quarta-feira, 2 de julho de 2014

O POVO NÃO SABE VOTAR, NEM COMO EM SEU NOME OS NOBRES DEPUTADOS VOTAM.




Pelé disse: "O povo brasileiro não está preparado para votar, por falta de prática e de educação. Vota mais por amizade". O rei do futebol falou isto na ditadura e quando a democracia voltou ele não mostrou lá grande coisa para o povo aprender a votar. Isto é triste por tudo quando Pelé e o popular esporte bretão representam para o povo brasileiro.

Mané Garrincha, a "alegria do povo" acabou vencido pela doença assim como o doutor Sócrates, que sabia jogar e votar, mas apesar de médico não foi melhor exemplo aos jovens sobre consumo de álcool, que junto ao cigarro é droga "leve" que abre a porta às drogas pesadas.

Pelé, Garrincha e Sócrates descontadas suas fraquezas e contradições, são ídolos populares que podem servir de lição no jogo de futebol e da política.


DUAS VEZES FUI CANDIDATO A CARGO ELETIVO: HOJE
SOU GRATO A QUEM SUFRAGOU MEU NOME E MUITO MAIS A QUEM POR QUALQUER MOTIVO NÃO VOTOU EM MIM.

Agora sei que para fazer Política não precisa ser eleito para coisa nenhuma. Basta ser Cidadão de verdade. Explico-me: no verdor da mocidade pensei um dia que bastava ser honesto, trabalhador e um pouquinho esclarecido para ser bom político. No futebol fui um dos mais teimosos pernas de pau... Batendo bola em pelada de subúrbio, notável analfabeto político e migrante do êxodo rural do Marajó em Belém, quando dei por mim me tinha tornado "estudante profissional" num movimento patriótico de extrema direita...

O patrocinador do time "Águia Branca" era galinha verde e o clube uma arapuca pra pegar patinho feio e ignorante da política, tudo em nome de "Deus, Pátria e Família"... Felizmente Deus é brasileiro e o Brasil bagunça a colonização de corações e mentes. Quando veio a eleição de 1960, sob o manto conciliador do falecido PSD direita e esquerda se encontravam no mesmo palanque e assim pude inaugurar a pajelança revolucionária, convidando para debate frontal no ninho integralista a juventude comunista!

Aquele feito, apesar de modesto, foi memorável! Pois os jovens então identificaram-se uns com os outros em grande parte com os mesmos anseios independentes dos "ismos" de seus velhos mentores... Então, tive a honra de ser expulso do ninho galinha verde como "perigoso agitador do comunismo internacional". 

O diabo é que eu não sabia do que tratava o tal comunismo internacional e minhas curtas viagens até então eram só e só municipais... Comigo uma boa parte de incautos estudantes caiu fora cada um para seu canto, e fomos cuidar de fazer coisa melhor na vida. Acabei sendo repórter policial no breve "Jornal do Dia" e como isto fosse coisa extraordinária na minha aldeia, logo me vi envolvido pela política local. Sempre querendo mudar a velha ordem das coisas para melhor.

Os moços de hoje não podem imaginar o que era ser desempregado e sem oportunidade de estudo na periferia da Periferia. Comecei minha carreira pública aos 23 anos de idade, disputando cargo de vice-prefeito na tentativa de eleger um veterano e respeitável ex-prefeito de Ponta de Pedras em eleição de 1961. Fui logo assumindo meu honrado papel de Quixote o qual na velhice me enche de orgulho. No fim da campanha o improvisado "Partido Rebelde" (da sigla PR, do velho Partido Republicano fundado pelo parlamentarista gaúcho Raul Pilla) conseguiu eleger uma vereadora, Dora Boulhosa; e colaborado para derrotar a oligarquia do PSD que durava há, praticamente, 30 anos... Mas, eu além de não ser eleito, perdi o emprego em Belém, na reportagem.

