ônibus na "rodovia" Macapá-Caiena, uma prova de enduro
para imigrantes brasileiros "clandestinos" na Guiana francesa.
A Alemanha, a Seleção e os Contra
Alemanha, que tá longe de ser poderosa
No Mineirão foi extremamente feliz
Numa tarde bem pra lá de desastrosa
Deu goleada impiedosa no nosso país
Time que penou pra empatar com Gana
Em um sofrido apático dois a dois
Sofreu pra vencer a equipe americana
E outros países que vieram depois
Se de um lado o placar foi elástico
De um outro, qualquer mediano torcedor
Não vê na Alemanha um time fantástico
Nada de antológico, mágico, inovador
E se nada tira os méritos da Alemanha
Vale a pena aqui um destaque especial:
O Brasil, numa infelicidade tamanha
Jogou péssimo, apático, pra lá de mal
Mas o fato é que na Mineiraça tarde
Onde o selecionado alemão nos goleou
O que vimos foi uma grande fatalidade
O nosso Brasil simplesmente não jogou
Com a derrota humilhante, vexatória
A Seleção precisa a cabeça levantar
Visando já a próxima eliminatória
Se renovar para de fora não ficar
Com o triste, catastrófico Mineiraço
Que a Imprensa possa deixar em paz
A brilhante geração do Maracanaço
Aquela Seleção que jogava até demais
Se foi triste ver os bravos torcedores
Chorando muito no fatídico Mineirão
Muito mais triste foi ver os traidores
Desde o início torcendo contra a nação
Gente que na mais leviana das condutas
Revelou-se um Iscariote, um Calabar
Tal como um covarde que foge à luta
Autêntico frouxo, medroso do guerrear
Gente que torce contra os brasileiros
Bem que deveria ir morar no exterior
E vivenciar o dia dia dum estrangeiro
Longe da Pátria, em meio a fria dor.
Jetro Fagundes
Alemanha, que tá longe de ser poderosa
No Mineirão foi extremamente feliz
Numa tarde bem pra lá de desastrosa
Deu goleada impiedosa no nosso país
Time que penou pra empatar com Gana
Em um sofrido apático dois a dois
Sofreu pra vencer a equipe americana
E outros países que vieram depois
Se de um lado o placar foi elástico
De um outro, qualquer mediano torcedor
Não vê na Alemanha um time fantástico
Nada de antológico, mágico, inovador
E se nada tira os méritos da Alemanha
Vale a pena aqui um destaque especial:
O Brasil, numa infelicidade tamanha
Jogou péssimo, apático, pra lá de mal
Mas o fato é que na Mineiraça tarde
Onde o selecionado alemão nos goleou
O que vimos foi uma grande fatalidade
O nosso Brasil simplesmente não jogou
Com a derrota humilhante, vexatória
A Seleção precisa a cabeça levantar
Visando já a próxima eliminatória
Se renovar para de fora não ficar
Com o triste, catastrófico Mineiraço
Que a Imprensa possa deixar em paz
A brilhante geração do Maracanaço
Aquela Seleção que jogava até demais
Se foi triste ver os bravos torcedores
Chorando muito no fatídico Mineirão
Muito mais triste foi ver os traidores
Desde o início torcendo contra a nação
Gente que na mais leviana das condutas
Revelou-se um Iscariote, um Calabar
Tal como um covarde que foge à luta
Autêntico frouxo, medroso do guerrear
Gente que torce contra os brasileiros
Bem que deveria ir morar no exterior
E vivenciar o dia dia dum estrangeiro
Longe da Pátria, em meio a fria dor.
Jetro Fagundes
O ECO DO IPIRANGA
ÀS MARGENS PLÁCIDAS DAS AMAZÔNIAS
O dia 8 de julho de 2014, com o Mineraço palco onde nossos canarinhos levaram uma surra histórica de 7x1 frente à fria e disciplinada equipe alemã entra para o museu da Copa do mundo do futebol como um acontecimento surrealista fora de série, nunca dantes na reta final uma seleção campeã do mundo foi tanto humilhada.
