urna marajoara no Museu Nacional, Rio de Janeiro, tirada provavelmente do teso Pacoval do Arari (cf. Barão de Marajó, "As Regiões Amazônicas"), dentre escavações sob responsabilidade de Ladislau Neto para a Exposição Universal de Chicago de 1893* (Estados Unidos), inclusive. A fonte primária sobre achado do primeiro sitio arqueológico de Cultura Marajoara -- o dito teso --, data de 20 de Novembro de 1756, atribuído ao fundador da freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira do Rio Arari (1747), capitão Florentino da Silveira Frade (cf. Alexandre Rodrigues Ferreira, "Notícia Histórica da Ilha Grande de Joanes ou Marajó, 1783).
Por necessidade e acaso, 216 anos após o ocasional achado do sítio do Pacoval nasceu o MUSEU DO MARAJÓ (1972) na margem ocidental do mesmo lago; feito singelamente de "cacos de índio" (fragmentos de cerâmica recolhidos junto a sítios arqueológicos arrombados) e "coisas que não prestam" (velharias descartadas): tal qual a Fênix mítica renascendo das próprias cinzas... Obra coletiva sob cuidados de parteiro da providência chamado Giovanni Gallo, para crentes da pajelança "cabocla" reencarnação de um grande cacique marajoara na longínqua Itália; em realidade um jesuíta insubmisso contagiado da resistência cultural e da esperança da brava gente marajoara no futuro. Ponto de cultura para espera de repatriação do patrimônio da criaturada grande de Dalcídio Jurandir, que se encontra disperso pelo mundo longe da ilha natal da amazonidade.
Giovanni Gallo (Turim, Itália 27/04/1927 - Belém, Brasil 07/03/2003).
O MAPA DO TESOURO DA AMAZÔNIA AZUL
o maior arquipélago fluviomarinho do planeta,
no delta-estuário do maior rio do mundo:
berço da ecocivilização da Amazônia.
A MILENAR ECOCULTURA MARAJOARA
É UM DOM DO RIO BABEL, DITO DAS AMAZONAS, ALIÁS UENE OU PARANÁ-UAÇU.
Conforme Jaime Cortesão ensinou, entre outros, a Corrente Equatorial Marinha foi o mais guardado segrego das antigas navegações no entremeio das célebres "calmarias" na zona tórrida das Antípodas, divisa dos hemisférios Norte e Sul do oceano Atlântico.
Da teoria do segredo resulta a lendária "ilha do Brazyl" (pigmento mineral vermelho achado nas ilhas Britânicas e vendido a peso de ouro na Europa continental para tinturaria de tecidos da nobreza), procurada no imaginário país de São Brandão e ilhas Afortunadas. Enfim, a tal "ilha" foi achada no Grão-Pará para ser descoberta na Bahia de Todos os Santos, garantindo os direitos de Portugal ao Caminho Marítimo das Índias.
Quer dizer, nos termos do Tratado de Tordesilhas de 1494 entre Espanha e Portugal, o Brasil foi achado secretamente no Pará pelo cosmógrafo do rei de Portugal Duarte Pacheco Pereira, em 1498, que confirmou mediante observação astronômica in sito o conhecimento geográfico anterior do Caminho pelos nautas portugueses, amealhado desde antes da conquista de Ceuta (1415) e da Guiné (1441) para, finalmente, ser descoberto na Bahia por Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500. Mais informações sobre os descobrimentos portugueses:http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses#A_costa_oeste_de_.C3.81frica ].
Antes do descobrimento, entretanto, desembarcando do mito das Ilhas Afortunadas o monte Brasil já se encontrava pisando terra ancorado no topo da ilha Terceira, do arquipélago dos Açores. O célebre Cristóvão Colombo (aliás, Salvador Fernandes Zarco) havia descoberto as Índias Ocidentais (Amerik, o "país do Vento"; na civilização Maya). E o piloto e sócio de Colombo, o espanhol Vicente Yañez Pinzón, em janeiro de 1500, já tinha avistado o cabo de Santo Agostinho (Pernambuco), desembarcado no Ceará e atacado a ilha Marinatambalo (Marajó), na foz do grande rio Santa Maria de La Mar Dulce (Amazonas) arrancando dali 36 "negros da terra" (escravos indígenas) -- com certeza, os primeiros escravos de europeus na América do Sul, provavelmente índios Aruã, talvez da velha aldeia (vila de Chaves?, em 1758 na reforma toponímica do Diretório dos Índios, entre 1757 e 1798) situada na "Punta de los Esclaus" (ponta dos Escravos), conforme mapa histórico do século XVI na "Cartografia da Região Amazônica", organizada por Isa Adonias.
