciente coletivo. Perdemos a capacidade de olhar o mundo com encantamento, mas podemos reaprender isso prestando atenção nas lendas e nos mitos que ainda falam de realidades invisíveis que nos rodeiam. Um exemplo? Procure saber mais sobre os seres elementais que povoam os nossos jardins e as fontes de águas… fadas, gnomos, elfos, sílfides, ondinas, salamandras… As “curadoras’ afirmam que podemos atrair seres encantados para nossos jardins! Como? Plantando flores e plantas que atraiam abelhas e borboletas, gaiolas abertas para passarinhos e bebedouros para beija-flores. Algumas plantas ‘convidam’ lindas borboletas para seu jardim, como milefólio, lavanda, hortelã silvestre, alecrim, tomilho, verbena, petúnia e outras. Deixe em seu jardim uma área levemente selvagem, sem grama, os seres elementais gostam disso. Convide fadas e elfos para viverem lá. Este artigo foi publicado pelo Jornal 100% Vida de maio/2012 por Mani Alvarez * Coordenadora do curso de pós-graduação em Práticas Complementares em Saúde — com Gailesh Bruna e outras 4 pessoas.

www.lapachamama.com.br

POST SCRIPTUM

Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff,
Presidenta da República Federativa do Brasil.
 
Com a liberdade oferecida pela rede mundial de computadores e garantia da Constituição-Cidadã a todos brasileiros e brasileiras, dirijo-me à Presidenta da Nação por este meio, revolucionário segundo diz o filósofo Pierre Levy em sua teoria da consciência coletiva.
 
Significa dizer que eu não falo por mim enquanto indivíduo. Nada tenho a dizer nem esperaria que uma mensagem estúrdia como esta, a exemplo de tantas outras tais como garrafa de náufrago nunca chegaram a boa praia e tiveram resposta. Todavia, desta vez, talvez a mensagem da ilha dos marajós tenha 0,01% de chance de aportar no Palácio do Planalto e sensibilizar alguém do terceiro ou quatro escalão burocrático. Alguém, por acaso, que a curiosidade acenda uma luz de consciência e conecte alguns de seus neurônios a milhões e milhões de outros neurônios da Noosfera (*), particularmente a Criaturada grande de Dalcídio Jurandir (populações tradicionais amazônicas)
 
Pessoalmente, dou graças à vida que me tem dado tanto. Entretanto, sinto o angustioso dever de interpretar os sentimentos de tantos parentes ilhados na maior "ilha" fluviomarinha do planeta. Esta gente devia estar agradecida aos senhores e senhoras da república federativa. Sobretudo pela regularização fundiária de terrenos de marinha pela qual servos da gleba, descendentes das tribos extintas do Diretório dos Índios, tiveram expectativa do reconhecimento de seus direitos derivados da espoliação dos antigos Nheengaíbas pelo estado colonial do Maranhão e Grão-Pará. 
 
Mas, o diabo é que esta gente à margem da História espancada pela Pobreza pelas beiras de rios e igarapés vive insegura e cheia de medo que tudo isto seja um sonho e vá acordar um dia pra morrer na praia. Ou acabar desterrada, por ordem dos "donos", a uma invasão de subúrbio em Belém ou Macapá. O cruel problema desta gente que o mundo esqueceu é o fato de que Brasília é longe das regiões amazônicas e Belém do Pará não quer saber da outra margem do rio...
 
