domingo, 6 de julho de 2014

ANALFABETISMO NO MARAJÓ É A PONTA INVISÍVEL DO 'APARTHEID' SOCIAL QUE O IDH ACUSA.

No ano de 1966, Paulo Freire veio a Belém do Pará: em Ponta de Pedras, ilha do Marajó, Ivo pelejava pra ver a uva, graças ao método de alfabetização de adultos do sábio pernambucano Ivo viu uma tal fruta 'muna'. Daí pra frente tudo foi diferente para o caboco que aprendeu a ser gente e viu que sem ler e escrever não se vale nada...  48 anos depois, com o caroço desta história a Criaturada grande de Dalcídio sonha zerar o analfabetismo e manda recado aos políticos cobrando compromisso aos candidatos de 2014.




aos sumanos
do Movimento Marajó Forte.





HÁ 48 ANOS UM CABOQUINHO INQUIETO POR ACASO VIU E ESCUTOU PAULO FREIRE FALAR NO AUDITÓRIO DA RÁDIO MARAJOARA, LARGO DE NAZARÉ, SOBRE A MALDIÇÃO DO ANALFABETISMO E COMO ACABAR COM A PRAGA. COM ISTO EM MENTE, O CARA IMPROVISOU MÉTODO EXPEDITO PARA ALFABETIZAR ADULTOS NO MARAJÓ. ASSIM, IVO VIU A 'MUNA': DA SEMENTE DESTE DOCE FRUTO SE PODERIA VISLUMBRAR PLANTIO EM SOLO POLITICAMENTE ADUBADO A SER DENOMINADO 
'MARAJOARAS UNIDOS NA ALFABETIZAÇÃO' (MUNA).


O caso é que nosso país gigante, sétima economia do mundo, tira petróleo do pré-sal, faz avião e a Copa das copas de futebol na qual é campeão entre os melhores campeões. Mas, o Brasil não consegue virar o jogo do analfabetismo. E o Pará tão rico e tão forte se apresenta como a vergonha do Norte com o IDH do Marajó.

Na verdade, Marajó -- berço da ecocivilização amazônica de 1600 anos de idade -- é a joia da coroa do Grão-Pará. Logo, em tais circunstâncias o maior arquipélago fluviomarinho da Terra na foz do maior rio do mundo; poderia melhorar o IDH rapidamente, se houvesse vontade política para zerar o analfabetismo como fez a vizinha Bolívia, por exemplo.

Teóricos da educação falam muito em Paulo Freire, mas são escassos efeitos práticos da educação professada por Paulo Freire. Crítico contumaz da famosa cartilha que dizia "Ivo viu a uva", ele voltou-se especialmente à educação de adultos analfabetos. Reconhecia que esta gente é doutor em seu meio ambiente, só que não sabe ler e escrever. Uma vez desatado o nó, o camarada cresce e aparece que é uma beleza.

Ainda assim, muitas vezes, não basta ensinar ler e escrever. Pois por falta de prática a pessoa pode recair. Uma boa campanha de alfabetização de maiores de quinze anos de idade será aquela da educação continuada nos municípios. Certamente, associada a programa de extensão universidade da terceira idade. O mundo dos excluídos da educação deve ser visto como oportunidade para recuperar o tempo perdido, não apenas do ponto de vista do indivíduo mas já como mobilização permanente para a participação social.

Então, pensando, que donos do Poder não querem tirar cabresto do povo -- por medo de cair do cavalo, está claro -- discípulos do famoso puxa-saco profissional Professor Praxedes dominando a "educação", inventaram aquela cartilha enfadonha de emburrecer gente e a palmatória do Diabo para afugentar criança da escola, como se esta fosse esmola e não legítimo DIREITO HUMANO. 

Foi assim que Ivo viu a uva, ficou pateta escolarizado, não viu o tempo passar, viu luzes da cidade e quis engrossar o êxodo rural e ganhar a sorte grande sem trabalhar, imaginou chegar ao poder pela porta do fundo arranjando votos para o andar de cima, que nem burro olhando para as portas do palácio...

