segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ave Caruana!





Acredita-se que a lenda da criação do mundo pelos Caruanas é remanescente de antigas povos indígenas que viveram na Ilha do Marajó. Tais povos acreditavam na existência de seres imateriais do fundo das águas, chamados Caruanas ou "bicho do fundo": eles são “naturalmente invisíveis e são os companheiros do fundo, que é tradução de Caruana”, conforme Eduardo Galvão, antropólogo e diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, que com Charles Wagley pesquisaram a pajelança cabocla. Esta é o xamanismo indígena que se baseia em rituais de cura. Tais rituais são executados por meio de pajés e quando há uma sessão de cura, o pajé incorpora os Caruanas que tem o dom de curar os enfermos, a pajelança cabocla é uma religiosidade genuinamente amazônica. 


No mundo ribeirinho, acredita-se, existe sinergia entre natureza e cultura. Todo universo está pleno de energia mágica num infinito processo de transformações sucessivas. Contudo, o mundo visível e o invisível pautam-se por uma ordem natural em equilíbrio mútuo mediante comportamentos sociais e indivíduais. Nesta relação não existe doença e morte natural. De maneira que toda enfermidade e morte é causada por algum desarranjo da ordem natural das coisas. Cuja resiliência os Caruanas podem suscitar por meio dos pajés. 


Nas crenças caboclas, os Caruanas podem adotar formas de animais e plantas reputadas mágicas, tais como o Pavãozinho-do-Pará, boto, Cobra grande, Guará, etc., entre os animais. Os tajás em geral entre os vegetais, especialmente o Tajapuru ou Rio Negro. Para o mundo científico, todavia, o Guará parente do sagrado Íbis no Egito, se classifica da seguinte maneira: Reino Animalia, filo Chordata, classe Aves, ordem Ciconiiformes, família Threskiornithidae; subfamília Threskiornithinae, gênero Eudocimus; espécie Eudocimus ruber. 

Então, se para um caboco penetrar ao mundo científico carece aprender grego; inversamente para um cientista compreender o mundo caboco é preciso visitar um conhecimento antigo em vias de extinção. Assim como o Guará (ibis-escarlate, guará-vermelho, guará rubro e guara-pitanga) ou Eudocimus ruber, classificado por Linnaeus em 1758; se encontra hoje dentre espécies ameaçadas.


O guará é ave nacional em Trinidad e Tobago, ocorria em abundância na Colômbia, Venezuela, nas Guianas e no litoral do Brasil desde o Amapá até o sul do país. Em São Paulo, aparece nos municípios de Cananeia, Iguapé e Cubatão. No Paraná, em Guaratuba; e nos mangues de Guarapari, no Espírito Santo. 

O guará mede cerca de cinquenta a sessenta centímetros. Possui bico fino, longo e levemente curvado para baixo. A plumagem é de colorido vermelho forte, por causa da alimentação à base de camarão e caranguejo. Em cativeiro com mudança da alimentação, as plumas perdem a cor e ficam cor-de-rosa apagado. A reprodução é feita em colônias onde os ninhais são feitos no alto das árvores à beira de mangues. A fêmea põe dois ou três ovos de cor cinza-oliváceo com manchas marrons. Os filhotes nascem marrons, mas ficam com o tom avermelhado-rubro por causa de sua alimentação como já foi dito.




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