A estonteante derrota da penta campeã seleção brasileira tem repercussão fora das quatro linhas da "arena" e da grande mídia esportiva, para chegar às periferias. Ouço operários de construção vizinha à minha casa falar em meio ao trabalho desta inusitada tragédia. Até a poesia amanheceu de ressaca, como bem demonstra o cordel virtual acima de autoria do poeta popular Jetro Fagundes, espontâneo porta-voz da Criaturada grande de Dalcídio Jurandir.
"Muito mais triste foi ver os traidores
Desde o início torcendo contra a nação
Gente que na mais leviana das condutas
Revelou-se um Iscariote, um Calabar
Tal como um covarde que foge à luta
Autêntico frouxo, medroso do guerrear
Gente que torce contra os brasileiros
Bem que deveria ir morar no exterior
E vivenciar o dia dia dum estrangeiro
Longe da Pátria, em meio a fria dor."
Diz o poeta que brasileiros contra o Brasil são comparáveis a Calabar e que mereciam ir morar no exterior, longe da pátria amada para saber o que é a dor de uma saudade.
Tocado pelos versos do poeta meu sumano, meu pensamento foi direto aos idos de 1985 quando tive encargo de vice-cônsul na Guiana francesa na assistência a imigrantes brasileiros e no combate ao contrabando e outros males do tráfico ilegal transfronteiriço pelo Serviço Exterior Brasileiro no, então, Consulado e hoje Consulado-Geral do Brasil em Caiena, cuja tarefa culminou com a organização e participação da primeira missão comercial oficial do Estado do Pará, em 1989, às regiões francesas da Guadalupe, Martinica e Guiana.
Não é para me gabar, mas os sumanos devem saber que se não fosse um caboco marajoara ter entrado por concurso público em Brasília concorrendo com cerca de cinco mil candidatos e feito carreira de oficial de chancelaria no Ministério das Relações Exteriores, a gente não estaria aqui e agora a contar esta história sem pé nem cabeça.
Portanto, uma derrota acachapante no campo do futebol, onde nosso velho complexo de viralata geme e chora; não deveria envergonhar o bravo Povo Brasileiro mais do que deveria envergonhar a pobreza na margem esquerda do grande Rio Pará, notadamente a miséria da gente do Marajó que, muitas vezes, atravessa a fronteira do Oiapoque causando problemas nas relações Brasil-França com a presença de "refugiados econômicos" no lado do território ultramarino europeu ou Amazônia francesa, como preferir.
Foi assim que, ao retornar a Belém para servir de novo à Comissão Brasileira Demarcadora de Limites, depois de dez anos passados fora, me dediquei ao Marajó como nunca dantes. Agora na cooperação descentralizada de vizinhança fronteiriça entre o Brasil e a França: e desta vez, com certeza, a maior parte dos representantes políticos do povo do Amapá e Marajó não sabe que o importante estado tucuju e o arquipélago marajoara fazem parte da mesma área geocultural das Guianas.
Deixaram para trás a questão do Contestado do Amapá, sem mais lembrar que tudo isto era território da Província do Pará antes de se tornar Território Federal e, portanto, houvesse conhecimento geográfico justo e perfeito seria o caso das ilhas do Marajó ter feito parte integrante do Amapá, como sempre foi há muitas gerações e migrações vindas do Caribe. Por força determinante da geografia amazônica, se acham Amapá e Marajó na faixa de fronteiras Calha Norte, inclusive no que diz respeito ao Mar Territorial e à Lateral Marítima Norte com todas suas oportunidade na Amazônia azul.
E a pobreza das populações ribeirinhas em meio a tanta riqueza natural e cultural não acha explicação? Clama aos céus! Quem nos pede paciência não sabe do que está falando... No falar simples e direto dos cabocos: "é besta ou come merda"...