Fosse como fosse, por amizade ou por que seria interessante me ver longe da terrinha, Antonio Ramos, genro do chefe político e ex-prefeito Pedro Boulhosa Sobrinho derrotado na eleição municipal de 1961; indicou-me para ser secretário da prefeitura de Faro. Sou muito grato por isto. Pois esqueceram de mim quando eu estava nos confins do Pará com o Amazonas, não tão longe da fronteira com a Guiana ex-inglesa, quando começou a caça aos comunistas...

Amigos presos
Amigos sumindo assim
Prá nunca mais
Tais recordações
Retratos do mal em si
Melhor é deixar prá trás...
Não, não chore mais
Não, não chore mais
Oh! Oh!
Não, não chore mais
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não, não chore mais
Hê! Hê!...

("Não Chore Mais (No Woman, No Cry" - Gilberto Gil).

Por acaso, em Faro conheci o coronel Jarbas Passarinho, no governo do Pará, que chegou lá em campanha eleitoral para eleger Alacid Nunes governador. Fui incumbido pelo prefeito Wladimir da Costa Rossy a fazer o discurso oficial de recepção ao governador do estado. Acho que foi interessante pois que, fugindo do puxa-saquismo de costume aproveitei para chamar atenção a oportunidades que o afastado município oferecia. Na despedida ao prefeito, Jarbas deixou oferecida ao secretário municipal uma bolsa de estudo em cooperativismo nos Estados Unidos. Por diversos motivos não fui, mas quando outras vezes nos encontramos em Brasília e ele era o todo poderoso ministro do regime militar, sempre tive bom tratamento de sua parte que não esquecia do "homem do discurso" às margens do longínquo Nhamundá...

Velho amigo de minha família, o veterano jornalista anticomunista e ultra conservador João Malato era crítico constante de Jarbas Passarinho, que ele considerava "melancia" (verde por fora e vermelho por dentro). Em uma rara conversa em Mangabeira disse-me ele, primeiramente que admirava o ditador português Oliveira Salazar e que se Jango triunfasse ele iria mudar-se de mala e cuia para a colônia em Angola... Disse que gostava de mim por ser eu um "comunista franco e leal", não dissimulado como o Jarbas... 

Diacho! Adiantava eu dizer sim ou não? Ora, se os que me conheciam diziam que meu modo de ser é 'comunista', por que não ser? Afinal de contas, um comunista em construção. Ou melhor, comunista marajoara por geração espontânea. Até o padre Guido que aparentemente era meu amigo e incentivador no teatro, teria dito a terceiros "cuidado com esse rapaz, que ele é comunista..." Será que o padre disse isto de verdade? Ou por que convinha a alguns me malquistar com o pároco e lhe foram dizer tal invencionice? Ou talvez, ser comunista era querer cooperativa de pesca em Mangabeira e reforma agrária em toda nação brasileira...

Passados cinco anos da aventura juvenil de 1961, eis que ao chegar em Belém vindo do Baixo Amazonas encontro mensagem do prefeito eleito de Ponta de Pedras, Antonio Malato convidando-me a trabalhar na prefeitura. Foi o cumprimento de uma promessa. Mais conhecido como Antonico, fora ele escolhido pela oligarquia para ser sucessor do tio de sua esposa no governo municipal. Não havia mais que dois partidos no município: o partido de Pedro Boulhosa, que atendia pela sigla PSD de apoio ao baratismo; e o partido do Contra (vulgo PTB) chefiado pelo deputado Romeu Santos... Foi vislumbrando surgimento duma terceira via que a candidatura de Fango Fontes se apresentou: o PR não havia mesmo nenhuma possibilidade de tirar votos de um lado ou outro, mas de toda maneira pela falta de estrutura e forte dose de loucura atraiu espontaneamente os não muitos dependentes dos donos do poder e algum compositor 'cachacista', não demorou zoar pelas ruas, de boca em boca, um merengue arretado anunciando "Fango, Varela e Dora, Fango, Varela e Dora, Fango, Varela e Dora"... 

Afinal, o "partido rebelde" não tinha votos nem dinheiro pra propaganda e "compra" de cabos eleitorais à caça de votos. Mas havia graça e popularidade como uma festa cívica. Bem depressa as pessoas entenderam ser possível mudar alguma coisa. O PR não era a mudança, mas o anúncio da mudança que veio, enfim, com o PTB. E com ele, precocemente, a crise na qual o prefeito eleito Nhorito Noronha foi defenestrado por intervenção do governador Jarbas Passarinho dando uma de Salomão. 

