Ilmo. Sr.
JAIME DA SILVA BARBOSA,
Prefeito Municipal de Cachoeira do Arari,
Vice-Presidente da Associação de Municípios do Arquipélago do Marajó (AMAM).
A/C do Ilmo. Sr. Wavá Bandeira,
Assessor de Comunicação da AMAM.
Querido amigo Jaime:
Com cumprimentos ao Presidente Pedro Barbosa e mais membros de diretoria, manifesto meu contentamento em ver teu nome como vice-presidente da AMAM.
Crítico frequente dessa associação de prefeitos a qual servi em mais de uma oportunidade com meus modestos préstimos,tenho pela AMAM grande consideração em respeito à causa marajoara a qual tenho antiga dedicação que vem dos anos de 1960, ainda na juventude na minha querida Ponta de Pedras de outrora.
Portanto não me acanho de criticar ou elogiar tudo aquilo que julgo possa interessar à gente marajoara como um todo. Você sabe que tenho particular afeição por Cachoeira do Arari pelo tanto que ela significa em relação à deprimida, maltratada e mal empregada CULTURA MARAJOARA.
A "primeira cultura complexa da Amazônia" (Denise Schaan), que quase ninguém conhece ou está a fim de conhecer: e já se sabe, SÓ SE AMA O QUE SE CONHECE...
Sou consciente das incompreensões e mal entendidos que uma atitude radical como esta pode ter causado ou ainda irá causar a outrem. De toda maneira, cumpre frisar que nesta altura da vida não me move desejo de disputar cargo político ou emprego, tampouco adquirir notoriedade de cunho individual.
Infelizmente, a AMAM não prima por um razoável sistema de comunicação capaz de atender as necessidades de 500 e tantas comunidades locais espalhadas no território insular formado pelos 16 municípios associados. Sem ser mandado ou ter mandato tenho feito o meu possível através da internet para sensibilizar o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo;o qual juntamente com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha; são exemplos para as mais autoridades no uso competente das novas mídias em redes sociais, sobre a urgência da banda larga a fim de romper o ILHAMENTO das ilhas no boqueirão Pará-Amazonas, a AMAZÔNIA MARAJOARA.
Eu não tenho dúvida de que a AMAM e cada um dos municípios como instituição estão interessados em que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL)chegue imediatamente às ilhas do Marajó prestar enormes benefícios de interesse da saúde, da educação, da cultura, da segurança pública e do turismo.
O que eu estou a dizer aqui e em outras ocasiões é que prefeitos, vereadores, secretários e assessores com atuação em regiões ultraperiféricas - como é o nosso caso - carecem com urgência fazer uso destas ferramentas. Permitindo, além do telefone celular privado; interagir de maneira a comparecer no fluxo de informações mostrando a cara marajoara de um Brasil que os brasileiros não conhecem e os próprios marajoaras não sabem como mostrar.
Não acredito que alguém ainda pense que é vantagem ficar confinado na beira do rio a ver navios ou entre quatro paredes de gabinete refrigerado a bancar avestruz enterrando a cabeça na areia para fugir dos problemas que a Controladoria Geral da União anda a mostrar na TV para todo mundo.
Pensando assim é que tomo a liberdade de suscitar o debate em torno do que eu acredito daria aos municípios do Marajó e à AMAM como entidade representativa um destaque nunca dantes experimentado.
Isto posto, informo - em qualidade de cidadão na forma da Lei Magna - para acompanhamento e eventuais providências:
1 - bato-me pelo tombamento da CULTURA MARAJOARA no patrimônio imaterial, com base em pesquisas de Anna Roosevelt, Denise Schaan e outros. É certo que o povo acredita em cobra grande, mas não acredita que "cultura enche barriga"... É que nós ainda não fomos capazes de provar em contrário malgrado a mina de teses e dissertações acadêmicas e a pletora de seminários, oficinas e todos esses mais eventos enfadonhos só para pose de jornal e algum faturamento de bandas e festival de cerveja seja como nome de açaí ou camarão...