O nome Ivo neste caso é fictício para proteger a identidade do sumano que, de verdade, aprendeu a ler e escrever com método expedito baseado na experiência revolucionária de Paulo Freire, mas a história é verdadeira. Ivo representa o pirralho ribeirinho da cartilha velha que deixava molecada mais rude que antes da escola, a soletrar debaixo da santa Férula (palmatória) "Ivo viu a uva"...

Pobre não podia ir pra frente. Uva uma ova!... No Marajó a gente vê açaí, tucumã, taberebá, miriti, bacaba, cupuaçu, bacuri, piquiá, goiaba, essas coisas daqui... O resultado da cartilha velha está espelhado no IDH da brava gente marajoara: que suporta quantidade bruta de 50%, quase, de analfabetos (sem contar analfabetos ditos funcionais, mais os problemáticos analfabetos políticos, que são os piores...).

A história da fruta "muna" se passou quando o caboco que vos fala trabalhava na prefeitura de Ponta de Pedras-Marajó-PA, primeira administração do prefeito Antonico Malato. Entre trabalhadores braçais pagos pelo município número significativo deles "assinava" recibo "a rogo" (isto é, por não saber escrever tinham o polegar melado em tinta de carimbo para imprimir a digital ao lado de assinatura de testemunha, dando fé ao pagamento por serviço avulso).  

Pra falar a verdade, aquilo era uma esculhambação generalizada na administração pública e privada dos Brasis desde tempo da colônia portuguesa, com certeza. Ora, quem iria se preocupar com isto? Paulo Freire, por exemplo, preocupou-se. Mas, acabava sendo uma andorinha só, se não achasse militantes para colocar a ideia em prática. E tanto Paulo Freire aborreceu o poder que a Ditadura o mandou pra fora do Brasil. E a gente aqui, sem saber nada de Paulo Freire e sua exemplar história, ficou assim como está até hoje.

Assinatura "a rogo" era constrangimento "normal" a trabalhadores analfabetos, aumentava o sofrimento do nosso Ivo da história pela discriminação social e gozação ("bulling") dos próprios colegas alienados no trabalho... Aquilo, em Ponta de Pedras, era ainda maior vergonha por ser a terra onde nasceu o maior escritor da Amazônia, premiado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Falando francamente em língua de caboco, "puta merda"!

Dalcídio Jurandir criou o personagem Alfredo testemunhando a vida ribeirinha de sua criaturada danada sem eira nem beira, na sublime esperança de que o grande Marajó desencante mediante levante social e econômico da dita criaturada. Porém o Marajó de verdade é a brava gente marajoara. 

Como desencantar Marajó sem sua gente e sem ela, nem ao menos, conhecer Alfredo e o índio sutil que o criou? Poucos sabem ler e escrever, de fato, naquelas paragens. Não existe Dalcídio para todos, mas apenas para uns poucos bons pensantes. Como disse uma amiga fiel: Dalcídio serviu ao Comunismo, outros camaradas se serviram do Comunismo...

Esta gente ANALFABETA sabe muita história oral e não poucos tem viva MEMÓRIA e sabedoria criativa. Contavam pelas portas do Mercado, no bar do Emérito, Casa da Beira, no trapiche ou canoas à espera de maré, muitos casos do estúrdio apartheid que "normaliza" tontas discriminações, dizendo -- em falso -- que Deus fez o mundo deste jeito desde os começos do tempo.  

Menos verdade, caboco! 

O homem que conhece a realidade da vida é capaz de modificá-la pra melhor. Ou conservar da melhor maneira para que as coisas boas da vida não acabem. Diz-que, rico fazendeiro conhecido das altas rodas da sociedade de Belém, talvez até membro da diretoria da festa de N.S. de Nazaré; ao ter notícia que o prefeito havia nomeado professorazinha leiga pra ensinar o bê-a-bá às proximidades da fazenda, abalou-se em viagem exclusiva para pedir ao alcaide revogação imediata da criação da tal escola (se é que era escola de verdade ou cursinho ribeirinho na própria casa da professora primária). 

Dizendo, então, o distinto senhor fazendeiro ao nobre senhor prefeito, mais ou menos, isto que faria corar um frade de pedra:"se esta gente aprende a ler e escrever, onde vou arranjar vaqueiros?"... Aposto que daria grosso compêndio a coleção de 'causos' semelhantes da história oral de todos dezesseis municípios dos Marajós.