Mas, Nhorito Noronha, que havia sustentado três campanhas contra o PSD a partir da candidatura de Idalgino Pamplona, do Alto Arari, estava literalmente arruinado. E ainda passava por ter cometido desfalque, com sumiço misterioso de certa importância em dinheiro, contado na boca do cofre, na noite de véspera duma comissão de investigação...

É dizer: lugar pequeno, inferno grande... Onde boi voa! Fosse como fosse seria prudente o próximo tesoureiro trocar o segredo do cofre e verificar a chave-geral de acesso à prefeitura, sobretudo, durante horas mortas quando as visagens costumam sair do velho cemitério para assombrar os vivos.

Nas idas e voltas do prefeito reconduzido pela Justiça, assumi certa vez cargo de secretário do prefeito Nhorito. Pelo que parece isto serviu para Antonico tomar decisão, pois sendo ele compadre de meu pai e tendo perdido a eleição de 1961, justamente para Nhorito, encontrou-se comigo logo após a apuração dizendo-me. "José, eu não sabia que tu gostas de política... Porém eu vou ser prefeito na próxima oportunidade e onde estiveres vou te mandar buscar para trabalhar comigo". Assim foi de fato.

Consta que Pedro Boulhosa ficou possesso quando lhe disseram que Antonico mandou chamar "o filho do Rodolfo" para secretário da prefeitura. Não posso dizer se foi verdade, mas diz-que o patriarca perdeu a esportiva, exclamando "aquele moleque comunista!"... Certo é que as relações entre os dois velhos amigos de antes não foram mais as mesmas. Era fatal, Antonico sempre cordato e prestativo no Cartório Malato não aceitaria mais uma tutela política que havia encerrado seu tempo de uso. Na verdade, a derrota de Antonico em 1961, libertou Antonico para vitória de 1965 e assim sem mais outro comando de que de sua própria consciência ficar na história dos melhores prefeitos que o município já teve até hoje. Não estou a exagerar. Naquele tempo, saído por aposentadoria do cartório Antonico não havia experiência administrativo, porém tino ético e discernimento político competente. Por dois breves anos fizemos uma dupla que criou base de reforma administrativa e política que se resumiu no primeiro Plano de Aplicação de Recursos (1966-1969), apresentado por município do interior ao Governo do Estado do Pará. Muito mais se poderia dizer, como por exemplo, o primeiro orçamento participativo municipal no Pará.

Também não sei se foi verdade que 'seu' Pedro, de fato, deu ordens ao delegado de polícia para me prender sol falsa acusação de perturbação da ordem pública. Só sei que minha avó recebeu recado de um familiar do prefeito para que eu não voltasse a Ponta de Pedras sob risco de sofrer violência. Tomei o recado como intimidação vazia e cuidei de voltar desafiando a ameaça com testemunha e na condição de repórter, acompanhando equipe de futebol do hoje extinto SNAPP em visita esportiva ao município.

Nunca ataquei a honra de quem quer que seja, nem desrespeitei nenhuma autoridade constituída conforme a Lei. Mas, separando a pessoa física da função política por ela desempenhada, também jamais confundi superior hierárquico com senhor ou patrão. Disto eu posso me gabar. E, para terminar, não tive ódio nem rancor pelos que, na história, estavam ou estão no outro lado no campo da luta de classes. "Seu" Pedro, por exemplo, era bom homem em seu tempo e o mal que, por acaso, ele fez como outros oligárquicas da sua época, jamais lhe passou pela cabeça fosse causa de desgraça de tantos que dele dependiam.