Os ditos 36 índios marajoaras capturados juntos com um "animal monstrosum" (uma mocura com filhotes) por Pinzón (cf. relato da viagem de Vicente Pinzón, in Nelson Papavero, "O Novo Éden") foram levados à ilha Hispaniola (hoje a República Dominicana), onde anos mais tarde o governador e cronista espanhol Gonzalo Fernandez Oviedo comentou o descobrimento do "rio de Orellana" (Amazonas) e conjecturou que o ataque sofrido pelos dois bergantins espanhóis, na passagem das ilhas do Marajó, comandados por Francisco de Orellana segundo relato de frei Gaspar de Carvajal, em 1542, seria resultado do ódio que os índios do Baixo Amazonas guardaram da má lembrança de Pinzón até duas gerações passadas: prova de que a história oral, para povos tradicionais iletrados, é mais presente muitas vezes que a escrita entre populações mal alfabetizadas.
Já desde o início do choque da Conquista entre os índios Tainos e Kalinas das ilhas do Caribe os conquistadores eram odiados e temidos pela crueldade e violência. Na Terra Firme (continente) a destruição das Índias, com testemunho do dominicano Bartolomeu de Las Casas, acentuou-se com o horror de um genocídio em larga escala. Desde a tomada do Maranhão aos franceses, em 1615, os portugueses aliados ao inimigo hereditário Tupinambá foi visto pela multidão aruaca do rio Babel (Amazonas) do mesmo modo que os perversos espanhóis e, genericamente, todos ibéricos receberam apelido de Cariuá ("chefão malvado"), por oposição a Panaquiri ("homem branco") modo como mercadores holandeses e ingleses eram geralmente tratados pelos índios da Amazônia colonial no comércio de escambo praticado, desde fins do século XVI até quase metade do século XVII, entre as colônias da Holanda e Inglaterra nas Guianas e a suposta possessão espanhola no baixo curso do rio Amazonas, nos termos de Tordesilhas.
ANTIGUIDADE AFRICANA NA AMÉRICA
Entre a mãe África e a América há mais coisas que sonha nossa vã geografia... Começa pela geologia, evidentemente, mas o que mais existe entre a "última fronteira da Terra" (Amazônia) e a primeira de todas fronteiras da velha Terra Plana, onde houve início a primitiva diáspora na descoberta do mundo? Quantos elos perdidos do continuum das migrações ancestrais? [Sobre o latinismo continuum, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa informa que se trata de «série longa de elementos numa determinada sequência, em que cada um difere minimamente do elemento subsequente, daí resultando diferença acentuada entre os elementos iniciais e finais da sequência» e de «conjunto de todos os números reais ou o produto cartesiano de conjuntos de reais»].
O "homem de Lagoa Santa", por exemplo, poderia ser africano? Se assim for, por que não foram numerosos seus descendentes e de sua prima "Luzia" em comparação aos índios? Ou teriam eles se miscigenado às populações indígenas do Brasil até o século XVI, como estas últimas, desde o século XVIII até hoje, se mestiçaram com escravo africanos e colonos europeus que estão à origem da atual população brasileira? [http://pt.wikipedia.org/wiki/Luzia_%28f%C3%B3ssil%29].
Já se sabe da rota dos migrantes da África antiga para a Austrália e Nova Zelândia atravessando a Nova Guiné, são eles os chamados Aborígenes e Maoris, respectivamente. A água é fonte da vida e rios e correntes marítimas são estradas líquidas que viajam sem parar. Nas terras baixas da América do Sul, segundo a teoria da passagem do estreito de Bering, vindo da Ásia o Homo sapiens chegou a América há uns bons dez mil anos atrás.