Outro caso da mesma série diz que dois honestos comerciantes amigos, depois da indispensável sesta e mergulho costumeiro nas águas mornas do rio, saíram a andar e filosofar pensado alto em meio a carregadores da feira, diziam eles: "que seria de nós ricos se não existissem os pobres"... Se não é verdade, é provável visto o mísero IDH e alta taxa de analfabetismo da brava gente. 

COMO FOI QUE IVO DESCOBRIU A FRUTA MUNA.

Ouvi Paulo Freire dizer que na construção de Brasília, em poucas semanas, operários antes analfabetos de pai e mãe começavam a ler e a escrever... Para isto, entretanto, uma equipe letrada bateu cabeça para achar uma palavra chave. Esta chave que abriu a porta do saber aos operários da construção da nova Capital foi a palavra TIJOLO. Tijolo esse duma outra construção, agora mental, tendo familia TI-JO-LO... Com o TA -TE - TI - TO - TU e assim por conseguinte. No começo tudo é "letrume". Mas, pouco a pouco, os pedacinhos do letrume TA TE TI TO TU vai desenhando coisas e loisas, como vitamina fazendo efeito e libertando quem se achava prisioneiro e nem via os muros da cadeia...

Aí a guerra está ganha. Primeiramente, por que o analfabeto é um sujeito que sabe muitas coisas que os doutores não sabem. Pelo método da troca "tu me ensina a fazer renda e eu te ensino a namorar" ninguém deve nada a ninguém. São elas por elas. O Ivo da história fica esperto, de tanto coisa que ele nem sabia que sabe...

No caso, o "professor" era um honrado servidor público que depois do expediente, manhã e tarde; saia a alfabetizar meia dúzia de "alunos" no Círculo Operário. Resmas de cartolina e pincel atômico... Muita conversa de lá pra cá, de cá pra lá...

No começo, o diabo foi encontrar a tal palavra chave. Uma palavra como um ramo que liga a árvore toda, mais o chão e a água, o ar com o sol, nuvens e chuvas... Até o infinito. A tal palavra, como toda outra, tem poder. Por isto, quem não sabe ler nem escrever, vive meio por fora da realidade...

Ora, naquelas paragens quem é que não sabe, por exemplo, da farinha de mandioca, nosso pão da terra de todo dia? Mandioca toda gente conhece, mas era preciso uma palavra que lembrasse a farinha, o pirão, a roça, a comida da gente e com tudo isto fosse escrita, sem mais nem menos, com três sílabas. Eureca! MA - NI - VA...

Maniva dá maniçoba, maniva dá na roça, maniva dá dinheiro na agricultura familiar, maniva é forragem para o gado, maniva pode ajudar a combater anemia e desnutrição infantil... Maniva pode até combater ANALFABETISMO. Como foi o caso de Ivo...

No começo foi difícil, caboco é bicho arisco, descendente de índio... Desconfiado que nem o Diabo, ele te diz "sim" quando quer dizer não, "não", quando é talvez; e "talvez" é quase sim... Haja paciência! Dá vontade de desistir... Mas o Ivo logo demonstrou que era líder da turma, ele era analfabeto mas não burro. Burro era quem pensasse passar a perna no sumano Ivo.

Pra encurtar a conversa: devagar, a turma começou a brincar com o "letrume" no quadro... A família da MA NI VA, MA ME MI MO MU se multiplicava em NA NE NI NO NU e VA VE VI VO VU... Sabem jogar dominó? Pois então, pode pegar as "pedras" e fazer diversas combinações... Alguém, por exemplo, achou VI VO e explicou à turma que quem é vivo não está morto e sempre aparece... Outro achou VI VI no quadro do letrume... O que é Vivi? O nome da minha tia... Ela mora aqui? Mora, sim senhor... Ela ainda vive? "Véve"... Por aí a coisa andava, quando Ivo apontou ao quadro e leu tranquilamente MU NA... Muna? Sim, senhor... O que é muna? Uma fruta. O senhor conhece essa fruta? Não, mas o senhor, que é homem viajado, deve conhecer. 