Falando toda verdade, poucos representantes políticos e funcionários públicos mesmo servindo no Itamaraty, sabem de fato ou estão realmente atentos à situação geoestratégica da área das Guianas e da importância do Golfão Marajoara, na lição de Aziz Ab'Saber; para se interessar com um caso ultraperiférico destes.
Sabe lá onde fica o rio Oiapoque e o que ele tem a ver com a história da gloriosa França e do gigante Brasil no que diz respeito à margem esquerda do Pará, em 400 anos de história, desde a conquista do Maranhão? E o Marajó velho de guerra o que fez aí no passado que ainda hoje está 'criando caso'?
As trovas, certeiras como tubadas de zarabatana de velho nheengaíba, do poeta Farinheiro me fazem pensar o quanto a Copa trouxe em divisas na conta Turismo, além de movimentar a economia com montanhas de aço, cimento e concreto, empregos para arquitetos, engenheiros, operários da construção civil, aquecimento da produção interna de alimentos, bares e restaurantes...
Tudo isto em contraste à evasão de dólares através de turistas brasileiros que antes de ir curtir o estrangeiro precisariam conhecer melhor o próprio País sendo dele no exterior um bom embaixador em fluxo equilibrado de TURISMO internacional.
Pois, antes da Copa, o turismo tupiniquim estava perdendo de goleada para o turismo estrangeiro num fenômeno colateral da emergência da chamada classe média decorrente da política de distribuição de renda, começada com a eleição de Lula para presidência da República, fato que tanto enerva conservadores das capitanias hereditárias. Eles mesmos os maiores propagandistas das maravilhas de primeiro mundo e propagadores do complexo de viralata.
E aqui, no extremo Norte, a rodovia Macapá-Caiena com a ponte do Oiapoque -- até hoje um monumento surrealista supenso sobre as ambiguidades da cooperação franco-brasileira, com a intrigante discriminação de Paris onde brasileiro entra sem visto no passaporte e na fronteira do Oiapoque esse mesmo turista não pode ir a Caiena sem obrigação de visto --, mas a ligação Amapá-Guiana poderia ser um belo atalho ECOTURÍSTICO integrado à Rota Turística Belém-Marajó passando pelos centros da "maior ilha fluviomarinha do planeta" através de Afuá. Claro, para quem não conhece o verdadeiro Marajó, com sua cultura milenar, um discurso destes é como falar grego na torcida do Flamengo.
O QUE "CACOS DE ÍNDIO" NO MUSEU DO MARAJÓ TEM A VER COM A ALTA PAROLAGEM ENTRE DIPLOMATAS DO ITAMARATY E DO 'QUAI D'ORSEY'?
O padre Giovanni Gallo (Turim, Itália 1927 - Belém do Pará, Brasil 2003), criador do sui generis MUSEU DO MARAJÓ foi o principal motivo de uma troca de delegações de municipalidades, na primeira década de 90, entre a Guiana francesa e o Marajó. O falecido deputado francês à Assembleia Nacional (Paris), presidente do Conselho-Geral da Guiana (status de governador compatilhado, outrora, com o cargo de presidente do Conselho Regional) e prefeito municipal de Sinnamari, Elie Castor; teve a iniciativa deste inovador intercâmbio.
Elie Castor teve uma biografia e atuação política controversa. Adotava discurso à beira da xenofobia com relação à presença de imigrantes brasileiros: em particular, algumas vezes entre amigos comuns expressei sentimento de indignação à guisa de recado pessoal dizendo uma vez, um tanto exaltado: "foi preciso vir a Caiena para ver um negro nazista"...
Isto foi, evidentemente excessivamente forte e jamais poderia ser dito em público. Aparentemente o recado chegou até o homem forte da ocasião. Quando terminei minha tarefa no consulado e retornei a Belém fui procurado pelo amigo comum que privava da "entourage" do deputado da Guiana dizendo-me ele que monsieur Castor gostaria de conversar comigo no Hotel Hilton Belém. Em resposta disse logo que eu havia guardado "poucas e boas" que não poderia expressar enquanto estive no cargo de vice-cônsul, incluindo aí certas figuras coloniais da "Prefécture" (escalão do governo metropolitano chefiado no departamento pelo Comissário da República, chamado Prefeito).