Não é nada, comparado a um milhão de anos dos nossos primeiros antepassados humanos (sabendo que temos também antepassados pré-humanos): humanidade filha da animalidade... O homem amazônico original foi apelidado de paleo-índio por antropólogos europeus e o sábio luso-brasileiro de Coimbra, Alexandre Rodrigues Ferreira, na "Viagem Philosophica", o classifica particularmente como ramo diverso da humanidade achando no Grão-Pará um certo "H. sapiens var. Tapuya", cuja cabeça degolada e devidamente empalhada como troféu de guerra entre nações indígenas em luta na região, ele remeteu escrupulosamente à Universidade de Coimbra na primeira ocasião após sua chegada, em 1783. O que não deixa de ser uma curiosa discriminação "científica" do século das Luzes sob a linha do equador...
Sabemos quanto são arbitrários nomes científicos ou não e quanto os homens se esmeram por desvendar mistérios e saber a "verdade" das coisas e dos fatos aos quais classificam como lhes parece na fronteira incerta entre a Cultura e a Ciência. O velho mundo que os viajantes e naturalistas criaram guarda preciosas informações à infinita descoberta da vida e do universo onde seres vivos ou imaginários habitam. Porém, o saber adverte aos estudiosos da Babel que carece ostentar aviso no espingarito das ideias, como farol dia e noite aceso; bem no alto da torre alegórica das línguas e culturas: Cuidado, o mapa não é o território. O território nunca termina de ser feito, pelo bom motivo que os habitantes jamais acabam de se reinventar a si mesmos.
Ademais, na última fronteira, carece recuperar a linguagem perdida da alegoria e do sonho, que foi no passado remoto apanágio de velhas sociedades tribais de raiz da Civilização multicultural do presente. Tal qual grandes serpentes míticas há rios de verdade que se movem dentro de mares e terras sem fim: as maiores cobras grandes são rios propriamente ditos, como o Gânges, o Nilo, o Eufrates, o Congo e outros rios sagrados em suas respectivas civilizações ribeirinhas.
E há "serpentes do Mar" que são correntes marítimas físicas e mitológicas ao mesmo espaçotempo... O "Mar-Oceano" (Atlântico) é habitado de muitas lendas figurando cobras grandes, tritões e sereias que antigos navegadores da Fenícia, Grécia, Cartago e Escandinávia conheciam como a palma de suas mãos. Rodas dentro de rodas, mundos dentro do mundo; ilhas e antilhas; tal é a diversidade cultural tecida pela corda da biodiversidade no diálogo permanente, nem sempre harmonioso, entre homem e biosfera.
Por isto, tais como caminhos terrestres os caminhos marítimos deram azo a muitos segredos e mistérios desde a mais longínqua antiguidade da Oceanografia planetária. Da Contracosta africana atravessando o Atlântico, de leste a oeste, em direção à Contracosta das ilhas do Marajó no Golfão Marajoara; a corrente equatorial marítima é a grande serpente zeladora de arcanos de antigas navegações e acidentais travessias envoltas em fantasia e mistério dispartidas entre populações costeiras ao longo da Corrente Brasileira para sul e da Corrente das Guianas além do Cabo Norte rumo à Corrente do golfo do México para o norte.
Mas, nós sabemos felizmente que mistérios são, em grande parte, conhecimentos empíricos incompletamente explicados e mantidos pela tradição oral como pistas a novos descobrimentos, conforme a evolução da humanidade filha da animalidade.
A LENDA DA POROROCA REPORTA A PRIMEIRA TRAVESSIA DO OCEANO ATLÂNTICO?
"As civilizações pretas foram as primeiras civilizações do mundo. O desenvolvimento da Europa esteve na retaguarda, pela última idade do Gelo, um assunto de uns cem mil anos".
Cheik Anta Diop
Uma antiga lenda na ilha do Marajó dizia que o fenômeno da Pororoca (maré de sizígia durante a maior cheia do Amazonas de encontro à corrente oceânica) tem causas mágicas precisas. Os ribeirinhos que tem intimidade com a Pororoca (do Nheengatu, "grande zoada") sabem perfeitamente a "maré de lua" em que o fenômeno ocorre e os pontos do rio onde fundear canoas sem perigo de ser levadas e destruídas pelas águas em transe.