Esta ignorância política agora não lhe sirva de pena. Depois que o moleque ficou homem e o tempo passou, ainda tive oportunidade de cumprimentar o velho fazendeiro descendente do imigrante galego José Ventura, uma única vez, no porto da cidade ao chegar eu da Capital ele me estendeu a mão, pronta e gentilmente, como se jamais houvera encrenca entre nossas duas gerações. Seus olhos azuis serenos me lembraram meu avô galego. E pude, então, ver que apesar de tudo o que conta na vida são os gestos de consideração e de respeito humano. Acredito ter dado o bom combate, sem nunca perder a ternura.

 POR QUE ESCREVER ESTAS COISAS TANTOS ANOS DEPOIS?

Cheio de esperança mais de um sumano amigo e camarada foi lançado candidato às próximas eleições ao Palácio Cabanagem, vulgo Alepa; eu lhes desejo boa sorte do fundo do coração. Ao saber de jovens vocações que se arriscam ao mundo sujo da política me vi no espelho da memória. Eu acredito na rapaziada...

O que não acredito é no sistema perverso de financiamento de campanha por empresas, que aí está como denuncia o livro do Juiz Márlon Reis. Um sistema CORRUPTOR que rouba o futuro do país e não permite desenvolvimento de novas vocações políticas com as qualidades que os eleitores esperam e necessitam. É aquela coisa, ajoelhou tem que rezar...

Já estou na faixa dos idosos do voto facultativo em companhia de jovens entre 16 e 18 anos de idade e de ANALFABETOS. Escrevo, assim, ANALFABETOS em caixa alta para lembrar a vergonha nacional do analfabetismo na sétima maior economia do mundo e também para expressar que a desgraça do Brasil não é culpa destes ANALFABETOS, mas irresponsabilidade dos ANALFABETOS POLÍTICOS do Voto Obrigatório. Claro, o errado devo ser eu pois até o partido comunista ao qual me filiei é a favor do voto obrigatório... Eu e os camaradas da Venezuela, onde o voto facultativo é um sucesso de participação democrática.

Meu VOTO FACULTATIVO é, primeiramente, a favor da reeleição da Presidenta Dilma. Não que eu veja no governo federal uma das sete maravilhas do mundo... Mas, no panorama que se apresenta é melhor a coalizão PT-PMDB e aliados prosseguir no muito que ainda falta e progredir a DEMOCRACIA PARTICIPATIVA, do que virar à esquerda num campo mundial inteiramente desgovernado e minado. Ou, pior, voltar à direita na estrada que já se sabe como acabou.

Se o voto permitisse emitir nota de aprovação dos candidatos, numa escala de 0 a 10, eu tiraria de Dilma Rousseff dois pontos no que tange aos POVOS TRADICIONAIS e mais dois pontos referente ao MEIO AMBIENTE; donde a nota seria 6... E ainda assim, o governo do PT estaria em vantagem, pois NÃO VEJO NINGUÉM À SUA FRENTE, o que é ruim para o país. 

Sobre candidatos à Câmara Federal e ao Senado vou esperar que me peçam o voto e digam -- com clareza o que pretendem de fato com o mandato --, admitida a provável hipótese de que nenhum candidato me dê trela. Ficaremos elas por elas.

Sobre o cargo de Governador, por enquanto, tenho candidato apenas ao primeiro turno. Será como um VOTO DE PROTESTO. Se não houver segundo turno meu lindo VOTO FACULTATIVO não terá nada a ver com o eleito, que de qualquer maneira, seja lá quem for; desejo o maior sucesso na história política do Estado do Pará em todos os tempos bem bem dos eleitores da maioria democrática, pelo menos.
Agora um conselho aos novatos (se conselho fosse bom não seriam dados..., por isto marqueteiros fazem fortuna). NÃO ACREDITEM EM PROMESSA DE ELEITOR!!!... Esta gente do VOTO OBRIGATÓRIO aprendeu a fazer mercância de votos com os mesmos INFALÍVEIS PROMESSEIROS que se candidatam. E se vingam desta maneira burra e indecente.

Sejam felizes e façam o povo feliz. Aos que não forem eleitos digo que não façam oposição pelo gosto do contra, mas se for caso de opor-se aos eleitos façam isto com o devido respeito humano e político. E lembrem-se, quem é eleito é para todos eleitores e não eleitores.

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