2 - a reedição da obra de Dalcídio Jurandir em livro popular é um objetivo de importância para toda Amazônia, e Marajó através da AMAM deveria tomar a liderança neste sentido,sobretudo agora que a SEMA vai lançar a candidatura do Marajó como reserva da biosfera, no programa "O Homem e a Biosfera" da UNESCO: consequência tardia do art. 13, VI, parágrafo 2º da CEPa, criando a APA-Marajó e o ZEE do estado;
3 - no contexto da reserva da biosfera Marajó,a reconstrução da casa-museu de Dalcídio Jurandir, em Cachoeira do Arari; pelo Governo estadual não diz respeito somente a este município mas é um equipamento da maior importância para prática do turismo literário (com exemplo da Festa Literária de Paraty-RJ) com potencial para atrair público formador de opinião e colocar todo Marajó no calendário turístico e cultural brasileiro;
4 - naturalmente, o título de patrimônio cultural imaterial do Estado do Pará, conferido à FESTIVIDADE DO GLORIOSO SÃO SEBASTIÃO [Cachoeira do Arari]constitui um primeiro passo de processo mais amplo levando à segunda etapa do INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS - Marajó (a cargo do IPHAN)que está faltando;
5 - a 'municipalização' integrada dos Planos Nacionais de Saúde, Educação, Cultura, Turismo, Comunicações, etc. é um desafio e uma oportunidade para a AMAM em parceria com as 500 e tantas comunidades locais das 'ilhas' do Marajó... Para isto não se pode deixar morrer o PLANO MARAJÓ, como tantos outros, sem foguete e sem bilhete;
6 - o COMO FAZER passa por uma solução compartilhada entre todos municípios na realização do sonho de Giovanni Gallo (cf. "Motivos Ornamentais de Cerâmica Marajoara" com apresentação de Ima Vieira e prefácio de Denise Schaan): ou seja, a criação da FUNDAÇÃO O MUSEU DO MARAJÓ... Gallo queria, sobretudo, um plano de desenvolvimento cultural...sabe-se lá o que significa, hoje, a economia criativa da cultura?
7 - tenho sustentado uma luta quase solitária a este respeito, embora pudesse ter todos motivos para dizer que já fiz o bastante pelo Museu do Marajó enquanto Giovanni Gallo estava vivo... De modo que seria triste engano pensar que me move animosidade ou antipatia à atual diretoria da Associação mantenedora do museu, que aliás ainda não tive o prazer de conhecer ou ser procurado por um só de seus membros.
8 - Ledo engano! Sei o quanto foi difícil, antes e depois da morte do fundador (em 2003)manter abertas as portas do museu. O que desejo é que o IBRAM assuma suas responsabilidade com relação a uma obra emblemática como esta, que em absoluto não era particular do padre Gallo e nem de ninguém...
9 - a dita "FEDERALIZAÇÃO" do Museu do Marajó deve ser o reconhecimento oficial de que a comunidade de Santa Cruz do Arari (1972-1983) e depois de Cachoeira, de 1983 até agora (com recurso oficioso federal e estadual) realizou uma obra a qual a União deve estar presente "ex-officio" e não se escorar na distância nem esperar ser chamada pela gente que faz das tripas coração a fim de não deixar enrolar a bandeira : esta é a tese,não um dogma...
10 - é claro que a comunidade marajoara como um todo, além dos irmãos cachoeirenses em especial (a exemplo do Museu da Maré, no Rio de Janeiro) deverá ser - INDISPENSAVELMENTE - a parceira estratégica de uma tal operação onde o Governo Estadual e a AMAM devem fazer parte necessária.
11 - Ora, se a AMAM é justamente criticada por virar as costas ao drama do Museu do Marajó; como os marajoaras vão reprovar a SECULT ou o Ministério da Cultura de não prestar atenção às nossas queixas?
12 - E se coincide o fato do Prefeito de Cachoeira do Arari acumular o cargo de Vice-Presidente da AMAM, a questão toma nova figura. Pela qual me apresso a informar com distribuição para rede social, o seguinte:
(a) as diversas manifestações deste blogueiro caboco sobre a questão em epígrefe podem ser copiadas diretamente da lista de blogues no rodapé deste (autorizado copyleft citada a fonte); (b) a Ouvidoria do Ministério da Cultura e do Ministério Público no Pará assinalaram conhecimento do assunto; (c) reunião preliminar para troca de informações já foi realizada no Escritório Norte do Minc (Belém).
Isto posto, Caro companheiro Jaime; me despeço reiteirando votos de êxito no cargo e felicidades pessoais confiando que você saberá chamar para si a condução de grupo de trabalho em busca das soluções reclamadas.
saudações Marajoaras!
José Varella Pereira
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