memorial da Cabanagem (obra de Oscar Niemeyer em Belém do Pará)
No dia 20 de dezembro de 1994, há 18 anos; na Pro-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará; UFPA um pequeno grupo de quixotes sob batuta do Pro-Reitor Camilo Vianna, reuniu-se para organizar o décimo "Encontro em Defesa do Marajó", que aconteceu na cidade de Ponta de Pedras, no ano seguinte.
Os encontros tiveram início com o professor Marcondes Magalhães no campus Marajó da UFPA levando atividades de educação ambiental à rede escolar da ilha. Camilo, por sua vez, foi pioneiro do CRUTAC no Marajó e tendo chegado à Pro-Reitoria impulsionou os ditos encontros com participação da SOPREN inclusive.
Assim surgiu a ideia de tornar os encontros anuais em atividade permanente e alargar a atuação para além da educação ambiental com voluntariado ali batizado, desde então, de Grupo em Defesa do Marajó (GDM). Em reunião realizada no auditório "Braz de Aguiar" da Primeira Comissão Demarcadora de Limites (PCDL), o GDM recebeu adesões significativas dentre a sociedade marajoara e paraense. Citando de memória, com risco de esquecimento; lá estiveram além do decano dos ambientalistas amazônicos Camilo Viana, o pesquisador do Museu Goeldi Horácio Higuchi; Hildegardo Nunes, Teo Azevedo, Franklin Rabelo, Ruy Maroja, Elói e Alonso Lins muitos outros.
O décimo e último "Encontro" começou no CENTUR em Belém, no dia 28 e encerrou-se em Ponta de Pedras no dia de aniversário do município, 30/04/1995, com assinatura da Carta do Marajó-Açu contando com a presença dos prefeitos municipais Pedro Lucena, de Cachoeira do Arari; e Bernardino Ribeiro, de Ponta de Pedras.
Este documento nós consideramos como resultado direto da extensão e interiorização da UFPA no Marajó, malgrado as autoridades acadêmicas seguintes não terem dado mostra de reconhecimento do trabalho realizado e apoio para consolidá-lo.
Este documento nós consideramos como resultado direto da extensão e interiorização da UFPA no Marajó, malgrado as autoridades acadêmicas seguintes não terem dado mostra de reconhecimento do trabalho realizado e apoio para consolidá-lo.
Um dos resultados práticos do referido documento foi a SECULT convocar logo após ao encontro de Ponta Pedras reunião em Belém com participação do GDM, Museu do Marajó, Museu Goeldi, Ministério Público e Polícia Federal afim de coibir contrabandos de cerâmica arqueológica e extração ilegal de peças dos tesos na ilha do Marajó.
Era opinião generalizada que sítios arqueológicos achados em terras de fazenda de criação de gado pertenciam ao proprietário. Então a SECULT, em atendimento ao GDM, fez esclarecimento da população através da imprensa e detentores de peças e coleções foram advertidos de que se encontravam, juridicamente, de posse de bens da União sob condição de fiel depositário.
Era opinião generalizada que sítios arqueológicos achados em terras de fazenda de criação de gado pertenciam ao proprietário. Então a SECULT, em atendimento ao GDM, fez esclarecimento da população através da imprensa e detentores de peças e coleções foram advertidos de que se encontravam, juridicamente, de posse de bens da União sob condição de fiel depositário.
No ponto de vista histórico das demandas da comunidade marajoara a Carta em apreço deve ser situada como base para o documento eclesial de março de 1999 denunciando a extrema pobreza da população; quando os bispos da Diocese de Ponta de Pedras e Prelazia do Marajó o assinaram com apresentação de representante do GDM, como poderá ser eventualmente verificado.
Como sabem observadores do panorama socioambiental das ilhas, o supracitado documento social da igreja católica foi justificativa da demanda popular da qual os bispos foram porta-voz junto ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; resultando desta demanda a criação do Grupo Interministerial de Acompanhamento de Ações no Arquipálago do Marajó (GEI-Marajó), em 2006, na Casa CiviL.
Do GEI-Marajó em parceria federativa com o Estado do Pará, Municípios e sociedade civil; saíram o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó (PLANO MARAJÓ), Projeto NOSSA VÁRZEA de regularização fundiária de terrenos de marinha; em 2007; e Programa Território da Cidadania - Marajó. Um conjunto de políticas públicas que, se na verdade, ainda deixam a desejar; criaram precedente apontado ao rumo que doravante deve ser perseguido até o que determina o Parágrafo 2º, da alínea VI, do Artigo 13 da Constituição do Estado do Pará concernente à inclusão socioeconômica da gente marajoara no desenvolvimento regional.
Do GEI-Marajó em parceria federativa com o Estado do Pará, Municípios e sociedade civil; saíram o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó (PLANO MARAJÓ), Projeto NOSSA VÁRZEA de regularização fundiária de terrenos de marinha; em 2007; e Programa Território da Cidadania - Marajó. Um conjunto de políticas públicas que, se na verdade, ainda deixam a desejar; criaram precedente apontado ao rumo que doravante deve ser perseguido até o que determina o Parágrafo 2º, da alínea VI, do Artigo 13 da Constituição do Estado do Pará concernente à inclusão socioeconômica da gente marajoara no desenvolvimento regional.
O GDM ao longo destes dezoito anos recusou papel formal de "fazedor de coisas"... Posto que deliberou no sentido de "não fazer nada", para em qualidade de cidadãos voluntários cobrar ação dos que foram eleitos e pagos para fazer devidamente as coisas de interesse púbico. Insistiu, muitas vezes, em apenas aparecer com uns poucos gatos pingados a fim de despertar e mobilizar muitos, sem jamais cobrar pelos louros da vitória.
Neste aniversário de maioridade, os sobreviventes das primeiras horas do GDM estão prontos a virar a página para fundir este grupo ao Movimento Marajó Forte ou em que vier mais tarde na luta para criação da UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARAJÓ.
Neste aniversário de maioridade, os sobreviventes das primeiras horas do GDM estão prontos a virar a página para fundir este grupo ao Movimento Marajó Forte ou em que vier mais tarde na luta para criação da UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARAJÓ.
Aqui vai um singelo registro a fim de que a data não passe em brancas nuvens. Evocamos o memorial da Cabanagem, na foto acima, lembrando que os marajoara - antes mesmo do descobrimento do Brasil - foram as primeiras vítimas da escravidão dos índios na América do Sul. Que, portanto, a luta dos cabanos donde muitos marajoaras pagaram com a própria vida, é a mesma de nossos dias em busca de justiça,igualdade e liberdade sob figura radiosa da Cidadania.
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