O amigo comum explicou-me o que eu já sabia: que o deputado usava discurso agradável às autoridades de Paris, mas no fundo tinha em sua comuna empregados brasileiros (certamente, "cladestinos"...). Minha passagem por Caiena daria livro alentado, mas sou pessimista sobre a possibilidade de encontrar editor que o publicasse. Com o fiasco da seleção do Felipão e a precoce partida da seleção francesa, deu-se vontade de produzir este aperitivo virtual de limão Caiena com cachaça de Abaetetuba..
Só para contar do dia em que o "Père Gallô" à frente de numerosa delegação de prefeitos e vereadores do Marajó acompanhados de representante do Ministério da Cultura, Universidade Federal do Pará e do Museu Paraense Emilio Goeldi foi recebido em lugar de honra pelo prefeito de Sinnamari, que o convidou por meu intermédio a ser consultor em projeto de museu municipal nos moldes do Museu do Marajó. E o que o assunto tem a ver com diplomacia, Copa do mundo, imigração clandestina, contrabando, tráfico do que não presta, etecetera e tal...
No último dia 6, neste mesmo blogue marajoara, comecei a provocar discussão sobre a necessidade de campanha MARAJÓ LIVRE DO ANALFABETISMO no quadro eleitoral de 2014 ver http://gentemarajoara.blogspot.com.br/2014/07/analfabetismo-no-marajo-e-ponta.html comentando meu ocasional encontro como o educador Paulo Freire e uma breve experiência minha como alfabetizador em minha querida aldeia de Ponta de Pedras, na ilha do Marajó, pelos fins dos anos 60.
Para muitos alienados misturar futebol e política, ou IDH e analfabetismo; pior imigração e Copa mundial de futebol; seria uma presepada danada. Na verdade, tem muito a ver e foi muito feliz o poeta Jetro Fagundes em tocar na ferida do chamado complexo de viralata do povo brasileiro.
É disto que se trata sobre o Sistema Nacional de Participação Social. Cá estamos participando. Em Caiena, certamente, torcedores brasileiros e guianenses estão tristes pelo desastre da seleção brasileira penta campeã de futebol. Mas, todos sabemos, que o futebol brasileiro vai levantar cabeça.
Enquanto isto, na margem esquerda do Rio Pará a criaturada ignorante de sua própria história sonha em melhorar de vida... Na zona do euro. O padre Gallo já morreu, o Museu do Marajó não está bem; Castor esteve em Cachoeira do Arari, visitou o museu, disse ter visto muitas riquezas em Marajó para quem até Soure só lhe contava história de pobreza... Terminou preso em Paris acusado de corrupção (aparentemente, nada que outros notáveis figurantes do mundo ultramarino não façam) e morreu de infarto na prisão.
Jack Lang amavelmente me presenteou com um exemplar autografado da sua obra biográfica sobre Nelson Mandela, durante fraternal jantar em Soure, na noite de Natal de 2005 depois de reunião com pescadores e convidados do Bispo Dom frei José Luís Azcona; também o eterno Ministro da Cultura de Mitterrand teve a bondade de ler meu pequeno ensaio "Amazônia latina e a terra sem mal", pacientemente ouviu-me falar do Museu do Marajó, Dalcídio Jurandir, uma rota de turismo passando pelas Antilhas e Guianas até Belém para criar alternaticos à imigração clandestina, ao analfabetismo, ao tráfico... Veio, deixou portas abertas, não viu o Museu do Gallo por que São Pedro Safadinho não deixou. E até hoje as autoridade do Pará na capital de costas para o rio continuam fazendo ouvidos de mercador. Giovanni Gallo era daltônico; o Padre grande dos índios Antônio Vieira fez o Sermão aos Peixes acusando-nos todos de estar cegos na Amazônia. Cegos de tanto ver, porém não enxergar a margem esquerda do rio Babel.
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