sexta-feira, 15 de abril de 2011

FEDERALIZAR O NOSSO MUSEU, JÁ!


Um Museu no Marajó?

Quantas pessoas disseram que foi uma loucura montar um museu no meio dos campos do Marajó, ainda mais que a localidade escolhida, Cachoeira do Arari, não é conhecida e badalada como Soure ou Salvaterra, e sim bastante modesta. De fato, quando começamos, a cidade tinha um precário acesso pelo rio, não adequado para um projeto turístico deste porte.

O serviço telefônico era mais que precário, o abastecimento de água também, a energia elétrica só poucas horas por dia, e com muitos blecautes .

Para completar: falta de hotel e outras estruturas complementares, e qualquer estrutura turística. Mas o MUSEU DO MARAJÓ escolheu Cachoeira, recusando ao longo destes anos outras opções tentadoras, porque a nossa filosofia sempre foi dominada por aquele mesmo princípio: a preocupação fundamental pelo Homem, não somente como assunto de pesquisa, mas também como meta e objetivo.

A PA-154, estrada de ligação por terra de Cachoeira com a baía e as cidades de Salvaterra e Soure, não passava de um sonho. Agora, só falta um gesto de carinho do Governo para salvar o MUSEU DO MARAJÓ e garantir um futuro melhor para as comunidades da bacia do Arari.

No nosso Museu o Homem marajoara é doador e receptor. Ele é a maior fonte de informação e ao mesmo tempo o maior beneficiado.



Nesta perspectiva, o nosso Museu tem um ciclo completo:

• Nasce da comunidade,

• Cresce com a comunidade,

• E volta à comunidade.

Agora é fácil entender porque o Museu aceitou o desafio de escolher um lugar carente das infra-estruturas essenciais.

Porque assumiu o compromisso de promover estas infra-estruturas, provocando o desenvolvimento do Homem através da Cultura.

(a.) Giovanni Gallo


   
O MUSEU DO MARAJÓ nasceu de modo informal em 1972, na cidade de Santa Cruz do Arari. Em 1984, foi instalado no prédio de antiga indústria de extração de óleo vegetal em Cachoeira do Arari, onde permanece até hoje.
(Ver +)

 

 

CARTA DO ESCRITOR JORGE AMADO A GIOVANNI GALLO

Salvador, 22 de novembro de 1989

O Museu do MARAJÓ

Cachoeira do Arari

Marajó – Pará

 

Prezado

Pde. Giovanni Gallo,

         Tendo chegado ao meu conhecimento pelo casal Steiner, nossos amigos, o seu trabalho em preservar a cultura indígena da cerâmica marajoara, com o uso e os costumes desse povo, quero parabenisa-lo (sic) pela feliz escolha da cidade de Cachoeira do Arari, como centro de suas atividades.

         Terra de Dalcidio Jurandir, escritor por mim considerado um dos maiores romancista (sic) contemporâneo e estilista inconfundível, da nossa literatura regionalista.

         A implantação deste museu, em moldes modernos, que irá atuar no aprimoramento da educação dos jovens, e proporcionar uma gama de informações aos estudiosos, que necessariamente, irão compulsar os seus arquivos e pesquisar nas suas coleções, é um trabalho de inestimável valor cultural, na divulgação do Marajó, tendo como seu principal objetivo, o homem marajoara, dando-lhe o impulsionamento decisivo da liberdade pela força do seu trabalho.

         Na certeza de que muito contribuirá, para reverenciarmos na sua terra natal, a memória de Dalcidio Jurandir.

         Atenciosamente.

         (a,) Jorge Amado

(transcrita de fac-símile com autógrafo do autor na revista PZZ edição nº 11, página 66).

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