No misterioso reino da mãe d'água, nossa senhora a Yara; que existe na terceira margem do rio e no fundo das águas grandes, em certa época do ano, levantam-se vagalhões que vencem a correnteza do rio grande e sobem com estrondo que se ouve a quilômetros de distância, levando arrebentação pelas margens e baixios até muito longe terra adentro.
As três primeiras ondas -- cabeça da Pororoca --, diziam antigos cabocos ribeirinhos, são três "pretinhos" da Guiné encantados que aos olhos dos videntes parecem surfar sobre as águas convulsas. Aqui termina a lenda e começa a especulação filosófica da tradição oral dos povos das águas:
200 anos antes de Colombo o rei do Mali, Abubakari II, teria empreendido viagem de travessia do oceano Atlântico precedida de um destacamento precursor de duzentos remadores em caiaque. O imperador negro cogitava descobrir a outra margem do "grande rio salgado" maior que o Níger e certificar-se da estranha teoria, que ele escutava dizer entre membros de seu conselho em Timbikutu, de que o mundo seria talvez semelhante a uma grandíssima cabaça.
O relato encontrado no Cairo conta que os primeiros expedicionários depois de muitos dias de viagem pelo mar atingiram o extremo ocidente e chegaram à foz de um grande rio de água doce (donde, atualmente, se supõe ser o rio Amazonas). Nesse momento as águas do rio e do mar entraram a lutar umas contra as outras entrando em convulsão, numa formidável batalha de titãs.
Então, assustados com o que viam, os canoístas do imperador mandinga foram tragados pelas ondas furiosas e sumiram, encantados, por suposto. Com exceção de dois deles, que vinham por último e com grandes penas conseguiram se afastar da costa seguindo o curso da corrente ao largo até rodar ao meio do Oceano e tomar direção pelo nascer do sol para ir de volta até o ponto de partida no rio Gâmbia, onde contaram o insucesso da jornada a emissários do rei.
Abubakari, longe de se abater com a notícia e desistir da aventura transoceânica, decidiu vir ele mesmo em pessoa à frente de 2000 homens embarcados numa flotilha especialmente preparara e equipada para esta incrível missão. De certo modo, podemos nós dizer que o rei do Mali não apenas chegou a América; mais exatamente, que assentou seu novo império junto aos tainos de Hatuey -- primeiro rebelde das Américas --, no Haiti (donde certos "índios-pretos" armados de lanças com ponta de bronze, dos quais Colombo escreveu em suas memórias do descobrimento do novo continente); duzentos anos antes de Colombo, como também foi ele precursor da Mina espiritual da transmigração do Rei Sabá com a corte dos Turcos encantados, que foi patente com a morte do rei português Dom Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir (Marrocos), em 4 de agosto de 1578; para ficar encantado nas águas misteriosas da costa do Maranhão e Grão-Pará.
Por uma parte, o transfigurado Dom Sebastião-Rei Sabá antecipado pela travessia marítima de Abubakari II, prenuncia avanço da utopia milenarista de Joaquim de Fiori ao Novo Mundo, que o Padre Antônio Vieira mais tarde faria retumbante sucesso com a profecia do Quinto Império do mundo, anunciado em Cametá, Pará, em 19 de abril de 1659. Plantada a semente utópica sebastianista da "História do Futuro" no cenário inverossímil do Rio dos Mapuá, hoje em realidade Reserva Extrativista de Mapuá (Breves-Marajó), lugar de memória e patrimônio natural da Pax Amazonica de 27 de agosto de 1659. Tal qual as águas do rio e do mar se misturam de maneira incerta, na Amazônia, a única coisa certa é que tudo é incerto (e, portanto, nunca se sabe exatamente onde o mito acaba e a história começa). Tormento cartesiano...
A cabo de quarenta e quatro anos de renhida guerra de conquista do Rio Babel pela união de arcos e remos do Bom Selvagem conquistador da mítica Yvy Marãey ("terra sem mal") e as armas e barões assinalados da Feliz Lusitânia (Belém do Grão-Pará), por necessidade a acaso, a paz dos Nheengaíbas foi feita na mais descaroçada lógica para quem não saiba as razões desta gente do circum-caribe em buscar o país do Cruzeiro do Sul, Arapari dos aruaques.