A gente agradece ao Lula por ter vindo nos ver em Breves, brevemente, e lançar o "Plano Marajó" em 2007 e tudo mais que se seguiu. A esperança venceu o medo. Porém não é segredo que o Plano não zarpou como era esperado e até hoje está parado no que diz respeito a mais de 500 comunidades locais ilhadas. E a gente acreditava que com a Dilma por madrinha do Marajó os 120 Territórios da Cidadania entrariam na ordem do dia do desenvolvimento socioambiental brasileiro, sendo o Território da Cidadania - Marajó uma vitrine do programa nacional. A gente imagina que segundo relatórios oficiais na Esplanada dos Ministérios tudo vai nos conformes... Só que na beira dos igarapés a história é outra e o réveillon ainda é a poronga à espera da maré onde canta a saracura. Banda larga é espingarda de dois canos em busca das últimas caças no mato, o Mais Médicos está certo. Mas não se pode dispensar o pajé e o Bolsa Família é a tábua de salvação, todavia só a EDUCAÇÃO será a solução se a dita cuja ensinar caboco, além de pescar, a "plantar" o peixe nosso com açaí de cada dia.
 
É claro que onde a lenda faz morada, não custa nada crer que a Dilma fosse ser nossa madrinha. Pois, não foi o tal "Plano Marajó" concebido e nascido na Casa Civil da Presidência, filho do GEI-MARAJÓ, tendo Dilma Roussef como parteira desta antiga esperança da gente marajoara?
 
Na verdade, a brava gente marajoara já disse tudo que tinha a dizer desde 1500 anos passados. Pensem bem! O "descobrimento" do Brasil nem havia acontecido... Rios de tinta e montanhas de papel foram gastos por muitos para dar o recado da amazonidade ribeirinha. Só falta o Gigante acordar e escutar nosso grito aflito. 
 
E aí, Presidenta, vai tocar pra valer o "Plano Marajó" pra frente tal qual rebocador possante do desenvolvimento humano sustentável da Criaturada grande de Dalcídio?
 
(*) A Noosfera pode ser vista como a "esfera do pensamento humano", sendo uma definição derivada da palavra grega νους (nous, "mente") em um sentido semelhante à atmosfera e biosfera.
Na teoria original de Vernadsky, a noosfera seria a terceira etapa no desenvolvimento da Terra, depois da geosfera (matéria inanimada) e da biosfera (vida biológica). Assim como o surgimento da vida transformou significativamente a geosfera, o surgimento da conhecimento humano, e os conseqüentes efeitos das ciências aplicadas sobre a natureza, alterou igualmente a biosfera.
No Conceito da Noosfera do filósofo francês Teilhard de Chardin, assim como há a atmosfera, existe também o mundo das idéias, formado por produtos culturais, pelo espírito, linguagens, teorias e conhecimentos. Seguindo esse pensamento, alimentamos a Noosfera quando pensamos e nos comunicamos. A partir de então, o conceito de Noosfera foi revisto e consequentemente sendo previsto como o próximo degrau evolutivo de nosso mundo, após sua passagem pelas posteriores transformações de "Geosfera", "Biosfera", "Tecnosfera" (temporária e em andamento) e então Noosfera. A transição da biosfera de uma ordem inconsciente de instinto para a ordem superconsciente de telepatia é uma função da Lei do Tempo e é denominada transição biosfera–noosfera. A transição biosfera-noosfera é o resultado direto do aumento exponencial de complexidade biogeoquímica e a conseqüente liberação de “energia livre” devido à aceleração da transformação termo-químico-nuclear dos elementos.

2 comentários:

  1. Caro Varella, sensatas as palavras da tua carta. Assino ela. Porém, entendo que não devemos exigir apenas da União melhorias pelo Arquipélago do Marajó, faz-se necessário, também, chiarmos com o governador do Estado e com os prefeitos de todos os dezesseis municípios que compõe a ilha.
    No mais, já é um grande começo iniciativas tais quais a tua ao redigir um documento como esse.

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    1. Obrigado pelo seu comentário Adilson. Concordo sobre a União não ser a única responsável sobre Marajó. O chamado PLANO MARAJÓ corresponde exatamente a essa opinião da responsabilidade federativa dos três níveis de governo (União, Estado e Municípios) e acrescenta a participação da sociedade civil organizada. Feliz 2014 com votos de progresso à democracia participativa da comunidade marajoara.

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