Bem feito! Fiquei devendo esta ao Ivo. Pena que isto foi só uma pequena experiência isolada a fim de saber se o método Paulo Freire funcionaria ou não naquela comunidade. Pena que eu tivesse de ir embora para Brasília, como já estava previsto desde a chegada para servir na prefeitura. Depois o MOBRAL passaria por ali... E mesmo o bendito MOBRAL poderia ter feito efeito se a sociedade local, em vez de avacalhar a guerra com baladeira, tivesse colaborado como devia.

Lembrei-me disto tudo a fim de provocar COMPROMISSO explícito de candidatos às eleições de 2014, em especial ao cargo de governador do Estado do Pará,  zerar o analfabetismo no "maior arquipélago fluviomarinho do planeta". 

É claro que nem o imenso Paulo Freire com toda sua bagagem pôde, ainda, zerar o analfabetismo no Brasil. Não será sozinha a Presidenta da República, nem o Governador, nem o melhor prefeito do mundo; muito menos este contador de estória; que vai debelar tão antigo mal. 

Porém uma união da própria população apoiada pelas autoridades, sim poderemos todos colher uma extraordinária vitória, conquistando mais e mais territórios livres do analfabetismo.

Marajó é um vasto bioma que merece ser reconhecido como reserva da Biosfera, no programa da UNESCO, "O Homem e a Biosfera"; faz elo da Amazônia verde com a Amazônia azul. A pobreza neste um dos 120 consórcios de municípios brasileiros chamados Territórios da Cidadania, é um escândalo nacional. E ainda tem haver de abacaxi para descascar no encalhado PLANO MARAJÓ... 

Por isto, o próximo governador ou mesmo o atual, se quiser ser reeleito, deve dizer direito com todas as letras, o que pensa de tudo isto e o que há de fazer para cortar o mal do apartheid pela raiz:

Delegação composta por professoras de Sergipe, Pernambuco, Maranhão e Pará, veio à Capital Federal para conhecer a parte operacional e pedagógica do Programa DF Alfabetizado

Na manhã desta quarta-feira (14), o secretário de Educação do Distrito Federal, Marcelo Aguiar, acompanhado da subsecretária de Educação Básica, Edileuza Fernandes, receberam a delegação de professoras de Sergipe, Pernambuco, Maranhão e Pará. O motivo da vinda do grupo, que chegou ontem na cidade, foi a grande conquista do DF em ter recebido do Ministério da Educação, o Selo de Território Livre do Analfabetismo, na semana passada. As professoras retornam hoje ao estado de origem.


A coordenadora do Programa Paulo Freire Pernambuco Escolarizado, Janyse Feitosa, explica que a delegação veio a Brasília para se reunir com gestores da área educacional. Segundo ela, o objetivo é conhecer o Programa DF Alfabetizado, que faz parte da iniciativa federal do Programa Brasil Alfabetizado, assim como o Pernambuco Escolarizado. “Viemos conhecer as questões operacionais e pedagógicas do programa realizado pela Secretaria de Educação, trocar experiências e intervir junto ao MEC, a proposição para validar o Selo nos demais municípios que alcançaram acima de 96% do índice de alfabetização”, acrescentou.


O secretário de Educação ressaltou o significado do Selo para a Educação do DF, que para ele é uma vitória, motivo de alegria, fruto de muito trabalho e dedicação dos professores, alfabetizadores e das instituições parceiras. “Temos avançado muito no ensino da rede pública. Concluímos o Currículo da Educação Básica, que antes não havia, e também publicamos o caderno da Educação de Jovens e Adultos. Implementamos a Bolsa-Alfa, na qual asseguramos uma complementação aos beneficiários do Programa Bolsa Família, que estão em processo de alfabetização”, destacou Marcelo Aguiar, sobre algumas ações realizadas pela SEDF.

O Ministério da Educação (MEC) conferiu a Taubaté, no final do mês de maio, o Selo “Município Livre do Analfabetismo”, instituído pelo Decreto nº 6.093/2007, pelo cumprimento da meta de universalizar a alfabetização. O decreto dispõe sobre a reorganização do Programa Brasil Alfabetizado que visa abrangência da alfabetização de jovens e adultos de quinze anos ou mais.


