terça-feira, 22 de março de 2011

Alfredo's Day em roteiro de Dalcídio Jurandir

Infelizmente, temos nós que estar a mostrar exemplos de fora para abrir os nossos olhos para a prata de casa. Tudo em vão, mas a gente não descansa: água mole em pedra dura tanto bate até que um dia estoura a paciência alheia e alguma coisa há de acontecer. O Brasil não tem ainda nenhum Prêmio Nobel e nossa Amazônia cantada em verso e prosa até agora só teve dois laureados da maior comenda da Academia Brasileira de Letras. O primeiro deles o romancista Dalcídio Jurandir, nascido em casa humilde da vila de Ponta de Pedras na ilha do Marajó, ganhador do Prêmio Machado de Assis de 1972 e o filósofo de Belém do Pará, Benedito Nunes, o de 2010.

nosso provincianismo papa chibé nos faz repetir coisas tais como "papagaio de amassadeira" (expressão popular das vendas de açaí, outrora; a custo de mãos e braços de mulher trabalhadeira geralmente de ascendência nativa).  Para ser modernos, hoje nós falamos de um tal "desenvolvimento sustentável" ditado por ONGs famosas e pressão da mídia internacional; porém mal nos damos conta de que nada neste mundo é mais renovável do que a economia criativa da cultura, nem mais sustentável do que o ecoturismo de base na comunidade.

francamente, os burros somos nós! Quando pensamos que donos do Poder e seus prepostos eleitos ou nomeados - Deus sabe como -, a peso de dinheiro escuso, marquetingue adoidado e votos de analfabetos políticos ao atacado; não entendem do riscado. Qual nada! Por entender é que eles não fazem o esperado nem cumprem o prometido nos palanques. Pois, como uma região ultraperiférica, que nem a nossa condenada a ser "celeiro do mundo", iria conciliar sem contradição grave "padrão de primeiro mundo" (como tenta desde a belle époque da Borracha) para uma escassa minoria e oferta de matéria prima barata sem baixos salários e desqualificada mão de obra semi-escrava à conta do povão tremendão?

A senhora dona antropofagia cultural mora de aluguel nos subúrbios da "metrópole" da Amazônia (seja esta em Belém ou em Manaus). O famigerado Macondo de Garcia Marques é parente próximo de "Marajó" de Dalcídio Jurandir e vai se espalhando mundo afora via êxodo das Ilhas caribenhas ou amazônicas filhas da Pororoca, aqui e acolá.  Mas igrejas e palácios coloniais são belos e os ritos católicos romanos se aculturam com o barroco latino-americano que é uma beleza! A negritude não se faz de rogada e a caboquice sempre presente anda rente como pão quente, benza Deus...

Dialética obriga! Em tempos de crise econômica, rebelião das massas, desastres naturais e acidentes industriais de largo impacto, mais a mudança climática; é tempo de dar a volta por cima apelando à inteligência. O chamado primeiro mundo muito tem a ganhar com o desenvolvimento cultural do terceiro mundo, pois se na verdade quer preservar as florestas tropicais deve ajudar a abrir bons empregos nas cidades da própria região de província e melhorar a qualidade de vida da zona rural satélite. Evitaria assim migração desenfreada para as metrópoles e imigração clandestina transfronteiriça levando a "desordem" até o coração da sagrada Civilização.

pelo turismo com responsabilidade aqueles que, de fato, querem ajudar as regiões pobres ou marginalizadas pela exploração colonial, prestariam ajuda sem dar o peixe da caridade geradora de assistencialismo e dependência econômica. Como em Dublin, na Irlanda, com a literatura de James Joice; um inventado Dia de Alfredo no roteiro de Belém do Grão Pará poderia integrar e desenvolver a paisagem cultural do delta-estuário do "Nilo" amazônico... 

Haja mais criatividade e educação patrimônial. Ver a seguir matéria UOL sobre turismo na Colômbia:
Gabriel García Márquez inspira roteiro em Cartagena
Foi em Cartagena de Índias, na Colômbia, que alguns dos romances do Nobel de Literatura Gabriel García Márquez foram ambientados. Por conta disso, a Escuela de Verano Cartagena de Indias da Universidad Tecnológica de Bolívar e a Empresa Administradora de Recursos Turísticos Patrimoniales criaram um roteiro especial em homenagem a ele. O passeio 'A Cartagena de García Márquez – Histórias reais e imaginárias' mescla ícones da cidade com locais relacionados à biografia do escritor.

Conheça a Cartagena de Gabriel García Márquez

Foto 1 de 11 - Nas ruas estreitas de Cartagena, na Colômbia, é possível observar fachadas que remontam a arquitetura colonial espanhola Divulgação/Proexport Colômbia

O percurso inclui, por exemplo, a Plaza Santo Domingo, onde fica o templo dedicado ao mesmo santo. Uma lenda contada na região diz que o demônio teria se disfarçado de engenheiro para conseguir que fosse construída uma rebuscada torre, que acabou ficando inclinada depois de um ataque de fúria do mesmo. A Plaza de los Coches, citada em 'Do Amor e Outros Demônios'; o Portal de los Escribanos, onde se encontraram os protagonistas de 'O Amor nos Tempos do Cólera' e o Parque Fernández de Madrid, são alguns das 35 paradas que fazem parte do roteiro, que é percorrido em duas horas e meia a pé.

Outros locais também merecem uma visita, como o local em que hoje funciona o hotel Santa Clara. Ali, Márquez construiu a história de amor entre o padre Cayetano Delaura e a jovem Sierva María de Todos los Ángeles (em 'Do Amor...'). Pontos como a antiga sede do jornal El Universal, no qual o escritor trabalhou no início de sua carreira, proporciona outra visita interessante. Na mesma rua de San Juan de Dios fica a Fundação Novo Jornalismo Ibero-americano, fundada por Márquez e seu irmão em 1994. Quem pretende tentar um encontro 'real' pode frequentar o Bazurto Social Club, um dos locais preferidos do escritor para comer as empanadas produzidas ali.

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