É certo que muito antes dos navios negreiros, a corrente equatorial marítima transportou plantas, animais e destroços desde o golfo da Guiné para a costa do Brasil, repartida entre a corrente brasileira para sul e a corrente da Guianas ao norte. A possibilidade da aventura marítima do rei do Mali ter sido verdadeira não deve ser descartada. Antigas navegações fenícias e gregas, acidentalmente, poderiam também chegar ao extremo ocidente, embora nada tenha sido comprovado a este respeito, historicamente falando. Todavia, mitos e lendas perduram: são loucos os que levam a Mitologia ao pé da letra e mais loucos os que a desdenham sem nenhum cuidado.
Quando, efetivamente, índios do Marajó viram o primeiro negro africano nestas paragens? Qual o motivo dos cabocos ribeirinhos descendentes daqueles indígenas de outrora terem associado a magia da Pororoca aos tais "pretinhos" encantados? São indagações dignas de antropólogos culturais criativos.
É certo que pesquisadores africanos navegam estas mesmas águas. Gaossou Diawará, do Mali, é um deles, ele estudou jornalismo e literatura, fez
doutorado em dramaturgia. Tornou-se autor premiado, cavaleiro da Ordem
Nacional do Mérito da França e de seu país, vencedor do Prêmio UNESCO de poesia e ganhou prêmio drama
Cross-Africano.
Diawara diz que africanos “descobriram” a América dois séculos antes de Cristóvão Colombo [cujo nome verdadeiro seria Salvador Fernandes Zarco, judeu português nascido na vila de Cuba, no Alentejo; por este motivo deu ele nome à ilha de Cuba, no Caribe; para ocultar sua origem judaica diante da perseguição da Inquisição à religião de Moisés. Colombo utilizava sigla cabalística em latim: “Fernandus, ensifer copiae Pacis Juliae, illaqueatus cum Isabella Sciarra Camarae, mea soboles Cubae sunt”. Que significa: “Fernando, que detém a espada do poder em Pax Julia, ligado com Isabel Sciarra da Câmara, são a minha geração de Cuba”, ou seja “Fernando, duque de Beja e Isabel Sciarra da Câmara são os meus pais de Cuba”]. Em suas pesquisas o pesquisador africano, tem explicado o silêncio dos griôs, os maiores historiadores da história oral africana, que se tem quebrado aos poucos a fim de divulgar a história de Abubakari II e sua saga pioneira no oceano Atlântico.
Diawara diz que africanos “descobriram” a América dois séculos antes de Cristóvão Colombo [cujo nome verdadeiro seria Salvador Fernandes Zarco, judeu português nascido na vila de Cuba, no Alentejo; por este motivo deu ele nome à ilha de Cuba, no Caribe; para ocultar sua origem judaica diante da perseguição da Inquisição à religião de Moisés. Colombo utilizava sigla cabalística em latim: “Fernandus, ensifer copiae Pacis Juliae, illaqueatus cum Isabella Sciarra Camarae, mea soboles Cubae sunt”. Que significa: “Fernando, que detém a espada do poder em Pax Julia, ligado com Isabel Sciarra da Câmara, são a minha geração de Cuba”, ou seja “Fernando, duque de Beja e Isabel Sciarra da Câmara são os meus pais de Cuba”]. Em suas pesquisas o pesquisador africano, tem explicado o silêncio dos griôs, os maiores historiadores da história oral africana, que se tem quebrado aos poucos a fim de divulgar a história de Abubakari II e sua saga pioneira no oceano Atlântico.
A história de Abubakari II permaneceu em silêncio no Mali por motivo dele ter renunciado ao trono. Seu sucessor, Kankan Mansa Musa, o décimo imperador Mansa, ou imperador do Mali durante seu auge no século XIV, entre os anos de 1312-1337, tornou-se famoso por ser um dos grandes mecenas do conhecimento em Timbuktu, capital do antigo império mandinga.