A cidade de Taubaté conseguiu atingir a meta de ensinar mais de 96% da população a ler e escrever, dados comprovados pelo Censo Demográfico do IBGE. E a UNESCO declara ser um território livre de analfabetismo quando este índice da população com mais de 15 anos sabe ler e escrever.

Entre os 207 municípios que receberam o Selo de Município Livre do Analfabetismo em 2014, Taubaté ficou na 51ª posição.

“O recebimento desse selo significa que atendemos a meta estabelecida pela Unesco. Mas, precisamos fazer mais e melhor! Os números são resultados de trabalho árduo e pretendemos sempre ir além. Os indicadores precisam melhorar. Precisamos de índices mais altos na Educação. E não mediremos esforços para tingir metas cada vez mais audaciosas”, diz a Secretária de Educação, Edna Chamon.

Atualmente, além do EJA, Taubaté conta com o Programa ProJovem Urbano e atende 126 jovens de 18 a 29 que não completaram o ensino fundamental.



Como se vê no acima exposto, nós não estamos inventando a roda. O CASO É PRA DEIXAR PRETO NO BRANCO: juramentado no programa de governo. A gente fica contente em saber que o governo do Estado do Pará está estudando, com ajuda do governo do Distrito Federal, o modo de melhor enfrentar a espinhosa questão. Portanto, será fácil ao governador assumir COMPROMISSO que a gente quer, assim que seus concorrentes ao cargo. Porém cumpre dizer, que estar a estudar e como alguém dizer que vai pensar sobre o assunto. E todo mundo diz que pensando morreu um burro...

A realidade nacional mostra que sendo até agora só o Distrito Federal a conquistar o honroso Selo recomendado pela ONU, não é por falta de meios que São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e etc. ainda estão de fora. Portanto, desculpa esfarrapada é que não falta para as coisas se arrastarem como estão, há séculos.

Claro que é falta de vontade política. Ou antes, o embargo tem motivação política... Por exemplo, temos em Belém a Cátedra da UNESCO junto à UFPA se esta Cátedra fosse solicitada pelos prefeitos do Marajó ou pelo governo estadual; poderia convidar países da ORGANIZAÇÃO DO TRATADO DE COOPERAÇÃO AMAZÔNICA (OTCA), com experiência de sucesso na erradicação do analfabetismo, a nos ajudar nesta crucial questão para melhoria imediata do IDH dos municípios do Marajó.

Ora, o "orgulho nacional" -- que se não envergonha do IDH do Marajó -- não aceita pedir ajuda a países "atrasados", por acaso Bolívia, Equador e Venezuela (este principalmente...). Mas, a UFPA, justamente, tem cacife suficiente para dispensar ajuda externa neste assunto... Mas, a bem da verdade, deve reconhecer que estabeleceu seu primeiro campus na ilha do Marajó, em 1986. 

No próximo ano, quando se encerra o prazo das Metas dos Milênio, a UFPA completará 29 anos do programa de interiorização na mesorregião do Marajó. Durante este tempo a UFPA fez coisas importantes em benefício do povo e dos municípios do Marajó, entretanto, infelizmente deixou de fazer coisas básicas que precisavam ser feitas considerando as especificidades de seu campo de atuação.

Verdade seja dita, o atual reitor de UFPA tem demonstrado capacidade e boa vontade de diálogo com a comunidade marajoara nunca dantes visto. Isto é animador: de todo modo, não se espera que a UFPA, nem uma futura universidade federal, venha ser hegemônica ou substituir papel institucional dos mais entes federativos atuantes nesta singular região amazônica. Mas, por sua missão estratégica, notamente através da Extensão; exercer uma indispensável articulação capaz de tornar o TERRITÓRIO FEDERATIVO um agente de integração nacional, promotor do desenvolvimento  regional sustentável, cantado em prosa e verso.

Eu não gosto nem desgosto desta ou daquela autoridade federal, estadual, municipal... Desta ou daquela entidade da sociedade civil, seja empresa, partido, igreja ou Ong. Meu "negócio" é com minha consciência em relação à "Criaturada grande de Dalcídio", a patuleia ribeirinha sem eira nem beira: quem está com ela está comigo, quem for contra me achará em oposição. Claro, minha força é fraca, porém atrapalha. Não consigo ser agradável a todo mundo. 