No reinado de Mansa Musa, houve crescimento dos grandes centros do Mali em comparação à Europa ainda pouco desenvolvida. Musa ficou conhecido por sua faraônica peregrinação a Meca, onde levou caravana com mais de seis mil pessoas e mais de cem camelos carregados cada um com 300 quilos de ouro. Esta abundância de metal nobre muito superior à riqueza de mercadorias no país teria causado notável inflação na economia do Egito na época. Foi durante a estada de Mansa no Cairo a caminho de Meca que a história de Abubakari II, em 1311; se tornou conhecida e foi registrada por escribas do Faraó, de maneira que uma cópia chegou ao arquivo nacional da França, em Paris.
Outra versão, provinda de Caracas através da comissão mista de demarcação da fronteira Brasil-Venezuela, atribui a Gao o feito da primeira travessia do Atlântico em condições semelhantes à história de Abubakari. Este com uma frota de navios e aquele apenas com uma flotilha de caiaques e remadores a remo cruzando a Corrente Equatorial Marítima, segundo esta segunda versão uma mesquita na cidade de Gao foi erguida em sua memoria. Todavia, a história de Gao, anterior à Abubakari, está ligada ao reino Songhai rival dos Mandingas. [http://afrologia.blogspot.com.br/2008/03/civilizao-dos-songhai-dos-sculos-xii-ao.html ]
De acordo com Mark Hyman, autor do livro "Blacks Before America", Abubakari II acreditava no "mundo em forma de cabaça, o grande oceano a oeste e o novo mundo para além desse". Hyman afirma que maleses entrevistaram navegadores e construtores do Egito e cidades do Mediterrâneo, decididos a construir seus próprios navios na costa da Senegâmbia. Preparativos para a viagem incluíram carpinteiros, ferreiros, navegadores, mercadores, artesãos, joalheiros, tecelões, mágicos, adivinhos, pensadores e militares. A expedição foi planejada e abastecida de alimentos durante dois anos, com carne seca, grãos, frutas em conserva em potes de cerâmica e ouro para comércio.
Diawara escreveu o livro "Abubakari II, Explorador Mandingo" (tradução livre de "Abubakari II, Explorateur Mandingue"), síntese de mais de vinte anos de pesquisa sobre o imperador que, em 1312, renunciou voluntariamente o poder de um vasto império no Oeste Africano para seguir a seu sonho. Verdade ou imaginação? As pesquisas de Diawara foram baseadas na arqueologia, linguística e na tradição oral dos griôs, para comprovar a presença africana nas Américas antes da chegada dos europeus.
O ESTÚRDIO "H. Sapiens Tapuya" E SUAS INVENÇÕES
http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/expo_1893_chicago.htm
Em 2007, quase se realizou grande exposição comparativa entre o Amazonas e o Nilo, adiada sine die em decorrência dos violentos acontecimentos que atingiram o Egito. Uma superexposição com nome de "História de Dois Rios: o Amazonas e o Nilo" reunindo cientistas do Museu Paraense Emilio Goeldi, do Museu do Cairo e outras instituições do Egito, Sudão, Venezuela, Equador e Peru.
Decorridos sete anos ainda sem previsão de nova data para a exposição, o interessante projeto talvez acabe dando oportunidade à participação de novos atores e parceiros, notadamente a UNESCO e países como Estados Unidos, França e Inglaterra que tem museus detendo coleções de cerâmica marajoara (cf. Denise Pahl Shaan, "Cultura Marajoara" e outros estudos sobre arqueologia amazônica).
Seria especialmente desejável seção da amostra a respeito dos mais de 3.000 anos da antiga civilização do Delta do Nilo e a nova civilização amazônica ainda em curso, pela metade de tempo egípcio, iniciada aqui cerca do ano 400 da era cristã no Golfão Marajoara. Talvez isto remediasse o injusto ostracismo do MUSEU DO MARAJÓ, desde seu nascimento até hoje 43 anos depois de sua criação, para entrar em progresso a reboque da supracitada exposição comparativa ou qualquer outra coisa assim. Como, por exemplo, a futura Universidade Federal do Marajó a qual deveria ficar vinculada à exemplo do Museu Nacional integrado à Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Numa nova perspectiva, o Museu Nacional do Rio de Janeiro a par do Museu Paraense Emílio Goeldi deveria participar das tentativas de amparo e institucionalização do modesto ecomuseu marajoara, a fim de dotá-lo de recursos compatíveis para realizar sua elevada missão de revitalizar a antiga Cultura Marajoara de 1800 anos de idade para o desenvolvimento humano da "Criaturada grande de Dalcídio": donde implantação de estrutura destinada a eventual recepção de acervos de cultura marajoara a ser repatriados no futuro, antecedido de intercâmbio com museus nacionais e estrangeiros interessados em cooperar com o projeto e participar da manutenção do futuro museu do Marajó sucessor do atual.