Digo que a comunidade acadêmica e política paraense é a maior responsável pelo IDH do Povo Marajoara, com destaque à UFPA, a maior e mais antiga universidade do Pará. Só que eu como ex-aluno, um dos fundadores e primeiro vice-presidente da Associação de Amigos da UFPA nunca serei inimigo da UFPA, muito pelo contrário. Se às vezes a critico é porque desejo seu maior sucesso.

Se a UFPA quisesse fazer um gesto de incentivo à COOPERAÇÃO AMAZÔNICA bastaria lembrar que é ela secretaria executiva da quase esquecida "Associação das Universidade da Amazônia (UNAMAZ), a qual pertencerá um dia, no futuro, a sonhada Universidade Federal do Marajó, e por intermédio desta entidade obter a fórmula "mágica" de zerar analfabetismo de adultos.

CONFINTEA, será esta a árvore da Muna?
Na floresta de siglas que abunda no verdevagomundo amazônico é de grande interesse da Criaturada saber do que trata esta coisa. Vai ver que a tal fruta 'muna' dá em pé da árvore Confintea... A diretora-geral da UNESCO Irina Bokova, diplomata da Bulgária (pátria da família paterna da Presidenta Dilma Vana Rousseff), veio a Belém e recepcionada pela governadora Ana Júnia plantou uma árvore na área verde externa do HANGAR - Centro de Convenções da Amazônia... Pena que está árvore onde a muna poderia fruticar, não tenha sido um pé de planta nativa da Floresta Amazônica, como, por exemplo, andirobeira ou copaíba; mas um vulgar pé de Eucalipto.  

A árvore simbólica da Confintea na Amazônia deve ser planta nativa e não exemplar de analfabetismo ecológico. Agora que talvez o PMDB e PT poderão voltar juntos ao governo seria caso de convidar de novo a Senhora Bukova para relançar a ideia da CONFITEA no Pará, com eleição do Marajó para projeto demonstrativo sob chancela da UNESCO e candidatura da reserva da biosfera ao MaB/Unesco

Em 1997, na Quinta Conferência Internacional
de Educação de Adultos (CONFINTEA V), em Hamburgo – a Declaração de Hamburgo
e a Agenda para o Futuro – reafirmaram o conceito ampliado de educação e aprendizagem ao longo da vida como o princípio fundamental para a maneira em que concebemos e organizamos o processo educativo. Reafirmaram, também, o princípio da educação como direito humano fundamental e universal e destacaram o seu papel para o desenvolvimento humano, socioeconômico e cultural e na busca de um espírito de compreensão e cooperação que permita aos povos da Terra viver em paz.
A educação e aprendizagem de jovens e adultos constituem parte integral dessa referência maior.
Passados 12 anos, a grande maioria dos Estados-membros da UNESCO ainda estava longe de cumprir a agenda estabelecida em Hamburgo.  Hoje são passado 17 anos...
Então, em dezembro de 2009, a comunidade internacional se reuniu em Belém do Pará  na CONFINTEA VI a fim de discutir o Marco de Ação que serviria de referência para a educação e aprendizagem de jovens e adultos em âmbito global. Cinco anos depois, o IDH do Marajó é um triste retrato da ineficiência desta e outras solenidades em nome do Povo.


A iniciativa MARAJOARAS UNIDOS NA ALFABETIZAÇÃO (MUNA) é uma proposição unificadora dos movimentos sociais da comunidade marajoara em torno da Educação Ribeirinha (da alfabetização de adultos, passando pela Alfabetização de crianças até a campanha para criação da futura Universidade Federal do Marajó). 

Melhor dizendo, a ideia de um pacto entre governo e sociedade para obter para a mesorregião do Marajó o SELO TERRITÓRIO LIVRE DO ANALFABETISMO a ser atribuído pelo Ministério da Educação. Justo quando vem de ser aprovado o Sistema Nacional de Participação Social. Doravante, a critica ao governo é livre, mas não vale só falar por falar. Quem topa levanta a mão!

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