Evidentemente, não se trata apenas de "salvar" um pequeno museu de comunidade por motivos sentimentais. Mas sim de ajudar em sua decisiva aplicação, com visão de Estado, tal como a diretora do Museu Nacional, Heloísa Alberto Torres; manifestou preocupação a respeito da conservação do patrimônio brasileiro pré-colombiano, em 1937; como peça matriz da identidade nacional -- integrada à Educação, Cultura e Desenvolvimento Socioambiental das populações tradicionais da Amazônia brasileira -- duma verdadeira política federativa (reunindo União, Estado do Pará e Municípios da região) de desenvolvimento territorial sustentável.
Decorridos sete anos ainda sem previsão de nova data para a exposição, o interessante projeto talvez acabe dando oportunidade à participação de novos atores e parceiros, notadamente a UNESCO e países como Estados Unidos, França e Inglaterra que tem museus detendo coleções de cerâmica marajoara (cf. Denise Pahl Shaan, "Cultura Marajoara" e outros estudos sobre arqueologia amazônica).
Seria especialmente desejável seção da amostra a respeito dos mais de 3.000 anos da antiga civilização do Delta do Nilo e a nova civilização amazônica ainda em curso, pela metade de tempo egípcio, iniciada aqui cerca do ano 400 da era cristã no Golfão Marajoara. Talvez isto remediasse o injusto ostracismo do MUSEU DO MARAJÓ, desde seu nascimento até hoje 43 anos depois de sua criação, para entrar em progresso a reboque da supracitada exposição comparativa ou qualquer outra coisa assim. Como, por exemplo, a futura Universidade Federal do Marajó a qual deveria ficar vinculada à exemplo do Museu Nacional integrado à Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Numa nova perspectiva, o Museu Nacional do Rio de Janeiro a par do Museu Paraense Emílio Goeldi deveria participar das tentativas de amparo e institucionalização do modesto ecomuseu marajoara, a fim de dotá-lo de recursos compatíveis para realizar sua elevada missão de revitalizar a antiga Cultura Marajoara de 1800 anos de idade para o desenvolvimento humano da "Criaturada grande de Dalcídio": donde implantação de estrutura destinada a eventual recepção de acervos de cultura marajoara a ser repatriados no futuro, antecedido de intercâmbio com museus nacionais e estrangeiros interessados em cooperar com o projeto e participar da manutenção do futuro museu do Marajó sucessor do atual.
Evidentemente, não se trata apenas de "salvar" um pequeno museu de comunidade por motivos sentimentais. Mas sim de ajudar em sua decisiva aplicação, com visão de Estado, tal como a diretora do Museu Nacional, Heloísa Alberto Torres; manifestou preocupação a respeito da conservação do patrimônio brasileiro pré-colombiano, em 1937; como peça matriz da identidade nacional -- integrada à Educação, Cultura e Desenvolvimento Socioambiental das populações tradicionais da Amazônia brasileira -- duma verdadeira política federativa (reunindo União, Estado do Pará e Municípios da região) de desenvolvimento territorial sustentável.
Sobre a Exposição Universal de Chicago, ver Jorge Nassar Fleury da Fonseca (*) em "Artes do progresso: Uma história da visualidade da Exposição de Chicago de 1893"
"O Nosso Museu do Marajó Padre Giovanni Gallo", em sua sede em Cachoeira do Arari
capa da obra de divulgação da Cultura Marajoara, autoria da arqueóloga Denise Pahl Schaan; contendo relação completa de instituições nacionais e estrangeiras detendo posse de coleções e peças de cerâmica marajoara pré-colombiana e capítulo especial sobre o Museu do Marajó.
postado em Belém, Estado do Pará, Amazônia -- Quarta-feira de Cinzas, 2015.
Somos todos ribeirinhos da margem da Via Láctea.
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